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Como foi a participação de Marcelo Adnet no 'Roda Viva'

Marcelo Adnet em entrevista para o Roda Viva - Reprodução
Marcelo Adnet em entrevista para o Roda Viva Imagem: Reprodução

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

18/08/2020 10h47

Convidado de ontem do "Roda Viva", Marcelo Adnet não fugiu de temas espinhosos: o humorista falou do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de se identificar como um humorista de esquerda, e também sobre as acusações de assédio moral contra Marcius Melhem.

Abaixo, listamos os maiores desataques da entrevista de Adnet:

Imitar Bolsonaro: 'Perigoso, mas necessário'

Conhecido por suas imitações do presidente, Adnet disse que reconhece os riscos de imitá-lo, mas vê o humor como uma forma de crítica necessária.

Falar contra ele sempre foi perigoso, houve reação violenta. É estressante, mas necessário. Não sou dono da verdade, nunca fui, estou pronto para ouvir e mudar, mas tenho minhas convicções e tenho que ser fiel a elas.

Crítica ao discurso da esquerda

Adnet ainda criticou o discurso utilizado pela esquerda, que acaba por afastar muitas pessoas.

O lado governista atualmente tem uma forma de comunicação muito breve, é em meme, uma frase, um chora mais. Enquanto a esquerda é muito mais psicologizada, falando de uma maneira foucaultiana, o fascismo moderno... E todo esse discurso acadêmico da esquerda, que eu tenho também, acaba afastando a população, porque não comunica, ele é chato,

Vera Magalhães e Marcelo Tas 'inconvenientes'

Como apontou o colunista Maurício Stycer, a apresentadora Vera Magalhães e o entrevistador convidado Marcelo Tas tiveram momentos desconfortáveis na entrevista. Enquanto Vera buscou protagonismo em certos momentos, Tas chegou a usar um argumento, hum, estranho para criticar o fato de Adnet se dizer de esquerda.

"Quando você fala que é de esquerda, você nunca reparou que em Cuba não existe humorista? Ou na China não existe humorista....", questionou Tas, que foi rebatido por Adnet e acabou criticado nas redes sociais. Veja o momento aqui:

Críticas a Carioca

Adnet também criticou a ação que o comediante Márvio Lucio, o Carioca, fez com Bolsonaro em março deste ano.

Na ocasião, em encontro em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente usou o humorista, em uma ação ensaiada, para responder às perguntas dos jornalistas sobre o crescimento do PIB — o que foi visto como um deboche pela imprensa e pelos políticos.

Eu não gosto desse tipo de humor. Quem estava sendo sacaneado? Nós, a imprensa, quem gostaria de ouvir da autoridade máxima uma colocação. Eu não achei graça, não acho isso bacana, porque você está fazendo humor junto do poder. Apontando o humor para baixo.

Limite do humor? A lei

Como observado pelo colunista Fefito, Adnet ainda se apressou a responder uma pergunta feita há muito para humoristas: qual é afinal o limite do humor? "O limite do humor é a lei", disse.

Acusações a Melhem

Adnet disse ainda que não é juiz e não tem informações suficientes para ter uma opinião formada sobre as acusações de assédio moral contra Marcius Melhem.

Não há como ter ambiente de trabalho convivendo com assédio. Isso é um assunto muito sério. O que estou dizendo é que não sou juiz. O dia em que tiver informações suficientes poderei emitir informações.

Frases de destaque

É óbvio, você tem que ser de esquerda no Brasil. Como morar no Brasil e não ser de esquerda? Temos diferenças muito abissais. As políticas progressistas no Brasil são a única forma que faz sentido para diminuir as diferenças abissais, em vez de largar a mão
Sobre se considerar de esquerda

Às vezes, quando vemos uma pessoa em situação de vulnerabilidade, você pensa que como político possa mudar tudo isso. É muito nobre. Mas hoje não sei se estaria nesse ramo, porque tenho medo de morrer. Eu tenho medo de ser assassinado. E a política é muito barra pesada
Sobre seu desejo de entrar na política

Toda piada tem um alvo, e tento fazer com que o alvo da piada seja merecido, por isso faço imitações de figuras públicas, políticos. São pessoas que estão em posição de poder, destaque, e portanto, merecem a desconstrução
Sobre fazer humor com figuras políticas