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'Como morar no Brasil e não ser de esquerda?', questiona Adnet

Marcelo Adnet, em entrevista para o Roda Viva - Reprodução
Marcelo Adnet, em entrevista para o Roda Viva Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

17/08/2020 23h10

O humorista e ator Marcelo Adnet afirmou hoje, em entrevista ao Roda Viva, ter viés político de esquerda, mas negou ser "comunista". Ele também disse que é impossível viver no Brasil e não ser progressista, por causa das diferenças sociais que existem por aqui.

"Me considero de esquerda, sem dúvida. Me considero progressista, mas não comunista. A palavra comunista ganhou um novo significado, mas o comunismo que eu conheço, da União Soviética, não. Não sou comunista, nem nunca fui. Mas de esquerda, sim", revelou.

"É óbvio, você tem que ser de esquerda no Brasil. Como morar no Brasil e não ser de esquerda? Temos diferenças muito abissais. As políticas progressistas no Brasil são a única forma que faz sentido para diminuir as diferenças abissais, em vez de largar a mão", acrescentou.

Em 2011, Adnet deu uma entrevista falando sobre sua vontade de entrar para a política. Apesar deste desejo ainda ser ativo, o global revelou ter medo de ser assassinado caso entrasse para algum cargo público.

"Às vezes, quando vemos uma pessoa em situação de vulnerabilidade, você pensa que como político possa mudar tudo isso. É muito nobre. Mas hoje não sei se estaria nesse ramo, porque tenho medo de morrer. Eu tenho medo de ser assassinado. E a política é muito barra pesada", contou.

Discurso da esquerda é 'chato'

Por outro lado, Adnet fez uma crítica à esquerda e ao discurso acadêmico que muitas vezes afasta a população por ser chato. Para ele, a mensagem do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), por exemplo, é mais breve e certeira.

"O lado governista atualmente tem uma forma de comunicação muito breve, é em meme, uma frase, um chora mais. Enquanto a esquerda é muito mais psicologizada, falando de uma maneira foucaultiana, o fascismo moderno... E todo esse discurso acadêmico da esquerda, que eu tenho também, acaba afastando a população, porque não comunica, ele é chato", descreveu.

"A mensagem que você passa é: esse cara não fala minha língua, ele fala complicado, ele é muito riquinho, 'mimimi', 'blablabla'. O cara que reduz grandes discussões a "homem é homem, mulher é mulher", isso é fácil, acabou. Eu concordo com a versão progressista, mas a mensagem que o discurso muito politizado passa é truncada."