Mariana Godoy explica volta à bancada de jornal e relembra depressão
Quando recebeu a reportagem do UOL pela primeira vez na RedeTV! no ano passado, Mariana Godoy já estava toda maquiada, com camisa e calça sociais, pronta para uma gravação. Ela deu um beijo e um abraço de boas-vindas na ocasião. Desta vez, ela estava com um vestido despojado, ainda de cara lavada. "Namastê", saudou ela à distância, com o coronavírus agora uma realidade pulsante no Brasil. A jornalista diz que essa aparência é o estado em que gosta de estar.
"Um dia vou aparecer de cabelo curto do nada. Quem sabe no meu aniversário? Apareço de cabelo raspado. Eu ia gostar de ter o cabelo branco, todo grisalho. Fica todo mundo falando de sororidade, mas na hora de ir lá no Instagram: 'Você está gorda, seu cabelo está feio', só as mulheres vão", brinca ela sobre a cobrança por seu visual no vídeo.
Por falar em vídeo, Mariana agora está ainda mais presente na tela da RedeTV!: a jornalista, que trabalhou anos na Rede Globo, onde ancorou jornais como "Bom Dia Brasil" e "Jornal das Dez", da Globonews, está de volta à bancada, agora no 'RedeTV News', principal jornalístico de sua atual emissora. Na nossa conversa no ano passado, Mariana disse que não pretendia voltar para uma bancada de jornal nunca mais.
"Aprendi a nunca dizer nunca. Não tinha mesmo vontade, mas nem sabia que estava [na verdade] sentindo vontade. Foi gostoso, foi legal matar a saudade do jornalismo do dia dia", afirma ela agora, enquanto senta para começar sua maquiagem.
Mariana foi escalada no jornal da RedeTV! depois que sua colega, Amanda Klein, entrou de licença-maternidade. A ideia seria ficar até o final deste período. Em pouco tempo, tudo mudou: o superintendente de jornalismo da RedeTV!, Franz Vacek, a chamou para uma conversa, e disse que quando voltasse, Amanda agora seguiria como colunista de política, e pediu que Mariana aceitasse ficar fixa na vaga.
"Confesso que eu falei não inicialmente. Você conhece o Franz Vacek? Ele é bem insistente. Aí uma hora ele me convenceu, porque a gente nunca sai mesmo do jornalismo totalmente, a gente está sempre acompanhando as notícias. Achei que ia ficar pesado fazer no dia a dia. Mas não. Faço com prazer, vejo uma equipe pequena, coesa, justa, trabalhando muito", esclarece ela.
A reportagem então questiona também se não houve alguma relação com o fato de o público ter um carinho pela história dela na bancada, de associá-la ao espaço. "Eu batalhei tanto para dissociar", responde ela, rindo.
"Por exemplo, a Fátima Bernardes: poderia voltar e ficaria legal? Poderia e ficaria! Agora o importante aqui de ser na RedeTV!, nessa parceria com a casa, é que continuo com o meu programa, que tem uma pegada de jornalismo mas que também está na linha do entretenimento. E de poder fazer outras coisas, de poder fazer publicidade, continuar no mercado publicitário. Esse também é um caminho sem volta", explica ela.
Além de continuar com seu programa, o 'Mariana Godoy Entrevista', se manter no mercado publicitário para ela é crucial: "Como eu já tinha feito não dá para voltar atrás. Já tinha perdido a virgindade do departamento de marketing, do departamento comercial. Endosso produtos, faço campanha, e está tudo certo. Mudou, não existe mais preconceito, as pessoas sabem separar. Jornalista pode fazer tudo desde que as pessoas saibam: aqui ela é jornalista e aqui ela está fazendo propaganda".
Nisso tudo, claro, houve também um outro atrativo importante para convencer a apresentadora: um aumento salarial, embora ela não revele de quanto. "Me convenceu a fazer, pronto. Quem que trabalha de graça? É uma questão de reconhecimento da casa e além de ser justo, existe essa relação de respeito profissional. Aqui na RedeTV! só sou bem tratada, por isso faço tudo que eles querem".
