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Ludmilla diz que falar de casamento é mais do que ato político: 'É amor'

Ludmilla  - Reprodução/Twitter
Ludmilla Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

29/08/2020 18h40

No Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, Ludmilla contou quando descobriu que gostava de mulheres e revelou que sentia medo de sua mãe, antes de assumir sua sexualidade. A cantora também disse que falar sobre seu casamento é mais do que um ato político.

Casada com a bailarina Brunna Gonçalves desde 2019, Lud descobriu que se atraia por mulheres quando ainda estava na escola.

"Eu acho que tinha uns 16 anos e soube que uma amiga beijou uma menina. Eu fiquei olhando pra essa garota e passei a vê-la diferente. Foi simples assim. Como é pra qualquer ser humano quando se descobre tendo atração por outra pessoa", contou em entrevista para a revista Vogue Brasil.

No entanto, falar abertamente sobre seus sentimentos com a família não era algo fácil. "Eu era uma menina da Baixada e sentia muito medo da minha mãe. Na real, eu já achava que ela tinha descoberto. Foi sinistro. Mas o tempo cura os medos e prova pra gente que ser quem a gente é, sempre é melhor, não é?"

Após assumir publicamente sua relação com Brunna, Ludmilla se surpreendeu com a reação de seu público. "A crítica a uma mulher preta como eu sempre existiu. Também tinha essa crítica pelo meu jeito de me vestir, pelas minhas atitudes. Então, de alguma forma, eu esperava mais críticas e achei que meus fãs pudessem não entender. E foi uma surpresa foda! Com os meus fãs eu entendo todo dia o poder de ser transparente. Isso me faz crescer e experimentar a liberdade. E liberdade e respeito é algo que toda lésbica quer. Eu me orgulho de ser cada dia mais transparente comigo e com meu público", disse.

Mesmo assim, ela não se viu livre dos ataques, principalmente em redes sociais.

"Aceitar minha condição sexual e me reconhecer como mulher negra são duas coisas que me transformaram real. Eu sei que inspiro e espero poder fazer mais, porque isso é o que chamamos de representatividade. Eu sempre fui uma mulher negra. E existir e fazer sucesso como mulher negra já é uma afronta nesse país. Como mulher lésbica eu sei que também posso inspirar as pessoas. Mas cara, mais que um ato político, falar sobre o meu casamento é falar sobre amor, entende? Pode parecer bobo, mas falar de amor nos dias de hoje também é sobre ter coragem. Pode acreditar!", declarou.

Ela também analisou como é ser lésbica no meio do funk, o cenário musical em que vive.

"O funk em sua maioria é masculino. Muitas mulheres vêm quebrando essa barreira e fico feliz de ver e participar disso. Fico feliz de notar meu sucesso sabendo de onde eu vim. O funk fala sempre sobre liberdade e, por mais machista que ele possa ter sido, ainda é sobre liberdade. É sobre isso que canto e vivo. Que bom que hoje eu posso me expressar no funk abertamente, porque tem muita gente que vive sufocada com medo de gritar. Eu não poderia ser quem eu sou hoje se não pudesse me expressar até porque... não seria funk."