Boni: guerra não é contra a imprensa ou a TV, é contra a democracia
O ex-diretor geral da Rede Globo e fundador da TV Vanguarda, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, afirmou hoje no Roda Viva que o confronto do governo federal não é especificamente contra a televisão ou contra a imprensa: é contra a democracia.
Ao ser questionado sobre a guerra do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a Globo, Boni analisou que a imprensa é o pilar da democracia e lamentou que as emissoras e jornais tenham aceitado este jogo do Executivo.
"A primeira coisa que temos que considerar é que a guerra não é contra a imprensa, não é contra a TV, é contra a democracia. Porque essas pessoas só estão combatendo a televisão e a imprensa porque aí reside o pilar de defesa da democracia", declarou em entrevista para a TV Cultura.
"Então, o que acho é que é uma pena que emissoras de alguma forma tenham aceitado esse jogo, porque é um jogo político sujo, uma maneira de provocar para aparecer e desenvolver um culto a personalidade inaceitável, porque isso acaba como já vimos no nosso "querido" Adolf Hitler, que já foi há muito tempo, graças a Deus", disse Boni, tratando de forma irônica o ditador alemão como querido.
Cassação da Globo
Boni ainda falou sobre a concessão da Rede Globo, cujo prazo vai até 2022. Para ele, Bolsonaro não vai pedir a cassação da emissora, porque caso contrário seria "pior do que uma revolução" no Brasil.
"Cassação de empresa de TV e rádio no Brasil só aconteceu na ditadura. Não acho possível cassar a TV Globo pela penetração que tem, pelo respeito que as pessoas têm [pela emissora], pelos serviços que prestou ao Brasil. Mas seria uma coisa no Brasil pior que uma revolução."
Ele completou: "Quem tentasse cassar a Globo estaria jogando para perder, porque o valor que o entretenimento e informação têm para o público é inestimável. Seria um desastre total você punir a competência, não se pode punir a verdade, portanto não se pode punir a TV Globo."
Consumidor de jornalista
Boni contou que ainda assiste aos telejornais de diferentes emissoras, tanto aqui do Brasil quanto dos Estados Unidos, e se define como um "consumidor fanático de jornalismo".
Por outro lado, ele consome poucas séries no que já está um processo repetitivo do streaming.
"No começo, me entusiasmei com streaming, mas depois entrou num formato repetitivo, com coisas muito inferiores que as nossas novelas. Sou um frenético e intenso consumidor de jornalismo. Não deixo de ver uma pessoa que acho interessante, ou do ponto de vista de dramaturgia, de humor. O homem é o maior espetáculo da Terra e enquanto tiver gente para fazer do espetáculo, eu acredito."
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