'Inveja branca': por que termo usado por Ana Maria Braga é racista?
Ana Maria Braga se retratou no "Mais Você" (TV Globo) de hoje por usar a expressão racista "inveja branca" ontem. Ao ver o repórter Fabrício Battaglini em uma plantação de girassóis, a apresentadora disse sentir "inveja boa, inveja branca" dele.
O termo, ainda comum no vocabulário de muitas pessoas, é considerado racista por associar a ideia de algo positivo com o branco. Ou seja, se a inveja é algo ruim, ao ser branca ela é suavizada.
Ao mesmo tempo, a expressão acaba reforçando a associação do preto com comportamentos ou atitudes negativas — o que reforça estereótipos racistas em um país historicamente repressivo contra a população negra.
Além de "inveja branca", há várias outras expressões populares que também possuem cunho racista. Conheça algumas e saiba formas de substitui-las:
Mercado negro
O termo é usado como referência a venda de produtos e bens de origem suspeita. A associação com a cor negra é uma referência de depreciação, para tornar negativo. Troque "mercado negro" por "mercado ilegal".
Lista negra
"Eu não gosto de tal pessoa, ela está na minha lista negra". Bem, novamente a cor negra sendo utilizada para reforçar algo com sentido negativo. Aqui estamos falando de gente que você não quer por perto e estão marcadas na sua memória. Troque "lista negra" por "lista de desafetos".
Nasceu com o pé na cozinha
Referência a pessoa negra de pele clara. A origem do termo remete ao século 19, quando escravas, que passavam boa parte do tempo na cozinha, eram estupradas por senhores escravocratas e seus filhos nasciam com a pele mais clara. Troque "pé na cozinha" por "pardo" ou "parda".
Criado-mudo
A expressão é bem fiel a sua origem racista. Ela está ligada aos criados que seguravam coisas, em silêncio, para os senhores escravocratas. Criado-mudo virou referência para o móvel de cabeceira. Troque "criado-mudo" por "cômoda".
Fazer algo nas coxas
Também de origem escravocrata, fazer nas coxas está ligado ao modo que os escravos produziam as telhas, moldando nas próprias coxas - e, por isso, o material ficava com falhas. Hoje, o termo é associado a fazer algo de forma desleixada. Troque "fazer nas coxas" por "algo mal feito".
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