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Ex-BBB Tati Pink critica ex-amigo Jean Wyllys: "Bandeira da vergonha"

Tati Pink abriu um novo salão de beleza em Recife após sair do BBB5 e tentar carreira na televisão - Divulgação/Globo/Arquivo Pessoal
Tati Pink abriu um novo salão de beleza em Recife após sair do BBB5 e tentar carreira na televisão Imagem: Divulgação/Globo/Arquivo Pessoal

Felipe Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

21/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Tati Pink participou do BBB em 2005 e ficou amiga de Grazi Massafera e Jean Wyllys
  • Ela se orgulha ao falar de Grazi e critica a postura política de Jean, que renunciou o mandato no ano passado
  • Pink chegou a trabalhar na Globo, no Zorra Total, mas afirma que não gostou da experiência de ser famosa
  • Casada e com três filhos, ela vive em Recife e é dona de um salão de beleza

Tati Pink conquistou fama, dinheiro e uma família após participar do Big Brother Brasil em 2005. Dona de um salão de beleza que leva o apelido pelo qual ficou conhecida, a empresária pernambucana define o reality show da Globo, que estreia hoje sua 20ª edição, como parte importante de sua história e faz uma análise sobre os pontos positivos e negativos da experiência que mudou a sua vida. Pink se tornou uma das participantes mais queridas de sua edição, a de maior sucesso de audiência e que impulsionou as carreiras de Grazi Massafera e Jean Wyllys, o campeão da temporada.

Pink fazia parte do "grupo do bem", com Grazi e Jean, rivalizando com Dr. Gê e seus aliados que acabaram sendo considerados os vilões daquela edição por combinarem votos. Quinze anos depois, a pernambucana diz que perdeu contato com Grazi, a quem distribui elogios, e também com Jean, que ela se recorda com carinho em relação aos três meses em que moraram juntos no programa, mas por quem tem uma opinião bastante diferente em comparação à protagonista da novela Bom Sucesso.

"Um grande sucesso para mim é fazer bem o que você se dispõe. Não acho que uma pessoa que está na televisão e que ganha muito dinheiro tem grande sucesso. Grazi para mim é uma mulher de grande sucesso porque foi Miss, participou do Big Brother e quebrou grandes barreiras. Eu respeito a história dela. Para mim, ela é a garota propaganda número um do Brasil", afirma em entrevista ao UOL.

Grazi e Jean chegaram à final do BBB em 2005 e o professor levou o prêmio para casa - Renato Rocha Miranda/Globo - Renato Rocha Miranda/Globo
Grazi e Jean chegaram à final do BBB em 2005 e o professor levou o prêmio para casa
Imagem: Renato Rocha Miranda/Globo
Em relação a Jean, que foi eleito deputado federal pela primeira vez cinco anos após vencer o BBB, Pink pensa completamente o oposto. Ela não concorda com o caminho que ele seguiu na política e, por isso, não o considera alguém de sucesso.

"Tivemos uma amizade maravilhosa na casa, mas logo depois nos afastamos porque já não pensávamos igual. Não é porque vivemos juntos três meses na casa que vamos viver 30 anos. Geralmente, em uma amizade se pensa parecido. Não vou ser amiga de uma pessoa que se corrompe, que gosta de falar mal dos outros. No caso de Jean, não acho que ele tem grande sucesso. Não acho que ele teve uma influência positiva na política e nem que colaborou para grandes coisas. Ele levantou uma bandeira da vergonha, que deixou de ser colorida para ser vermelha. Acho que ele mudou de lado. Ele não é um político de grande sucesso", declara.

A ex-BBB ainda criticou o ex-amigo por ele ter renunciado ao mandato de deputado federal pelo PSOL no início do ano passado. Eleito pela terceira vez consecutiva, com 24.295 votos, Jean anunciou que estava deixando o Brasil em razão de ameaças de morte que vinha sofrendo. Na opinião de Pink, ele cometeu um erro com os eleitores que confiaram nele.

"Como você pega o número de votos que ele teve e, independentemente se está com medo ou não, e diz, 'muito obrigado, mas eu não quero estar aqui porque estou com medo e sofrendo ameaças'. Não concordei. Não é fácil para ninguém. Já pensou se me ligassem e falassem, 'você abandona os seus filhos ou vou lhe matar'. Quem é a mãe que faz isso? Acho que faltou para ele responsabilidade com as pessoas que votaram e confiaram nele", critica.

Questionada sobre a sua preferência política, Pink afirma que não se considera nem de esquerda nem de direita. "Não gosto de ser representada por homens. Não gosto de pessoas mentirosas, que para se elegerem falam o que as pessoas querem escutar. Eu odeio gente radical", dispara.

