Jacquin diz que MasterChef o salvou após ser recusado no SBT por sotaque
Erick Jacquin estreia hoje a segunda temporada de Pesadelo na Cozinha, reality da Band em que ajuda donos de restaurantes a tirarem os seus negócios do buraco. Assim como os participantes do programa, o chef francês diz que teve sua chance de recomeçar ao ser convidado para ser jurado do MasterChef Brasil.
"O MasterChef salvou a minha vida. Foi a grande oportunidade de voltar por cima, de me reinventar, mas não imaginava que chegaria a esse ponto", diz ele, que na ocasião enfrentava uma situação financeira difícil após seu restaurante fechar as portas em 2013.
Jacquin, que chegou a enfrentar processos trabalhistas de ex-empregados, acreditava que ir para a televisão poderia ajudá-lo a quitar as dívidas, além de poder se reinventar profissionalmente. Mas antes de fechar com a Band para ser jurado da competição culinária ele chegou a negociar para fazer um programa de culinária no SBT.
Um diretor queria fazer, mas me falou: 'Você não fala português, então não dá'. Ele não me aceitou e, graças a Deus, porque hoje se falo bem português eu poderia receber menos.
O meu negócio é o meu sotaque. Isso é o que fez o sucesso do meu personagem. É o tompero que todo mundo fala", orgulha-se o chef, citando a palavra que virou uma espécie de marca.
Há 27 anos no Brasil, o chef francês cativou o público do MasterChef mesmo precisando ter as suas falas legendadas para uma melhor compreensão do português enrolado. Ele diz que o desejo de fazer televisão era tão grande que ao assinar com a Band não quis nem saber qual seria o seu cachê.
"Vieram dois executivos da Band na minha casa e eu pensei: 'Esses caras não vão sair daqui sem me contratarem'. Fiz um almoço, ofereci três caipiroscas e uma garrafa de vodca. Eu estava com tanto medo de falarem: 'Você não fala português', que não ia dar, que nem me interessei pelo cachê. Eu sabia muito bem que ganharia dinheiro depois. Eu peguei o MasterChef como a sorte que passa na sua frente e você não pode deixar passar", se recorda.
Antes uma preocupação, o sotaque virou uma espécie de marca do chef. "Pai" de dois gatos, Jacquin batizou de Tompero o felino preto e branco que vive com ele, a mulher e os filhos gêmeos recém-nascidos em um espaçoso apartamento na região dos Jardins, em São Paulo.
"Todos os chefs são vaidosos. Na época [da crise financeira], eu tinha vergonha de ir em restaurantes, mas graças ao MasterChef voltei a me sentir com orgulho de mim mesmo. No dia seguinte ao programa eu tinha ganhado 150 mil seguidores", lembra.
"Um dia uma menina agarrou minha perna e falou: 'Graças a vocês vi meu pai cozinhando em casa. Foi emocionante. Então percebi que não estava fazendo um reality show, mas um programa cultural. Ninguém espera ver no MasterChef uma menina de biquíni na piscina. Mas briga pode ser porque é algo que faz parte da cozinha", compara.
Sujeira quase fez chef desistir de restaurante
Erick Jacquin disse ter visto de tudo um pouco nas duas temporadas de Pesadelo na Cozinha. E afirma que um problema comum nos participantes desta temporada é que as relações familiares interferem muito nos negócios.
"Tem gente que tem o sonho de ter restaurante, que não está preparado, mas faz de tudo para dar o seu melhor. Tem maluco que não tem noção de nada e outros que são muito sujos, que não fazem nada para melhorar. Tentamos reconciliar as famílias para os negócios irem para frente. É de certa forma uma terapia", conta.
Um dos casos mais complicados com o qual precisou lidar, afirma, foi a de um restaurante tão sujo que quase o fez desistir de gravar.
"Eu quis ir embora. Falei com o diretor, mas ele disse que eu não podia baixar o braço. Eu não queria. Falei até que seria bom para o programa se eu desistisse", disse ele, que após a insistência do diretor seguiu na missão de ajudar a salvar o restaurante.
Com fama de bravo e muito exigente na cozinha, o chef afirma o que para ele é inaceitável: "Não consigo aceitar tudo, mudei muito. Vi muita miséria, tristeza. Sou exigente comigo do jeito que sou com os outros. Não suporto falta de respeito de gente sem experiência na profissão".
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