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Três jornalistas que filmavam documentário sobre caça ilegal são executados

Cinegrafista Roberto Fraile e repórter David Beriain - Reprodução/Twitter
Cinegrafista Roberto Fraile e repórter David Beriain Imagem: Reprodução/Twitter

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/04/2021 08h58

Dois jornalistas espanhóis e um irlandês que gravavam um documentário sobre caça ilegal e estavam desaparecidos em Burkina Faso foram assassinados por homens armados que os sequestraram na segunda-feira (26), revelaram fontes oficiais ontem à AFP.

O ataque foi obra de homens armados que circulavam em duas caminhonetes e uma dezena de motos, segundo fontes de segurança, destacando que os autores do ataque levaram armas e equipamentos, inclusive duas caminhonetes e um drone.

David Beriáin, ex-jornalista de guerra da CNN+ (braço espanhol da CNN, que deixou de operar em 2010), tinha fundado a produtora "93metros", especializada em "grandes formatos documentais que dão acesso a mundos clandestinos", segundo sua conta no Linkedin.

Roberto Fraile, que segundo veículos espanhóis tinha sido ferido em 2012 na Síria, trabalhava "há pouco" para o canal de televisão CyLTV (canal de Leão e Castela), segundo um tuíte do veículo mostrando fotos do jornalista atrás de uma câmera.

"Os três ocidentais foram executados por terroristas", declarou o chefe dos serviços de segurança de Burkina Faso. "As pessoas nas imagens divulgadas pelos grupos armados foram identificadas como os três ocidentais que desapareceram desde ontem", acrescentou.

"Confirma-se a pior das notícias", assegurou o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, ao informar pelo Twitter sobre o assassinato dos jornalistas espanhóis Beriáin e Fraile. Já o Ministério de Relações Exteriores da Irlanda, sem dar mais detalhes, disse que "esteve em contato com a família do cidadão irlandês e proporcionou todo o apoio consular possível".

Na noite de ontem, o Ministro da Comunicação de Burkina Faso e porta-voz do governo, Ousséni Tamboura, relatou "três pessoas de nacionalidade estrangeira mortas e um burquinense desaparecido", bem como "seis feridos", no ataque de segunda-feira contra "uma patrulha contra a caça ilegal" na região de Fada N'Gourma-Pama".

Segundo testemunhas, os três europeus e um burquinense - que continua desaparecido - foram sequestrados e eram intensamente procurados nesta terça-feira cedo pelas forças de segurança de Burkina Faso. Eles acompanhavam uma patrulha contra a caça ilegal quando foi atacada na segunda-feira na região de Fada N'Gourma-Pama, no leste do país africano.

De acordo com uma fonte de segurança no leste de Burkina Faso, o burquinense desaparecido "é um membro" dos serviços de segurança "que conhece a área da floresta classificada de Pama, perto de Natiaboani, onde o ataque ocorreu".

Repórteres experientes

A ministra espanhola de Assuntos Exteriores, Arancha González Laya, explicou durante coletiva de imprensa que os dois jornalistas espanhóis estavam "trabalhando em um documentário sobre as operações que Burkina Faso organiza para proteger os parques nacionais" e "seus recursos naturais contra a caça ilegal".

González Laya informou que Beriáin era originário de Pamplona em Navarra (norte) e Fraile, de Baracaldo, no País Basco (norte).

O chefe de governo espanhol expressou no Twitter seu "reconhecimento àqueles que, como eles, realizam diariamente um jornalismo corajoso e essencial nas zonas de conflito".

O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que "os terroristas mostraram mais uma vez sua covardia e seu rosto criminoso: os defensores de um obscurantismo que aniquila toda a liberdade de expressão".

"Esta tragédia confirma os grandes perigos que enfrentam os jornalistas no Sahel", disse em Paris Christophe Deloire, secretário-geral da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

Com informações da AFP*