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Alexandre Garcia após demissão por mentir: 'Quem estabelece o que é falso?'

Alexandre Garcia em entrevista ao "Pingos nos Is" - Reprodução/Youtube
Alexandre Garcia em entrevista ao "Pingos nos Is" Imagem: Reprodução/Youtube

Colaboração para o UOL

30/09/2021 21h52Atualizada em 30/09/2021 23h05

Demitido da CNN Brasil no último dia 24 após mentir ao vivo sobre o tratamento precoce contra a covid-19, que não tem eficácia cientificamente comprovada, Alexandre Garcia criticou hoje a forma como a mídia tem agido no combate às fake news.

Vale ressaltar que Garcia foi demitido após ser desmentido no ar durante uma participação ao vivo no quadro "Liberdade de Opinião", onde defendia o tratamento precoce.

A emissora divulgou uma nota à época deixando bem claro que a rescisão foi tomada especificamente pelas posições do comentarista no último ano, que vão contra a ciência.

"Essa história de fake news é uma invenção para carimbar nas pessoas que contrariam aquilo que eles acham que tem que ser o pensamento dogmático, pensamento único. Em 50 anos de jornalismo, em 80 anos de vida, eu nunca vi uma situação como essas, em que se estabelece o que é falso e o que não é. Mas quem estabelece?", questionou o jornalista em entrevista hoje, ao canal "Pingos nos Is", da Jovem Pan, antes de completar com a resposta.

"[Quem estabelece] é um personagem de órgão, do [livro] '1984', que estabelece isso. Leu na cartilha, teve a cabeça sequestrada por algum professor e resultou nisso. Infelizmente, é isso que estamos vivendo. E o pior de tudo é o silêncio de muitos que deviam estar defendendo a liberdade de expressão", concluiu.

Alexandre Garcia declarou ainda para a Jovem Pan que este dito "partidarismo" da imprensa se dá por um "desespero" de não "receber dinheiro do governo" — ele trabalhou na Globo por 30 anos antes de entrar na CNN.

"É resultado de um tipo de desespero, de muita gente que perdeu a oportunidade de receber dinheiro do governo através de verbas polpudas que compravam muitas publicações, muitas pessoas, Tem 1.000 dias de abstinência, essa abstinência faz roncar o estômago e as bocas, é uma reação, um desespero. Antes era mais fácil. Não precisava de talento, não precisava se ater aos fatos", declarou.

Defensor do tratamento precoce

Em sua participação no quadro "Liberdade de Opinião" antes de ser demitido, o comentarista falava sobre as denúncias contra a operadora de saúde Prevent Senior quando afirmou que os "remédios sem eficácia comprovada salvaram milhares de vidas."

Vale lembrar que a empresa é alvo de investigações no MP, na Polícia Civil e na CPI da Covid por supostamente pressionar seus médicos conveniados a tratar pacientes com substâncias do "kit covid", como hidroxicloroquina, contraindicada para a covid-19.

Os tais remédios sem eficácia comprovada salvaram milhares de vidas sendo aplicados imediatamente, mesmo antes do resultado do teste. É na fase 1, na fase 2 às vezes evitam hospitalizações. Na fase 1 sempre evitam hospitalizações, sempre evitam sofrimento. Na fase 3 são ineficazes, depois que a pessoa já está hospitalizada ou intubada. [...] Essa questão de eficácia comprovada a gente só vai saber daqui uns três anos. Agora tudo é experimental. disse Alexandre Garcia

Ao final da participação do jornalista no quadro, a apresentadora Elisa Veeck desmentiu a fala de Garcia e reforçou que as opiniões dos comentaristas da CNN não refletem a posição da emissora.

Reitero sempre para vocês que nos acompanham que as opiniões emitidas pelos comentaristas do quadro não refletem necessariamente a posição da CNN. E mais um acréscimo aqui neste fim do quadro de hoje, a CNN ressalta que não existe um tratamento precoce comprovado cientificamente para prevenir a covid-19. O que a ciência mostra é que a prevenção, com o uso de máscaras e a vacinação, são as únicas maneiras de combater a pandemia. afirmou

Polêmicas na CNN

Essa não foi, contudo, a primeira polêmica de Garcia no canal antes de sua demissão. Recentemente, no "CNN Novo Dia", ele foi desmentido ao vivo após afirmar que jovens "não precisariam tomar a vacina segundo as estatísticas."

O comentarista também se desentendeu com Rafael Colombo ao dizer ironicamente que "não estava sendo entrevistado" ao ser contrariado pelo apresentador quando defendeu que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tinha "todo o direito" de lançar um decreto proibindo governadores e prefeitos de decretarem restrições para o controle de coronavírus.

Além disso, em 27 de julho do ano passado, primeiro dia do quadro, Garcia fez apologia do remédio cloroquina dizendo que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "é a comprovação científica de que o uso da hidroxicloroquina dá certo".