Paolla Oliveira fala da complexidade de Jeiza: "Ela não tem uma cara só"
Segundo o colega Raul Gazolla, o soco de Paolla Oliveira é capaz de fazer estrago. Sinal do tanto de dedicação que a Jeiza de "A Força do Querer" tem exigido da atriz, que fez aulas de tiro, treinamento com cão, malhação para ter resistência em cena e uma dieta de praxe para caber nas "roupas embaladas a vácuo" da personagem.
Mas foi só depois de aprender o básico de todas as lutas do MMA, que ajudam na hora de criar as coreografias das lutas na novela, que ela passou a entender um pouco mais do universo da personagem.
"Tinha algum contato, mas agora eu gosto! Assisto dizendo: 'Dá uma chave nele!'. Agora sei os nomes", brinca a atriz. "Quando você conhece um pouco mais é mais fácil. Vi que era mais técnico que eu imaginava, que não é essa coisa de partir para cima do outro. Acho que teve uma época que era assim, no vale tudo, mas existem regras. Agora estou mais afinada", comemora.
Lapidar Jeiza, no entanto, foi o desafio maior para Paolla, que diz ter buscado tons diferentes para um papel multifacetado.
"Meu medo era que ela ficasse dentro dos estereótipos. É fácil colocar coisas nas prateleiras. A policial durona, a lutadora meio masculinizada. Ela tem esse jeito mais descolado, popular, que também podia vir para um estereótipo. Tive medo de ser engavetada em algum lugar. O que eu fiz foi trabalhar com todo meu empenho para transformar essa mulher numa mulher real. Fui procurar conhecer a realidade da profissão, da luta, as dificuldades reais, para fazer essa mulher bastante iluminada, sem uma cara só. Porque aí fica sem graça, e a Jeiza passa longe disso", conta.
Seja pelos cabelos mais loiros ou pelo cuidado com o corpo, a policial vem arrancando elogios do público, inclusive o feminino.
"As mulheres estão muito amarradonas, dizem: 'Você é muito bonita, mas a Jeiza...' (risos). É muito legal ver que é de outra ordem. Meu corpo mudou um pouco sim, a ação me deixa meio atleta, mas faz tempo que não descuido disso. Não treinei o suficiente para saber tudo de luta, teria que treinar anos a fio. Mas como eu sou tinhosa feito a Jeiza aprendi várias coisas e ganhei um pouco de intensidade", conta.
Não é só na persistência que a criadora se enxerga na criatura. Bom caráter como uma mocinha que se preze, Jeiza tem outras qualidades, aponta Paolla. Ser mais ativa é uma delas.
"Normalmente as coisas giram em torno dessa pessoa bom caráter como se ela fosse boba. Nesse caso, existe uma estrutura que ajuda muito na história, que faz com que ela seja ativa e não só sofra as reações. Ela é boa filha, é honesta, gosta do que faz, tem paixão pelas relações. Parece com o que eu pelo menos penso que sou", brinca ela, que garante ter opinião forte como a lutadora. "Respeitar a opinião do outro é legal, mas ter as próprias opiniões é melhor ainda. E aí eu acho que combino com a Jeiza", diz.
Ao definir a personagem, Paolla diz que no topo de sua personalidade está o fato de ser bem resolvida. Em quase todas as áreas, é verdade. "Ela é vulnerável no lugar onde normalmente onde todos nós somos: no coração", afirma.
E talvez seja por isso que a policial se envolve com alguém tão diferente dela, como o bronco Zeca (Marco Pigossi), machista até dizer chega. Contra as previsões da própria intérprete, Jezeica é uma realidade, com torcida própria.
"O sucesso do casal me surpreendeu muito. Tinha essa coisa do namoro de infância com a Ritinha (Isis Valverde), a questão de ter casado, o sofrimento era grande. E a gente sabe como se desenrola a novela. Mas de repente foi acontecendo, foi ficando engraçado. Já shipparam! Casal shippado é casal que deu certo! Se vai até o final é com a Gloria [Perez, autora da novela]", brinca.
"Em novela tudo pode acontecer, mas são caminhos diferentes. Com a Ritinha tem o encantamento, a ingenuidade. A Jeiza é o oposto, se colocando, dizendo o que quer e o que não quer. Seja qual for o lado que o coração dele mandar, vai estar bem servido", diz.
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