"Trabalho é terapia"
A essa altura, Mariana já está com os olhos sombreados, esfumados e com outros procedimentos de maquiagem que este jornalista não saberia nomear. Até aí, nada foi feito com o cabelo da jornalista, hoje longo e volumoso, bem diferente do estilo curto que ela durante anos apresentou em jornais da Globo. Por conta disso, houve quem pensasse que o fato de ela usar o cabelo preso no "RedeTV! News" seria uma homenagem a seu corte antigo. Nada a ver.
"Eu entrei em depressão com a doença do meu pai, que morreu ano passado. Acompanhar o fim de uma pessoa é uma coisa muito triste. Em depressão você não vai no cabeleireiro cortar seu cabelo. Você mal consegue tomar banho. E meu cabelo foi crescendo. Eu não estava a fim de cortar, nem do ambiente de salão, com cabeça de pensar em outras coisas senão acompanhar meu pai. Minha mãe usava esse coque banana lindo. O cabelo preso é um pouquinho de homenagem para minha mãe. Quando eu era pequena sempre usou um coque banana", esclarece ela.
A morte do pai, Carlos Arthur, foi o estopim para um período de luto e depressão.
"Depressão a gente conversa com psiquiatra, terapeuta, amigo e toma um remedinho, espera passar. Luto demora mesmo. Trabalho é terapia, como disse Franz Vacek na hora de me convencer. Trabalho é terapia, é bom. Você vem aqui, conhece o outro lado de Boris Casoy. Faz maquiagem todo dia, fica bonitinha para tirar foto".
"Eu tenho dois lados, o da frente e o de trás", responde Boris, que divide a bancada com Mariana e está fazendo sua maquiagem ao lado. Pouco antes, ele havia entrado na sala com um imponente "Paz e amor" como saudação.
A dinâmica com Boris é um dos destaques do retorno com Mariana. Ela lembra por exemplo, que teve dificuldades em passar o teleprompter — máquina que mostra o texto dos âncoras — com o colega.
"Quem disse que eu conseguia passar o TP? Agora tem uma pessoa que passa o TP para nós dois, porque essa não consegui fazer. Eu comecei na TV com 17 anos passando o TP tudo errado para o Oscar Ulisses no Manchete Esportiva. Aos 50 passei errado de novo para o Boris Casoy", relata.
Foi natural, parecia que tinha sido ontem que tinha feito bancada. Na verdade já faz mais de cinco anos. Mas a espontaneidade do programa até apareceu um pouquinho nos primeiros dias. Brinquei com o Boris. Acabei ficando até um pouco mais solta na bancada.
O apresentador é uma vitrine
Enquanto conversa com a reportagem, o cabelo da jornalista é preparado para o jornal. Entre uma chapinha e outra, Mariana diz não entender a obsessão das pessoas com a aparência de quem está na bancada, mas entende a "vitrine" onde o apresentador está.
"Embora tenha repórter, correspondente, editor, um monte de gente que faz o jornal, é o apresentador que está na linha de frente. Chama muita atenção o visual. Uma hora vou cortar o cabelo e vai virar burburinho nas redes sociais. As pessoas vão comemorar uma bobagem. O mundo se acabando e a gente falando de cabelo. Mas eu entendo o gosto das pessoas pelo visual dos outros". destaca.
É importante para o vídeo. É! É importante para a notícia? Não! E a gente está em uma época em que as pessoas não sabem mais o que é importante ou não.
Agora, o cabelo de Mariana já está pronto, naquele coque banana, em homenagem à sua mãe. Ela segue para o camarim, onde colocará a roupa para o jornal, onde falará bastante sobre coronavírus nos próximos dias. Mas, certamente, ainda com o otimismo e energia que mostrou durante toda a conversa.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.