Topo

Crimes de Bibi em "A Força do Querer" dariam pena de mais de 100 anos

Glória Perez mostra Bibi (Juliana Paes) transformada em "A Força do Querer" - Reprodução/Instagram
Glória Perez mostra Bibi (Juliana Paes) transformada em "A Força do Querer" Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, no Rio

10/10/2017 04h00

Na reta final de "A Força do Querer", Bibi (Juliana Paes) mal lembra aquela estudante de Direito iludida pelas mentiras de Rubinho (Emílio Dantas). Gradativamente, ela se deslumbrou com o mundo de luxo e poder proporcionado pelo tráfico de drogas e conquistou o apelido de Perigosa cometendo crime atrás de crime.

Na novela de Gloria Perez, que termina no próximo dia 20, a polícia não consegue evidências suficientes para prendê-la, mas com uma ficha corrida como a dela, a pena não seria nada branda.

A pedido do UOL, os delegados Vinicius Domingos e Gustavo Castro, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), do Rio, analisaram vários atos ilegais da personagem listados abaixo.

"Todos estes crimes podem levar a uma pena máxima de mais de 114 anos", calcula Domingos.

"Analisando as condutas realizadas por Bibi, os fatos configuram, em tese, diversos crimes da lei de drogas, organização criminosa e estatuto do desarmamento, além de um passeio pelo código penal", afirma o delegado.

Segundo ele, a trajetória da protagonista - que é inspirada na história de Fabiana Escobar, que foi casada durante 14 anos com Saulo de Sá Silva, o traficante Saulo da Rocinha, conhecido como Barão do Pó - é similar à de vários casos que ele presencia.

"Ainda que pareça algo lúdico e do mundo das artes, a verdade é que esta realidade trazida pela novela guarda estreita relação com a realidade na maioria das favelas cariocas. Jovens mulheres, que se envolvem com os chefes do tráfico, muitas vezes ultrapassam a linha da lei e se tornam verdadeiras criminosas", analisa.

  • Reprodução/GShow

    Incêndio

    O primeiro ato criminoso de Bibi aconteceu quando ela ainda acreditava na inocência de Rubinho. Antes de comprovar o envolvimento de seu marido com o tráfico, a manicure resolveu protegê-lo das acusações de Jeiza (Paolla Oliveira) e resolveu colocar no fogo no restaurante de Dantas (Edson Celulari), onde o traficante trabalhou como garçom, para evitar a descoberta de alguma possível prova contra ele. Segundo os delegados, a ação configura crime de incêndio e delito de fraude processual (artigos 250 e 347 do Código Penal). Segundo o site Notícias da TV, este crime é o que levará Bibi para a prisão no último capítulo: ela confessa o incêndio e cumpre pena, cumprindo seu caminho de redenção.

  • Reprodução/GShow

    Drogas

    Não demorou muito para Bibi entrar nos negócios de Rubinho e seus comparsas. Com o marido preso e precisando se livrar de uma dívida, ela recuperou 30 quilos de maconha que estavam enterrados no morro (e acabaram mofando) e negociou a venda da droga, ação que foi elogiada por Sabiá (Jonathan Azevedo). Seria o suficiente para enquadrá-la por crime de tráfico e associação ao tráfico armado (artigos 33 e 35 C/C 40 IV da Lei de Drogas). No entanto, a filha de Aurora (Elizângela) será absolvida dessa acusação.

  • Fábio Rocha/TV Globo

    Fuga

    Bibi fingiu até uma gravidez para ajudar Rubinho a fugir da cadeia, o que configura facilitação de fuga de preso (artigo 351 do Código Penal). A manicure escondeu R$ 2.000 em sua roupa, em uma barriga falsa, para levar o dinheiro até o presídio e ainda acompanhou toda a movimentação arquitetada pelos traficantes para o resgate.

  • Reprodução/TV Globo

    Porte de arma

    Crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (artigo 16 do Estatuto do Desarmamento), outra acusação que poderia entrar na ficha de Bibi. Um dos momentos em que ela empunha uma arma é quando tenta fugir no porta-malas de Silvana (Lilia Cabral), e a arquiteta vira refém de uma dupla de assaltantes. A mãe de Dedé (João Bravo) atira e afugenta os bandidos.

  • Reprodução/Gshow

    Munição

    Mais uma vez a pedido do marido, Bibi faz outro serviço para o tráfico. Ela vai até o endereço informado por Rubinho, encontra um comparsa do bando e acaba tendo que fazer o transporte de munição até o morro para Sabiá. Ela ainda passa por momentos de tensão ao cruzar com uma blitz no meio do caminho. "É mais uma conduta que contribui para a tipificação global do crime de compor organização criminosa armada, artigo 2 parágrafo 2 da lei 12.850", explica Domingos.

  • Reprodução/TV Globo

    Negócio de armas

    Bibi também poderia responder por comércio ilegal de arma de fogo (artigo 17 do Estatuto do Desarmamento). A Perigosa se prontifica a levar um carregamento de armas para a facção, quando Rubinho comenta com a mulher que precisa buscar alguns fuzis e vender para Sabiá (Jonathan Azevedo). No entanto, ele afirma não ter ninguém de confiança para realizar o serviço, e ela se oferece. Não só transporta o carregamento como tira satisfação com o vendedor, que tenta enganá-la ao tentar entregar um fuzil a menos.

  • Montagem/Reprodução/TV Globo

    Tiros em Jeiza

    Bibi também honrou o apelido de Perigosa ao ficar frente a frente com sua maior rival, Jeiza, durante um tiroteio no Morro do Beco. Sem pensar duas vezes, ela atira na major e foge. No caminho, ainda armada, invade a casa de uma moradora e rouba o uniforme de gari do marido da vítima para se disfarçar. Segundo Domingos, aqui pesam contra ela tentativa de homicídio qualificado contra agente policial (artigo 121 parágrafo 2 inciso VII do Código Penal) e o delito roubo majorado pelo uso de arma (artigo 157 parágrafo 2 inciso I do Código Penal).