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Ministério Público abre ação contra a Globo por esponja black power do BBB

Do UOL, em São Paulo

03/05/2016 14h01Atualizada em 04/05/2016 09h42

A polêmica esponja com cabelo black power que foi colocada na casa do “BBB16” irá render um processo contra a Globo. O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro anunciou nesta terça-feira (3) que protocolou uma ação civil pública contra a emissora “por dano moral coletivo e discriminação racial” devido ao uso da esponja.

“A representação do cabelo Black Power como esponja de pia faz uma clara alusão ao estereótipo racista do 'cabelo para ariar panela' ou 'cabelo Bombril', servindo apenas para reforçar o preconceito, ainda intrínseco a muitos setores da sociedade, desde a abolição da escravatura”, argumentam os procuradores da República Renato Machado e Ana Padilha Oliveira, autores da ação.

No processo, o MPF pede uma reparação por danos morais coletivos, em um valor não inferior a 0,5% do faturamento do “BBB16”. O órgão ainda pede que a emissora faça uma retratação à população negra, que seria exibida tanto no horário do “BBB” quanto no do “Mais Você”, primeiro programa em que a esponja foi exibida.

Procurada pelo UOL, a Globo disse não ter "conhecimento de ação judicial proposta pelo MPF". Em fevereiro, a emissora informou que havia prestados os esclarecimentos solicitados à época pelo órgão: “Esclarecemos que a esponja citada, representando um dançarino disco dos anos 1970, faz parte de uma coleção que retrata ícones de gerações e culturas diversas, como uma moça descolada dos anos 60, um soldado da guarda inglesa e até a rainha Elizabeth. Estes outros modelos estão sendo colocados na casa conforme as necessidades de uso e já podem ser vistos no ar”.


Entenda o caso
Antes da estreia do “BBB16”, no dia 19 de janeiro, o “Mais Você” exibiu a decoração da cozinha do reality show. Internautas notaram a presença de um boneco-esponja, que imitava a figura de um homem negro com cabelos no estilo black power, e reclamaram nas redes sociais.

As reclamações foram feitas também ao MPF, “sob a alegação de que o objeto reforça um estigma de comparação entre o cabelo crespo e uma esponja de aço e contribui para ofender a imagem do negro no país”, informou a instituição.

A esponja pertence a uma linha produzida produzida por uma empresa britânica, que conta ainda com réplicas da rainha Elizabeth 2ª e da cantora Diana Ross. A fabricante, que já foi alvo de protestos de organizações contra o racismo no Reino Unido, também se manifestou sobre as acusações e afirmou que não vai deixar de vender o objeto. 

"Não temos planos para retirá-lo de nossa gama de produtos", afirmou à BBC Brasil por e-mail a Paladone, na época da polêmica. A empresa ainda afirmou desconhecer os problemas envolvendo o "BBB".

Uso "proibido" na casa

O estudante de filosofia Ronan, que é negro, proibiu os brothers de usarem a peça para lavar a louça. Ele apelidou o boneco de Will e o colocou como enfeite de mesa. "Por que tem que ser um negro? Isso aqui não vai ser usado para lavar nada", afirmou o brother na ocasião. Os confinados também o usaram como microfone em algumas brincadeiras.