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Adnet critica Carioca por ter se aliado a Bolsonaro para fazer piada

Marcelo Adnet em entrevista para o Roda Viva - Reprodução
Marcelo Adnet em entrevista para o Roda Viva Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

17/08/2020 22h47

O ator e humorista Marcelo Adnet apontou hoje, em entrevista para o Roda Viva, que não vê como sendo um humor positivo o que o comediante Márvio Lucio, o Carioca, fez com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em março deste ano.

Na ocasião, em encontro em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente usou o humorista, em uma ação ensaiada, para responder às perguntas dos jornalistas sobre o crescimento do PIB — o que foi visto como um deboche pela imprensa e pelos políticos.

"Eu não gosto desse tipo de humor. Quem estava sendo sacaneado? Nós, a imprensa, quem gostaria de ouvir da autoridade máxima uma colocação. Eu não achei graça, não acho isso bacana, porque você está fazendo humor junto do poder. Apontando o humor para baixo", disse.

"Os próprios internautas e audiência se encarregaram de fazer essa crítica e medir. Não acho que foi muito bacana, embora ele seja muito talentoso. Foi um episódio que não achei graça, não faria", acrescentou.

Apesar das críticas, Adnet salientou que acha o Carioca um humorista muito talentoso, mas que foi um caso não achou graça.

"Não foi sucesso, uma coisa bacana, embora o Carioca seja muito talentoso e faça imitações autorais impressionantes. Mas foi um episódio que que não achei graça, não faria, seja para um lado ou para outro, com quem quer que seja", disse.

04.03.2020 - Bolsonaro ao lado do humorista Carioca no Palácio da Alvorada - DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO - DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro ao lado do humorista Carioca no Palácio da Alvorada
Imagem: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Como faz humor?

Na entrevista para a TV Cultura, o global explicou como faz o seu humor e por que gosta tanto de imitar políticos, como Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e o Lula (PT).

"Toda piada tem um alvo, e tento fazer com que o alvo da piada seja merecido, por isso faço imitações de figuras públicas, políticos. São pessoas que estão em posição de poder, destaque, e portanto, merecem a desconstrução", afirmou.

"Mas minha verdade é essa, escolher o alvo da piada. Isso me faz manter o senso de humor mais construtivo. Gosto de fazer humor assim, que faz pensar, que sacaneia quem deve ser sacaneado. Mas isso não é regra, acho que o humor é plural, os humoristas são diferentes, tem características diferentes, vocações diferentes, e isso é maravilhoso."