"Humor é oposição sempre", diz Melhem sobre "Isso a Globo Não Mostra"
William Bonner surge cantando o hit "Jenifer", Laura Muller responde à dúvida de Bolsonaro sobre "golden shower", uma repórter jura ver um homem levar um filhote de canguru pelas ruas do Rio. Não é difícil entender como, com apenas 4 minutos de duração, o quadro "Isso a Globo não Mostra", exibido no "Fantástico", se tornou uma das atrações mais comentadas e de maior repercussão da emissora nas redes sociais.
Com apenas três meses no ar, o humorístico lembra em muito o primo "Tá no Ar", seja no humor anárquico ou no ritmo acelerado, mas com uma diferença: o foco, aqui, é o noticiário da semana e os últimos memes.
Ao UOL, por e-mail, Marcius Melhem, um dos idealizadores do quadro junto com Daniela Ocampo, explicou que o processo de criação é dinâmico e que a edição não fecha nunca.
"Os autores sugerem ideias, acionam a pesquisa, rascunham a edição e depois vamos lá burilar as melhores. A edição não fecha nunca. Às vezes, mexemos no quadro até poucas horas antes do programa", conta o comediante. "Estamos muito felizes com a repercussão, é um quadro que dialoga muito bem com os temas da sociedade e com a linguagem digital".
Com um dos alvos principais no governo e na classe política, Melhem diz que apontar distorções, incoerências e promover o debate público de ideias é uma das funções do humor.
Após algumas piadas sobre frases e ações do governo viralizarem, bolsonaristas lançaram nas redes sociais um pedido de boicote ao quadro nas redes sociais.
Melhem afirma que as reações, no entanto, não intimidam ou inspiram a criação. "Humor é oposição sempre. Não temos partido e somos críticos a qualquer lado. Mas é óbvio que quem governa, quem domina a máquina pública, está mais exposto, porque está influindo diretamente no dia a dia dos brasileiros. Acho que estamos bem atentos e críticos".
Programa solo
A edição ágil e a linguagem próxima do público da internet não são as únicas semelhanças que fazem o "Isso a Globo Não Mostra" ser comparado ao "Tá no Ar", exibido pela última vez na semana passada.
"Ele está dentro de uma linguagem que a gente já buscava desde o 'Tá no Ar'. Traz uma certa autofagia da televisão, pois brinca com o próprio veículo numa dinâmica muito próxima do que é feito na internet com um todo. É muito tentador poder brincar com o nosso próprio acervo, que é gigante, e com o dia a dia da programação."
Melhem reconhece que a liberdade de zoar a própria programação também faz diferença, e afirma nunca ter recebido queixas, interna ou externamente.
"Temos a liberdade de brincar com a própria Globo, e isso faz parte do conceito do quadro. Não se levar tão a sério é fundamental. O debate com a direção de jornalismo é amplo e eles compraram esse quadro com suas características", diz.
Com o fim do "Tá no Ar", é possível que o quadro vire um programa solo futuramente? O humorista desconversa: "Por enquanto, não pensamos nisso. Estamos muito felizes no 'Fantástico'."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.