Amigos e familiares prestam último adeus ao ator Lúcio Mauro
Amigos e familiares se reuniram na manhã de hoje para se despedir do ator Lúcio Mauro, que morreu neste fim de semana. O velório começou pontualmente às 9h no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no centro da cidade.
Humoristas como Fábio Porchat e Lúcio Mauro Filho, filho do ator, e diretores como Cininha de Paula e Maurício Faria já estavam no local logo cedo.
"Se estamos aqui hoje é por conta também do Lúcio Mauro. É um cara que fez do humor a sua vida e a nossa vida também. O grande mestre é aquele que quando vai ainda fica. Ele está em mim em muitos momentos. Hoje em dia a palavra gênio está desgastada, mas ele é gênio da época de Chico Anysio. Fico feliz em saber que ele descansou. Estava lutando há um tempo", disse Fábio Porchat.
Cininha de Paula destacou os momentos em que conviveu com o ator por conta do trabalho: "Trabalhamos muito juntos, dirigi tudo que é do Chico. Eterno Aldemar Vigário, foram nove anos de Escolinha. Dois anos de programa Chico Anysio. E agora estou com Lucinho. Quando comecei a Escolinha da nova geração fiz questão de abrir com ele. Foi muito emocionante, chorei muito. Amanhã começo a gravar a quinta temporada. Ô Lúcio Mauro, podia ter esperado um pouquinho pra me ajudar? Mas ele vai estar lá comigo".
O comediante Leandro Hassum, que atua na nova versão da "Escolinha do Professor Raimundo", da qual Lúcio Mauro participou -- ele também fez parte do elenco da versão original do programa -- destacou a importância do ator para o humor no Brasil.
"Seu Chico sempre falava, não existe nova comédia, novo humor, existe o humor engraçado e o humor sem graça. Ele sempre fez esse humor engraçado. Quando a Tatá Werneck, que é uma grande humorista, diz 'fostes', 'fizeste', é um legado do seu Lúcio. Sou muito amigo do Lucinho, amanhã começamos a nova temporada da Escolinha e vai ser um dia de fortes emoções. É um legado para aqueles que estão vindo e os que virão. Era um humor engraçado", afirmou.
"Ele ficou internado quase quatro meses. Uma esticada que ele não merecia. Mas cada um tem sua missão e ele cumpriu a dele até último minuto. Nosso último encontro foi na quinta-feira eu estava indo pra São Paulo, não sabia que seria o último encontro. Mas nos últimos tempos todo encontro eu tratava como último. Ele já estava apagadinho, abriu os olhos e me viu. Orei com ele e falei no ouvido, como sempre fazia, para ele ter certeza que ele estava deixando aqui na terra uma família unida e conformada. Foi uma vida tão plena, cheia de vitórias, amado por todo país, um pioneiro. Claro que tem o luto, tristeza, mas orgulho é muito maior.", declarou Lúcio Mauro Filho.
O ator e diretor Selton Melo falou sobre o convite que fez ao comediante para atuar em um dos seus filmes: "Sou muito amigo da família e meu único contato com ele em cena foi em primeiro filme que dirigi, o 'Feliz Natal'. Eu o convidei para fazer um personagem dramático e ele ficou tão entusiasmado com aquilo. Como sempre acontece no Brasil o comediante é rotulado. Ele fez lindamente. Foi meu único convívio trabalhando. Ele estava sofrendo muito nos últimos tempos e o Lucio é vida. Eu assistia à escolinha para esperar o Lucio. Ele era um cara adorável. Grande artista".
Claudia Rodrigues, que sofre de esclerose múltipla, chegou de cadeira de rodas ao velório, acompanhada de sua empresária, e falou que aprendeu muito com o humorista.