Jean, Pink, Sammy e Grazi no BBB em 2005 - Reprodução/Globo - Reprodução/Globo
Jean, Pink, Sammy e Grazi no BBB em 2005
Imagem: Reprodução/Globo

"A fama tem um preço alto"

Pink diz que não tinha o sonho de entrar no BBB, mas se lembra que se sentia atraída pelo realiy show. Era como se o programa tivesse sido feito para ela. Após se inscrever na segunda, terceira e quarta edição, a cabeleireira, enfim, foi selecionada. "Acho que era uma possibilidade que eu via de mudar financeiramente a minha vida, mas eu não tinha maturidade para saber que mexeria com a minha vida toda. Quando somos muito jovens nos jogamos no precipício", compara.

A metáfora usada por Pink não é aleatória. Quinta colocada no programa, ela foi eliminada com uma popularidade gigante e acabou sendo convidada para fazer parte do Zorra Total, mas nem tudo saiu com o esperado. Pink não gostou da experiência de ser famosa: "A fama e o sucesso têm um preço muito alto e eu não quero pagar por eles".

Não pirei com a fama, mas tive um problema coma minha verdadeira identidade. Quem sou eu? É essa pessoa que fizeram? A pessoa que mostraram para o público era muito próxima de quem era eu, mas eles não conseguem identificar cem por cento quem é você. Comecei a me assistir e a pensar, 'essa daí sou eu?'. É um choque de identidade

"Mas o maior problema é perder a liberdade. Uma vez eu estava no mercado com um carrinho de compras cheio e meu marido vinha atrás. Aí ele me disse, vamos embora agora. E eu, por quê? Ele disse que uma menina falou quando passei com um carrinho, 'coitada, deve estar muito ferrada para comprar num mercado como esse'. Eu falei, não quero isso para minha vida. Quero ser uma pessoa normal que pode entrar e sair de qualquer lugar sem ser julgada. Não quero ser pior nem melhor do que ninguém. Só quero ser a Pink, com meus defeitos e minhas qualidades", completa.

A respeito do Zorra Total, a ex-BBB afirma que saboreou no programa altos e baixos. Ela explica que a quantidade de gravações variava conforme o sucesso de audiência do quadro. Se dava audiência, ela gravava mais. Se estava indo mal, as gravações diminuíam.

"Sei que tenho veia artística, mas ela se estende a muitas coisas. Aquilo não me fazia feliz. De vez em quando eu tinha que bater na porta do diretor para ter oportunidade de gravação. Não que eu não tenha humildade, mas não gosto disso. Tive um diretor incrível que foi Mauricio Sherman e colegas de trabalho maravilhosos como Fabiana Karla, com quem até dividi um quadro. Era muito bom, mas decidi que não queria. Quando o quadro estava bombando gravava todas as semanas e quando deixava de bombar gravava uma vez por mês. Isso estava me machucando. Essa é a parte difícil do Big Brother. O programa deveria pagar uma terapia de um ano para os coitados dos participantes. São pessoas muitas vezes imaturas, que saem amadas ou odiadas no olho do furacão. Não sei como ninguém pirou ainda", diz.

Voltaria ao BBB? "Tenho mais a perder do que ganhar"

Tati Pink com o marido e os filhos - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Tati Pink com o marido e os filhos
Imagem: Arquivo pessoal
No período em que trabalhou na Globo, no Rio de Janeiro, Tati Pink conheceu o atual marido, com quem teve três filhos. Como a vida artística como atriz não vingou, ela, que já tinha um salão de beleza, voltou a Recife e deu continuidade ao negócio. Pink vendeu o antigo salão e comprou outro. Ela diz que possui uma vida confortável e que nem se compara a quando mal conseguia ganhar um salário de R$ 1 mil.

"Tenho uma vida que nem sonhando eu iria imaginar. Não que eu tenha casado com um sheik árabe e agora seja dona da Arábia, mas é uma realidade tão longe da minha que nunca imaginei poder viver. Continuo sendo classe média, mas com acesso às coisas. Sou uma microempresária bem-sucedida porque faço o que amo, que é atender pessoas. Trabalho até nas minhas férias porque esse é o melhor trabalho do mundo", diz, satisfeita.

Aos 39 anos, ela afirma que não trocaria a tranquilidade de sua vida como uma pessoa comum por uma nova chance de pisar na casa do Big Brother Brasil. Ela se recorda que chegou a fazer teste para o BBB13, mas não foi selecionada.

Hoje e tenho muito mais a perder do que ganhar. Meus filhos estudam em uma escola cristã e não precisam ouvir o povo falar mal da mãe

"Quando estamos financeiramente muito ruins é mais fácil de participar de um programa como esse. Porque você escuta calada os gritos do Boninho. Ele passa o dia todo gritando no seu ouvido, mas eu gostava dele. Ele gritava com todo mundo. Mas tendo certeza que, se não fui selecionada no BBB 13, não foi por falta de beleza e nem de gostosura, porque as duas coisas eu tenho de sobra", diz ela, aos risos.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado em uma primeira versão deste texto, no 10º parágrafo, Tati Pink ficou em quinto lugar no BBB em 2005, e não em terceiro. A informação foi corrigida.