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'Função de Regina Duarte não é apaziguar', diz Juca de Oliveira

O ator Juca de Oliveira - Francisco Cepeda/AgNews
O ator Juca de Oliveira Imagem: Francisco Cepeda/AgNews

Colaboração para o UOL

12/03/2020 17h23

Presentes no programa Morning Show, da rádio Jovem Pan, para divulgar a peça "Mãos Limpas", os atores Juca de Oliveira e Taumaturgo Ferreira abordaram as posições políticas e a nomeação de Regina Duarte como secretária da Cultura do governo Bolsonaro (sem partido).

"A função de Regina Duarte na secretaria não é, absolutamente, apaziguar os ânimos entre os atores e a sociedade. Essa não é a função dela, a função dela é resolver os problemas da cultura, os problemas da secretaria que ela está assumindo", destacou Juca.

Para ele, o ator pode expor suas opiniões sociopolíticas, mas não deve criar polêmicas quando está fora de cena.

"Você pode ser de extrema-direita, liberal, de esquerda e não precisa necessariamente sair polemizando. As posições políticas existem. Toda hora você encontra pessoas que têm posições muitas vezes contrárias e nem por isso você sai brigando. Eu, por exemplo, me dou bem com todos os atores. Alguns têm posição de extrema-esquerda, completamente contrária à minha, outros nem sempre são generosos aos próprios colegas, mas você não pode polarizar, não pode radicalizar", contou.

Indagado sobre o tema, Taumaturgo Ferreira disse que não gosta de se expor, pois acredita que o compromisso com o público é somente com o seu trabalho.

"Eu não me dou tanta importância que sinta necessidade de me expressar politicamente a não ser dentro do meu trabalho de ator e das outras coisas que faço. Não tenho simpatia por nenhum político de nenhum partido e nunca tive. Acho que não devo misturar. Como ator eu sempre quis me esconder, eu gosto de me mostrar através do meu trabalho seja em que veículo for. Eu não acho que o público tem que saber qual a minha opinião, se eu tenho filho, se não tenho [...] Eu falo com todo mundo na rua e amo o ser humano seja ele fã ou não. Eu não vou sair por aí apoiando político, por dinheiro nenhum, por nada, mesmo que eu acredite", contou.

Lei Rouanet

Juca de Oliveira criticou a forma que a lei é usada e não concorda que atores profissionais recebam o patrocínio.

"A gente tem uma visão absolutamente profissional. Eu não acho que tenha sentido você dar dinheiro da educação, da segurança ou da saúde para um profissional. O ator sempre viveu do seu trabalho. Se vamos fazer um espetáculo, devemos montar de forma cooperativa e não pedir dinheiro", comentou.

O escritor também ressalta que o valor destinado pela lei deve ser utilizado para incentivar e investir em novos talentos.

"A Lei Rouanet foi criada com objetivos absolutamente louváveis, é que a coisa degenerou. Eu acho que você tem que incentivar os estudantes, os jovens que querem se enveredar pela arte, para que eles tenham um auxílio do governo. Você tem que ter auxílio para música clássica, para ópera, para o ballet. Tem que auxiliar o teatro amador, não o teatro profissional", finalizou.