"Para mim era o maior comediante do país. Tive a oportunidade de trabalhar com grandes comediantes como Francisco Milani, Rogério Cardoso, Agildo Ribeiro. Tive todos os ensinamentos que eu pude ter. Só vim aqui porque eu tinha que ajeitar ele bem lindo para chegar lá em cima e encontrar com Jesus, coisa mais importante pra ele. O que eu mais queria na vida era um homem como Fernandinho [personagem do 'Zorra' que fazia par com Ofélia, interpretada por Claudia], então vim aqui me despedir dele pedindo pra ele se ajeitar. Foi fundamental [na minha carreira], o adorava muito", disse.
Sob aplausos do público na frente do Municipal e também dos familiares e amigos, o corpo de Lúcio Mauro foi retirado do Teatro por volta das 14h e segue para o crematório no complexo do Caju para uma cerimônia restrita aos familiares e amigos próximos.
"O homem do Brasil. Viva o Brasil. Viva o Pará", agradeceu Lúcio Mauro Filho aos fãs do lado de fora.
Lúcio Mauro estava internado havia quatro meses na clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, com problemas respiratórios. Na noite de sábado, ele morreu de falência múltipla de órgãos. O filho do ator, Lúcio Mauro Filho, detalhou o estado de saúde do pai em seu texto de despedida, publicado em sua rede social.
"Há três anos ele sofreu um AVC. Foi forte e resistiu. Mas já não era a mesma coisa. Preso a uma HomeCare, ele lutou até suas últimas forças. Ainda teve a alegria de conhecer Liz, a neta inesperada que chegou para promover o ciclo da vida. Estava internado havia quase quatro meses. A esticada foi longa e sofrida. Agora só restava o descanso que ele tanto merece. Meus agradecimentos a todos os funcionários da clínica São Vicente, onde papai sempre foi cuidado com carinho e profissionalismo. À Rede Globo pela parceria e lealdade. Nós ficamos por aqui, celebrando sua existência e seguindo com seu legado", escreveu.
Um dos grandes nomes do humor brasileiro, Lúcio de Barros Barbalho nasceu em Belém (PA) em 14 de março de 1927. Ele iniciou sua carreira profissional em Recife (PE), na companhia teatral do ator Mário Salaberry, após anos atuando em produções estudantis.
Sua estreia na TV veio em 1960, no humorístico "Beco sem Saída", da TV Rádio Clube de Pernambuco. Pouco depois, ele se mudou para o Rio de Janeiro e trabalhou na TV Rio e na TV Tupi, onde dirigiu a produção "A, E, I, O... Urca!" e estrelou, ao lado de sua então mulher Arlete Salles, o programa "I Love Lúcio".
Em 1966, Lúcio Mauro migrou para a Globo. Seu primeiro trabalho na casa foi em "TV0-TV1", humorístico que fazia paródias da TV brasileira e contava com a presença de Jô Soares e Agildo Ribeiro. Dois anos depois, dirigiu "Balança, Mas Não Cai", em que criou seu primeiro quadro famoso "Ofélia e Fernandinho" --que mais tarde seria revivido em "Os Trapalhões" (1989) e no "Zorra Total" (1999).
Lúcio Mauro teve como grande amigo e parceiro na TV o também humorista Chico Anysio. Os dois se conheceram em Recife, na Rádio Clube de Pernambuco, e levaram adiante uma amizade "de irmãos". Eles atuaram juntos em vários programas, como "Chico City" (1973), "Chico Anysio Show" (1982), "Chico Total" (1996) e "A Escolinha do Professor Raimundo" (1990), na qual Lúcio Mauro fez sucesso no papel de Aldemar Vigário.
O comediante deixa a mulher, Luiza Barbalho, com quem ficou casado durante mais de 40 anos e com quem teve três filhos: Luly Barbalho, Lúcio Mauro Filho e Luanna Barbalho. Ele teve ainda outros dois filhos, Alexandre Barbalho e Gilberto Salles, do casamento com Arlete Salles. Lúcio Mauro tinha cinco netos.
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