Analistas do grupo Globo detonam fala de Bolsonaro: 'Napoleão de hospício'
O discurso de Jair Bolsonaro em rede nacional ontem causou fortes críticas de comentaristas do Grupo Globo ao presidente da República. Na fala, Bolsonaro disse ser favorável ao fim do confinamento como medida para controlar a disseminação do novo coronavírus.
Octávio Guedes, comentarista da Globo News, disse que o discurso de Bolsonaro foi o maior de "Napoleão de hospício" da história da República brasileira. Ele explicou assim o termo utilizado.
"Nós assistimos ao maior discurso de Napoleão de hospício da história da República brasileira. De (Marechal) Deodoro a Bolsonaro, ninguém teve uma postura tão radical de Napoleão de hospício como ele. Não me refiro a Napoleão de hospício fazendo alusão às faculdades do Bolsonaro, não porque não sou psiquiatra, precisa de um especialista para entender a mente dele. Eu me refiro à postura e ao discurso como estratégia política", disse.
"Ele inicia na vida política quando troca o uniforme de militar pela fantasia de Napoleão de hospício, quebra hierarquia, faz agitação nos quartéis, faz tudo que um bom militar jamais faria, e faz com essa fantasia de Napoleão de hospício. Desde então ele nunca mais tirou essa fantasia e foi com ela que chegou à presidência. Um verdadeiro Napoleão de hospício", completou.
Já Miriam Leitão, durante comentário no Bom Dia Brasil da TV Globo, disse que a fala foi uma insanidade.
"Que momento difícil estamos vivendo neste país. A fala foi uma irresponsabilidade, uma insanidade, e coloca em perigo milhões de brasileiros que estão neste momento fazendo sacrifício para se proteger do vírus. Quando ele fala assim vai na contramão de médicos, infectologistas, virologistas e autoridades sanitárias Vai contra a sensatez, a prudência, o cuidado com a vida", disse.
Para a comentarista, a postura do presidente pode influenciar pessoas a se sentirem resistentes ao novo coronavírus.
"É muito perigoso este tipo de discurso porque ele é um líder, é o presidente. Acaba influenciando milhões de pessoas que podem achar que não estão vulneráveis. Todos estamos. O fato de uma criança ser menos vulnerável do que um idoso não significa que as aulas possam acontecer, é desconhecer a lógica do contágio", afirmou Miriam.
"Neste momento, quando ele fala uma coisa desse tamanho, de leviandade, coloca em perigo o país como um todo. É um perigo o pronunciamento como esse e esperamos que ele recue deste comportamento, que é muito perigoso", completou.
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