Por que os famosos não causam mais em público? Especialistas explicam
Resumo da notícia
- Na era das redes sociais, os famosos têm se tornado cada vez mais recatados em eventos
- O UOL conversou com alguns especialistas para tentar entender: por que eles não aprontam mais em público?
- Reponsável pela carreira de vários artistas, Juliana Mattoni diz que a ideia é que o famoso aproveite eventos para divulgar projetos e marcas
- Jane Barbosa, há 35 anos no meio artístico, diz que famosos são cobrados para dar exemplo de saúde, bem-estar e bom comportamento
Dois famosos comprometidos aproveitam a folia de um camarote e se metem num depósito de bebida. Uma atriz e apresentadora também aproveita o Carnaval para dar beijos, mas não no namorado, outro ator famoso. Um presidente da República é fotografado ao lado de uma modelo coberta apenas por uma camiseta —que parece não perceber estar sem calcinha.
Histórias como as acima parecem impensáveis hoje, mas ocorriam com certa frequência em eventos regados a muita bebida e personalidades até pouco tempo atrás. Mas na era da exposição sem hora marcada nas redes sociais, os famosos têm se tornado cada vez mais recatados em eventos. O UOL conversou com alguns especialistas em gerir carreiras de artistas para tentar entender: por que, afinal de contas, eles não aprontam mais em público?
Sócia da empresa que tem no casting nomes como Tatá Werneck, Anitta e Fernanda Souza, Juliana Mattoni afirma que o negócio segue um modelo americano, adaptado à realidade brasileira, de direcionamento do artista em suas aparições públicas.
Curtir a festa? Beber todas? Nada disso. A ideia é que o famoso aproveite o local cheio de imprensa e com grande visibilidade do público para divulgar seus projetos e trabalhar marcas associadas à sua imagem.
"Usamos desde o styling [a escolha do figurino] até o alinhamento do discurso para comunicar a verdade daquele artista, seja ele cantor ou ator. Utilizamos também o marketing estratégico para que um projeto, como por exemplo um álbum, tenha sua divulgação ainda mais impulsionada por meio de eventos, cronograma correto e ajuda de parceiros", explica Juliana.
Seu sócio, Paulo Pimenta, acrescenta a mudança com a chegada das redes sociais. Para o assessor de imprensa, é preciso ter cautela com a superexposição na internet, para não perder o foco da carreira.
"O mundo vem mudando com as plataformas digitais. Porém, isso não é tudo. Falar de si mesmo não basta. É necessário que falem bem de você e do seu trabalho. E é isso que um bom assessor de comunicação faz, atrelado aos objetivos artísticos e comerciais do artista e do seu empresário", completa.
Foi num Brasil de 25 anos atrás, sem celulares com câmera e redes sociais, que foi possível ver, por exemplo, um presidente caindo no samba ao lado de uma atriz sem calcinha na Marquês de Sapucaí, no Rio, como aconteceu com Itamar Franco e Lilian Ramos, em 1994. O caso repercutiu internacionalmente e ela foi morar na Itália, onde fez carreira de apresentadora.
Na festa de 2000, Luana Piovani protagonizou uma traição pública que deu o que falar. Namorada de Rodrigo Santoro na época, ela foi clicada aos beijos com o empresário Christiano Rangel na folia baiana. Ao relembrar o caso, Piovani tampouco tentou se justificar e afirmou que colocou um ponto final da relação com o galã assim que voltou para casa.
"Tenho muita dificuldade em lidar com a culpa. A minha história foi traição, mas eu não voltei para casa falando: 'Eu te amo, meu amor' e deitei na cama. Eu traí, cheguei em casa e falei: 'Deu ruim, vou partir'. Não consigo fazer esse número de duas vidas, sabe? De viver duas coisas", disse ela em um vídeo no seu canal no Youtube, em 2017.
Em 2005, Danielle Winits e Bruno Gagliasso foram flagrados saindo do depósito de bebidas do antigo camarote de uma cervejaria no sambódromo carioca. Ao deixarem o local, clicados pelos paparazzi, os dois, que já não formavam mais um casal, disseram apenas estarem conversando. Winitis era noiva do ator Cássio Reis na ocasião.
Para o ator Felipe Roque, que viveu um romance público com a ex-bailarina do Faustão Aline Riscado, o risco é de tornar a vida pessoal o assunto das notícias sobre o artista.
"Isso pode ter uma consequência não muito boa, quando acaba virando sempre o foco de suas notícias. Mas não vejo problema algum em beijar em público, quando estiver me relacionando com alguém que gosto, não vou me inibir", garante.
Não é o que parecem fazer boa parte dos colegas. Flagrados algumas vezes em programas a dois, Caio Castro e Grazi Massafera circularam pelo Rock in Rio deste ano e foram fotografados e filmados juntos por fãs, mas evitaram circular nos espaços destinados a outras estrelas, com fotógrafos e equipes de reportagens presentes, mesmo sendo solteiros.
Medo do meme?
Foi numa entrevista na área VIP do mesmo Rock in Rio, em 2011, que Christiane Torloni viralizou com o bordão "Hoje é dia de rock, bebê", ao vivo para o Multishow. Bem à vontade no vídeo, a atriz não imaginava a repercussão da sua fala descontraída no ar.
"Acho que a preocupação com a imagem sempre existiu, mas só ficou ainda mais forte com a chegada da internet e a viralização nas redes sociais. O trabalho de assessoria de imprensa se estende ao de imagem hoje em dia. A gente orienta o assessorado, mas as próprias celebridades já estão tendo esta consciência", explica Jane Barbosa, que cuida, entre outros, da carreira de Zeca Pagodinho e atua há 35 anos no meio artístico.
Com a experiência de quem atravessou diferentes fases do showbiz, a assessora também aponta uma mudança de comportamento da sociedade que, afirma, se reflete diretamente no mundo dos famosos.
"Essa questão do politicamente correto, de medir o que estão falando, pesa muito. Alguns tipos de comportamentos vistos como inaceitáveis, não tinham esse peso no passado. Se um artista tomasse um porre, era visto de uma forma mais permissiva", compara.
Com passagem por grandes gravadoras e produção de shows, Jane imagina como se comportariam ídolos dos anos 80, caso precisassem enfrentar o mercado atual. Segundo ela, o artista é cobrado para dar exemplo de saúde, bem-estar e bom comportamento.
"Não sei se um Tim Maia sobreviveria aos dias atuais. O cara que fica doidão não tem mais graça. É visto como aquele que perdeu o último trem para Woodstock. Antigamente, você ouvia histórias de bandas de rock que quebravam o camarim todo, hotel etc. Hoje em dia, esse tipo de comportamento é inconcebível".
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