Alberto Gaspar se despede da Globo após 39 anos: 'Triste perder tudo isso'
Alberto Gaspar escreveu um texto de despedida após ser demitido da TV Globo. O jornalista permaneceu na emissora por 39 anos antes do desligamento realizado ontem.
Em texto publicado pelo colunista Flavio Ricco, do R7, o jornalista agradece aos colegas pelo trabalho na emissora e comentou sobre as "mudanças digitais" aceleradas durante a pandemia da covid-19.
Claro que é triste perder tudo isso, de repente. E não só para mim, pelas manifestações de carinho e de certa perplexidade que tenho recebido. Eu só tinha sido dispensado uma vez, na vida, numa escolinha de inglês onde fui dar aula, aos dezoito anos, e faltei duas vezes. Morava longe. Duas alunas continuaram tendo aula particular comigo. Em todos os meus outros empregos, a ruptura partiu de mim, sempre por não estar feliz com o que fazia. Nunca foi o caso, na Globo.
O jornalista também pediu desculpas por não conversar com os colegas de profissão após a demissão ser anunciada. "O acontecimento do dia me tomou tempo, e eu ainda tinha um compromisso familiar inadiável", explicou.
Pretendo continuar fazendo o que gosto, e há várias maneiras, para isso. Só não topo qualquer negócio, no mau sentido da expressão. Isso, quem me conhece, já sabe. Tudo pode mudar. A ética da profissão que me deu tanto, na vida, não. Em tempo: não declinei o nome das pessoas citadas só para não cometer injustiças com o número enorme de amigos que eu fiz, em todas as áreas da Globo. E a quem agradeço imensamente. Muito mais do que experiência, e até equipe de trabalho, amigos é que são tudo.
Gaspar entrou na Globo no início da década de 1980, sendo correspondente e cobrindo casos importantes para a emissora, como a morte de Tancredo Neves e as Diretas Já. Para o Memória Globo, Gaspar contou da vez em que cobriu, em 2008, quando Israel atacou a Faixa de Gaza.
Fui para um kibutz onde moravam brasileiros, perto de Gaza, e comecei meus contatos. O motorista palestino ligou para não sei quem, que ligou para não sei quem lá. E consegui falar com a brasileira, gravar com ela, tudo. Mas, ao chegar em casa, o computador não funcionava. E a matéria só saiu no Jornal Nacional do dia seguinte, segunda-feira. Mas, enfim, acho que o grande gol foi conseguirmos, logo de cara. Depois, a colega do Globo conseguiu mais um contato e eu, também. Nós tínhamos três fontes, três brasileiras que falaram pelo telefone conosco: gravávamos e mandávamos para nossas redações Alberto Gaspar para o Memória Globo
Ari Peixoto, que trabalhou na TV Globo durante 34 anos, também foi demitido ontem. Os dois entraram para o grupo de jornalistas que deixaram a emissora recentemente, como é o caso de Luís Fernando Silva Pinto, Fernando Saraiva e Roberto Paiva.
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