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'Se digo, tenho que praticar', diz Garcia após demissão por desinformar

Alexandre Garcia gravou vídeo no YouTube e citou a demissão na sexta (24) da CNN Brasil - Reprodução/YouTube
Alexandre Garcia gravou vídeo no YouTube e citou a demissão na sexta (24) da CNN Brasil Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

27/09/2021 09h46Atualizada em 27/09/2021 09h46

O jornalista Alexandre Garcia disse que "tem que praticar" aquilo que ele diz aos alunos em um vídeo justificando sua saída da CNN Brasil. Garcia foi demitido na sexta-feira (24) após defender um suposto tratamento precoce contra a covid-19 — mas que não tem nenhuma eficácia comprovada contra a doença — e ser desmentido pela própria emissora em seguida.

O ex-Globo e agora ex-CNN publicou um novo vídeo ontem falando sobre a saída e criticou professores, a quem acusou de "lavagem cerebral" sem apresentar exemplo ou provas. Ele continua produzindo conteúdo para seu canal no YouTube.

Ele leu o comunicado publicado pela CNN e comentou:

Me perguntaram na sexta sobre a CPI da covid, vacinação e tratamento. Não podia decepcionar aqueles que foram meus alunos ao longo de todos os anos. Se eu digo uma coisa eu tenho que praticar e digo: não aluguem a sua cabeça, pensem, que seu cérebro não seja abduzido, não permitam que professores façam lavagem cerebral, que o medo dos colegas te encolha e não tenha pensamento próprio. Você pode até me contrariar, cada um tem seu pensamento. O que não pode ser normal é que a pessoa seja num rebanho, acéfalo. Alexandre Garcia

O jornalista comandou até a última semana o quadro "Liberdade de Opinião", cujo nome lembra o direito de todo cidadão brasileiro de expressar seu posicionamento, articulado após coletar dados e informações. Mas estas precisam ser verdadeiras, fundadas na realidade e que respeitem as pessoas e as garantias constitucionais do país.

Alexandre Garcia - Reprodução/CNN - Reprodução/CNN
Alexandre Garcia se estressa com Rafael Colombo e deixa no ar saída da CNN
Imagem: Reprodução/CNN

Não foi a primeira vez que Alexandre foi rebatido pelo próprio canal por desinformar sobre a pandemia: em outubro, ele sugeriu que jovens não precisavam se vacinar contra a doença — as vacinas, cientificamente comprovado, reduzem as possibilidades de um quadro se agravar e chegar a óbito, de acordo com suas eficácias.

Ontem, Garcia disse que jornalistas devem confiar "nos olhos" e sugeriu que a visão é uma fonte confiável de uma maneira geral. Ele não citou que o jornalismo deve apurar relatos e dados e contextualizar os fatos.

A gente quando pega um limão é um presente por que sai uma limonada. O presente é mais importante porque constrói o futuro, muito mais importante que o passado. E para os jornalistas, o importante são os fatos. Não posso contrariar aquilo que estou vendo, acompanhando, aquilo que vem da fonte primária. Isso que nós jornalistas devemos fazer. Acreditar em nossos olhos. Alexandre Garcia

Garcia ainda citou a manifestação com cunho golpista do dia 7 de setembro na avenida Paulista, que contou com a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para ele, apenas a visão já serviria para estipular o número de manifestantes.

A Secretaria de Segurança Pública do estado estimou 125 mil pessoas através de cálculos.

Na sexta-feira (240, a CNN divulgou uma nota na noite de hoje deixando bem claro que a rescisão foi tomada especificamente pelas posições do comentarista no último ano, que vão contra a ciência. Vale ressaltar que não há medicações com eficácia cientificamente comprovadas para estágios iniciais da covid-19.

O que é o tratamento precoce

O CFM (Conselho Federal de Medicina) aprovou um parecer no ano passado dando autonomia aos médicos que queiram receitar as medicações, desde que os pacientes tenham ciência de possíveis efeitos colaterais. No entanto, o conselho não recomenda o suposto "tratamento precoce".

A hidroxicloroquina, uma das medicações mais citadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é contraindicada em casos de covid pela OMS (Organização Mundial da Saúde), pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela maioria dos fabricantes brasileiros.

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