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"As pessoas acham que sou aquela 'deusa do sexo'", diz Laura Muller

Laura Muller é sexóloga e trabalha no "Altas Horas" - Reprodução/Instagram
Laura Muller é sexóloga e trabalha no "Altas Horas" Imagem: Reprodução/Instagram

Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo

30/10/2017 15h44

Sexóloga mais famosa do Brasil, a quase sempre reservada Laura Muller disse que falar abertamente sobre o assunto no "Altas Horas", da TV Globo, faz as pessoas pensarem que ela é uma espécie de "deusa do sexo", do tipo que dá "piruetas" na cama, mas admite que tem fragilidades como "qualquer outra mulher".

"Por eu estar ali na TV, nesse espaço falando sobre sexualidade, às vezes, as pessoas acham que eu sou aquela 'deusa do sexo', que eu sei tudo sobre sexo, que eu vou dar piruetas [na cama], mas a gente é tudo igual. Então, existe muita projeção [na cabeça] das pessoas", disse ela ao UOL no sábado (27), pouco antes de dar uma de suas palestras sobre o assunto a pais de alunos do colégio Vittal Brazil, em São Paulo.

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Acostumada a ouvir todo tipo de pergunta cabeluda, quase sempre iniciadas pela introdução "Um amigo meu quer saber...", a jornalista, psicóloga e sexóloga do programa de Serginho Groisman há 10 anos, também admite ouvir muitas cantadas de famosos, mas se apressa em afirmar que não se trata de assédio, mas de "uma forma de se relacionar".

"Eu já recebi algumas cantadas pelos corredores [da Globo], mas também não vou revelar [os nomes]. E não, não é um assédio. É um jeito de se relacionar, enfim, faz parte da vida... E que bom que a gente também pode se relacionar de diversas maneiras. As cantadas que eu recebo são sempre muito respeitosas e tranquilas", ressaltou.

Embora se expresse como poucos, Laura Muller sempre prefere a discrição quando o assunto é sua vida privada. Mas a reportagem tenta.

"Como está o coração?" "Estou solteira!", responde ela, de forma monossilábica. "À procura?" "Hummm, não sei. Eu falei que não ia comentar a minha vida íntima e já estou falando", encerra ela, rindo.

Questionada se já teve alguma relação homossexual, ela se esquiva de maneira delicada. "Eu não gosto de falar muito sobre a minha vida particular --e nem vou falar agora-- porque ela não é para ser modelo de nada. E não é necessariamente se eu tive ou não uma experiência sexual com isso ou com aquilo, com essa ou com aquela outra, que a gente não vai poder empatizar com a diversidade. O que eu posso dizer é que não dá para a gente experimentar tudo na vida, todas as coisas", disse.

Polêmica do MAM

Ao falar sobre sexualidade no ambiente escolar para 250 pessoas, entre pais, funcionários e professores do colégio da zona oeste de São Paulo, a recente polêmica do MAM (Museu de Arte Moderna) e seus desdobramentos não podia ficar de fora. 

Na ocasião, uma criança, acompanhada da mãe, tocou os pés e mãos de um artista nu durante uma performance. A cena foi gravada em vídeo, que viralizou pelas redes sociais e se tornou motivo de protestos, principalmente de movimentos ligados à extrema direita.

A sexóloga avaliou a polêmica como consequência de "um cenário de conservadorismo, desinformação e preconceito" e acrescentou que "cada pai e cada mãe dever ser o principal educador sexual do filho".

"Quando a criança chega aos 6 anos de idade, a escola compartilha isso. Mas em primeiro lugar são os pais, que fazem as regras de quais os valores devem passar para o mundo", disse.

"Do outro lado, a gente precisa entender que arte é arte, e que nudez nas artes (seja da forma que for) existe desde que o mundo é mundo. A gente vive num país conservador, né? A gente vê amostras de conservadorismo em várias situações, como, por exemplo, o absurdo de falarem na 'cura gay'. Eu acho que essas polêmicas retratam um cenário de conservadorismo, desinformação e preconceito".