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Glória Perez lembra morte de Daniella há 25 anos e como a lei mudou

Glória Perez posta fotos da filha, Daniela Perez - Reprodução/Facebook
Glória Perez posta fotos da filha, Daniela Perez Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL

28/12/2017 10h55

Glória Perez não deixou passar em branco este 28 de dezembro, 25 anos da morte da filha, Daniella Perez. A atriz foi assassinada em 1992 a golpes de tesoura por Guilherme de Pádua, com quem fazia par romântico em "De Corpo e Alma". 

Em seu Facebook, Glória relembrou o caso e como a lei mudou depois dele, já que na época homicídio não era considerado crime hediondo. A novelista contou que, com a ajuda de um advogado, fez uma emenda que foi assinada no Brasil todo, de mão em mão.

"25 anos é menos que 25 dias, que 25 horas, que 25 segundos. Filho não se conjuga no passado! Em 1992, as leis penais eram ainda mais frouxas. Matar não dava cadeia: assassinos tinham direito de esperar, em liberdade, por um julgamento que podia ser adiado indefinidamente — bastava ter advogados que soubessem explorar as brechas da lei e utilizar o número infinito de recursos disponíveis para atrasar o andamento dos processos. A não ser que o crime cometido estivesse elencado na Lei dos crimes hediondos, promulgada em 1990, que listava crimes que deviam ser levados a sério. Para estes, tidos como os mais graves, a prisão era imediata e não se admitia pagamento de fiança. Matar botos, papagaios, animais que faziam parte do patrimônio, era crime hediondo -matar gente, não. Assassinato não entrou na lista", lamentou Glória.

"Descobri, então, um dispositivo da constituição que permitia à sociedade fazer passar uma lei, desde que a reivindicação fosse assinada por uma certa porcentagem da população do país. Procurei o dr Biscaia, na época chefe do Ministério Público, e ele considerou que, ao invés de uma nova lei, o que se devia propor era incluir o homicídio qualificado (aquele em que existe a intenção de matar), no rol da Lei dos crimes hediondos", continuou ela.

A novelista disse que na época, mesmo sem a ajuda da internet, foi possível ter o apoio de milhares de pessoas. "Gente de todo o país escrevia, pedindo as listas, que eram passadas em repartições, escolas, shows, nas ruas mesmo. E chegavam a nos pelo correio. Nessas condições, inimagináveis para a geração de hoje, conseguimos, em apenas três meses, reunir 1.300.000 assinaturas - a lei só pedia 1.000.000", explicou.

Glória disse que graças a essa emenda criminosos como Suzanne Richtofen e o casal Nardoni ainda estão na cadeia. "Não fosse isso, já estariam rua há muitos anos".

Guilherme de Pádua foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão por assassinar a golpes de tesoura Daniella Perez em dezembro de 1992. Ele contou com a com a ajuda de sua mulher na época, Paula Thomaz, que também foi presa e condenada a 18 anos. Guilherme passou a frequentar a Igreja Batista Lagoinha, no bairro de classe média baixa de Belo Horizonte, assim que deixou a prisão em 1999. Tornou-se obreiro da igreja, onde conheceu e casou-se com a veterinária Paula Maia em 2005. Os dois ficaram juntos durante nove anos e se separam no início de 2014.

Este ano, no dia 14 de março, Guilherme se casou pela terceira vez com a estilista mineira Juliana Lacerda. Em maio o casal fez uma cerimônia religiosa foi na Igreja Batista Lagoinha, em Belo Horizonte.