"Não me considero bolsonarista", diz Alexandre Garcia
Alexandre Garcia falou de sua saída da Globo e momentos da carreira no "The Noite" de segunda-feira (22). O jornalista, que deixou a emissora em dezembro após 30 anos de trabalho, conta que se mantêm na ativa.
"Pensei que ia me aposentar, mas estou trabalhando mais do que antes. Aceitei palestras demais, 300 emissoras de rádio, 20 jornais, não dou conta", enumera.
Ele faz um balanço positivo do tempo em que esteve na emissora. "Aprendi muito, foi um ótimo período. Costumo dizer que isso se chama renascimento. Achei que meu nome ia virar Renato, René. Cada vez que a gente tem uma mudança grande é muito bom", comemora.
Garcia nega que posições políticas tenham motivado sua saída. "Eu quero ser porta voz das pessoas. Não me considero bolsonarista. Não quero ser porta voz de governo, nem de Bolsonaro, nem de oposição, nem de religião, de coisa nenhuma".
Os cabelos brancos já o fizeram ser confundido com outro ícone do jornalismo. "Em um hotel de Campinas (SP), o ascensorista disse: 'conheço o senhor. O senhor é da Globo. O senhor é do Jornal Nacional. Muito prazer, seu Cid Moreira'", diverte-se.
Apresentar o telejornal um sábado por mês era uma responsabilidade. "Você olha para a câmera e imagina que tem milhões vendo você. Tem que dar uma respirada antes de começar. É parte da cultura nacional, desde 1969".
Ele falou sobre o período da Ditadura Militar. "O [Ernesto] Geisel [presidente de 1974 a 1979], tirou os militares, escolheu o João Figueiredo, que não queria o poder. Ali já era um acerto final de devolução aos civis. Tivemos uma transição calmíssima, tranquila e sem solavancos. Tive uma participação muito pequena, mas estava lá", recorda ele, que também foi subsecretário de Imprensa Nacional de Figueiredo por um ano e meio.
A paixão pelo jornalismo surgiu na infância. "Meu pai era radialista, eu levava a marmita pra ele almoçar durante o noticiário do meio dia. Ia para o telhado de casa com um megafone improvisado e ficava dando notícia".
Hoje, acha que a mídia tradicional "está perdendo o principal patrimônio, que é a credibilidade, para outros setores. Estamos lá embaixo [no índice de confiança da população], junto com os políticos".
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