Atriz trans de 'Rotas de Ódio' relembra agressão e fala de superação
Assim como no tema abordado em "Rotas de Ódio", série disponível no Globoplay, a atriz trans Renata Peron, no elenco da produção assinada por Susana Lira, carrega marcas de ódio em sua pele.
Enquanto caminhava pela Praça da Sé, no centro de São Paulo, em 2004, aos 27 anos, Peron foi brutalmente espancada por um grupo de skinheads por ser transexual.
Além do trauma emocional, a atriz perdeu um dos rins e carrega uma cicatriz na barriga por conta do crime. "É um trauma muito grande ser agredida por ser quem você é", diz em entrevista à coluna de Patricia Kogut.
"Eu demorei anos para conseguir superar esse trauma, mas hoje, aos 43 anos, posso dizer que consegui. Acabei entendendo que o problema não sou eu, mas a sociedade ruim e emburrecida em que vivemos."
"Fisicamente, ainda carrego algumas marcas. Preciso beber três litros de água por dia para que o meu único rim continue funcionando bem. Também não uso mais biquíni e nada que mostre a minha barriga. Tenho vergonha da grande cicatriz que ficou", lamenta.
Em 2017, a criadora de "Rotas de Ódio", Susanna Lira lançou o documentário "Intolerância.doc", e entrevistou Renata. Posteriormente, ela foi convidada para participar da série.
"A série é um trabalho maravilhoso. Não tive qualquer problema em abordar um assunto que marcou tanto a minha vida. Já passei por tanta coisa nessa vida que acabei criando uma couraça, sabe?", diz a atriz.
"A minha caixa de mensagem nas redes sociais e o meu e-mail estão uma loucura. Parece até que a série foi o primeiro trabalho da minha vida como atriz", acrescenta
"Por incrível que pareça, muitas pessoas sabem que eu vivo das artes, mas acham que eu sou apenas do gueto e, por isso, não tenho valor. Foi preciso aparecer numa série de TV com destaque para que reconhecessem esse valor."
Renata também é cantora, formada em assistência social e militante dos direitos humanos. "Caminhada pela paz: sou trans, quero dignidade e cidadania", foi uma de suas criações e acontece sempre no mês de janeiro, em São Paulo. Neste ano, será adaptada on-line por conta da pandemia.
"Costumo dizer que eu sou uma "artivista". São anos e anos de luta pelos direitos não só das pessoas trans, mas de outros grupos oprimidos, como a população preta e os nordestinos em São Paulo."
"Eu sou paraibana e vim para São Paulo no início dos anos 2000 para tentar realizar o sonho de ser artista. Mas, chegando aqui, descobri que não seria tão simples assim."
"Sofri preconceito de todos os tipos. Por ser nordestina e muito afeminada e não me enquadrar num padrão. Nós precisamos provar a nossa capacidade o tempo todo, a vida inteira. É algo por que as pessoas cis não passam, por exemplo", completa.
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