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OPINIÃO

Maytê Piragibe fala sobre 7 anos solteira: 'Prefiro viver minha liberdade'

Maytê Piragibe diz ter aprendido a lidar com a pressão de ser mãe solo e com a ausência de um novo companheiro - Reprodução/Instagram/@maytepiragibe
Maytê Piragibe diz ter aprendido a lidar com a pressão de ser mãe solo e com a ausência de um novo companheiro Imagem: Reprodução/Instagram/@maytepiragibe

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/10/2020 10h17Atualizada em 30/10/2020 10h17

Maytê Piragibe está vivendo um momento especial em sua carreira. Muito ligada ao feminismo, a atriz vem se dedicando a trabalhos voltados aos problemas das mulheres, protagonizando o curta "Lockdown", sobre violência doméstica na quarentena, e comandando um canal do Youtube com vídeos focados em "inspirar" esse público-alvo.

Fora das telas, a atriz de 36 anos diz ter se engajado nas causas feministas depois de se separar do ex-marido Marlos Cruz, desempenhando o papel de mãe solo da filha Violeta, de 10 anos.

"Sou uma mãe solo, independente, solteira há sete anos. E, óbvio, muito atenta à sexta onda feminista que a gente vive. Soubemos que a pandemia aumentou os índices de violência doméstica, feminicídio... Nosso país é o quinto do mundo que mais mata mulheres. Escolher temas assim para trabalhar está dentro do que quero proporcionar, quero acessar minhas dores como mulher. A grande maioria de nós já viveu ou vive um relacionamento abusivo, seja com seu parceiro, seja no ambiente profissional", defendeu Maytê à jornalista Patrícia Kogut.

A atriz, conhecida por "O Beijo do Vampiro" e pela apresentação do "TV Globinho", afirmou ainda que doou o cachê de "Lockdown" para instituições que defendem as mulheres, como o Instituto Marielle Franco e a ONG Vamos Utopiar.

Maytê ainda lembrou uma postagem que viralizou em seu Instagram, com uma carta à filha, falando sobre a libertação de ser mãe solo.

"Eu acho tão bonito conseguir fazer essa observação... Eu só consegui me apropriar dessa independência, dessa capacidade, quando entendi que não faz sentido a pressão cultural, moral e religiosa que prega que, para ter uma família, você precisa ter um homem, a mulher tirar seu sobrenome, colocar o dele...E a validação chegar após você entrar nesse modelo", explicou.

Ser mãe solo desde que esse pingo tinha 3 e hoje no desabrochar dos 10 digo e repito que sem o amor dela, não teria conquistado a coroa da minha independência. Graças a ela. A força incansável de sermos a melhor versão. Essa minha criança interna que reconhecia esse farol diário, chamada filha com cor e cheiro Violeta. Abastece com luz, discernimento, afeto e esperança de que poderíamos sim, juntas - atravessar o mundo na realeza de uma família raiz feita de úteros e florescimentos divinos. Hoje entendi o porque dessa solitude. Do nosso tratado só de mãe e filha. E? pura Cura & Libertação das minhas avós que estiveram presas e violentadas nesse padrão crueL de reLacionamentos abusivos. Mas desatei esse nó que tb esteve em mim. Que nós mulheres, donas da chave da reprodução possamos quebrar correntes e processos violentos repetitivos para que hoje em vida - possamos voar alto sem amarras e ensinando a força da liberdade responsável, fortalecendo essas pequenas asas no dia-dia. Voaremos sempre juntas, minha andorinha. Somos livres e talvez seja por isso que o amor transborda tanto e sem querer, também assusta tanta gente. Há de ter coragem em sermos somente mãe & filha. Há de ter coragem na escassez dos tempos. Abunda?ncia é vibração interna. Confiança é autoestima. Feliz dia das crianças, minha filha honro nossa infa?ncia. Estou aqui sempre para te proteger e dizer que com nosso amor, nunca estaremos sozinhas.

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Ela ainda contou que desde que se separou do ex-marido nunca mais namorou, afirmando que apenas "não aconteceu a troca" que esperava para ter um novo parceiro.

"A outra pressão grande é de que uma mulher não pode ser feliz se não tiver um namoro. Estou há sete anos nessa peregrinação e não achei o companheiro do tamanho do que eu aguardo e espero deste encontro. Não aconteceu essa troca e esse comprometimento de ambas as partes", detalhou.

Apesar do longo período solteira, Maytê diz que não se sente pressionada a encontrar um novo amor, valorizando sua autonomia e preferindo se empenhar em outros projetos pessoais.

"Sou uma mulher monogâmica, muito família. Sou forte, independente. Não vivo hipocrisias. Em vez disso, prefiro viver a minha liberdade e deixar as pessoas soltas na sua conduta, nas suas escolhas e nos seus desejos. Quando comecei a perceber que existia a pressão do casamento e a pressão de que estar solteira há muito tempo indicava 'ter algo errado', me voltei ao meu núcleo. E pergunto: 'Como assim não achei ninguém?'. Estou em mim, me encontrando, percebendo o que me faz bem, o que preciso abastecer em mim. Não preciso da validação do sexo oposto nem um título de compromisso para validar que sou capaz de ter autonomia, de alcançar prazer pessoal, independência financeira, ser bem-resolvida, realizada", defendeu.

Além dos trabalhos voltados ao empoderamento feminino, Maytê também está se dedicando a um novo programa para o Canal Like, onde já apresenta uma atração ao lado do ator Hugo Bonemer.

"A gente estimula o público a sair e experimentar o audiovisual. É um canal que dá boas dicas como bons amigos. Estamos conduzindo a elaboração de um piloto com um tema que não foi abordado com profundidade e, desta vez, com convidados", contou, sem dar muitos detalhes.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL