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Top 10: Os piores de 2012 na TV

Mauricio Stycer

28/12/2012 09h01

Listas de melhores e piores são sempre muito pessoais, carregadas de subjetividade. As minhas não são diferentes. Por isso, ao apresentar abaixo o meu Top 10 com os piores do ano na televisão aberta, terei o maior prazer em acolher os comentários e observações dos leitores, apontando as injustiças das minhas escolhas e me lembrando do que esqueci.

Sexo a Três: O programa apresentado pelo tal Dr. Rey durou apenas alguns meses, o suficiente para conquistar o título de pior do ano. Mulheres seminuas, as "reyzetes", dançavam no palco e eram constantemente apalpadas pelo chefe. Excitado, ele referia-se ao seu órgão sexual como "Mr. Happy". Foi, enquanto durou, um programa ainda mais sem sentido que a cobertura de Carnaval que a RedeTV! promove todo ano.

Mulheres Ricas: Artificial até a raiz dos cabelos, o programa da Band tentou convencer o público que mostraria a rotina de uma grupo de ricas, ex-ricas e querendo-ser-ricas dispostas a expor a própria imagem em situações constrangedoras, falando bobagens, fingindo gastar dinheiro e simulando felicidade. O resultado pareceu um filme institucional destinado a promover variadas marcas e ouvir as bobagens ditas por Narcisa Tamborindeguy e Val Marchiori. Fez tanto barulho que ganhará uma segunda edição em 2013.

Phantasmagoria: O "Fantástico" submeteu o público ao constrangimento de ver um de seus apresentadores parecer levar a sério uma "investigação sobre os lugares assombrados do Brasil". Ao seu lado na empreitada estava um mágico, chamado Kronnus. "Existem explicações científicas para tudo de estranho que acontece lá", disseram na estreia, depois de mostrar fenômenos ocorridos num castelo no Paraná. Para esquecer.

Roberto Justus +: Apesar do sinal de adição que acompanha o nome do publicitário no título, o seu talk show acrescentou muito pouco ao gênero. A escolha de um tema por noite engessa o programa, que também sofre para ir além da troca de gentilezas e rapapés com os convidados. Num dos raros momentos  em que questionou um entrevistado, provocou Danilo Gentilli acerca do mau gosto do humor que promove.

O Maior Brasileiro de Todos os Tempos: Adaptado de um formato da BBC e apresentado por Carlos Nascimento, o programa chegou a parecer divertido, mas não passou de uma boa ideia executada sem muito jeito pelo SBT. Proposta típica da era da interação, do "você decide", a enquete colocou Michel Telo à frente de Tom Jobim, Garrincha atrás do zagueiro Dedé, do Vasco, entre outras curiosidades. O vencedor foi o médium Chico Xavier.

BBB12: O reality show mais longevo e rentável da televisão brasileira teve uma edição terrível. O programa será lembrado, infelizmente, como aquele em que a Globo eliminou um participante por "comportamento gravemente inadequado" logo no sexto dia e passou os dois meses seguintes tentando abafar o caso e reescrever a história do jogo.

Amazônia e Fazenda de Verão: A Record não deu sorte com reality show em 2012. O primeiro, o mais sonolento do ano, teve Victor Fasano como apresentador, aulas sobre os mistérios da selva e candidatos abraçando árvores. O segundo, montado às pressas, viu três candidatos desistirem, um ser expulso e, para piorar, hesita mostrar as cenas mais apimentadas de um casal formado por mulheres.

Saturday Night Live: A versão brasileira do famoso humorístico americano nasceu torta e não conseguiu achar o prumo em 2012. Escalado para substituir o "Pânico", que deixou a RedeTV! depois de atrasos em pagamentos, estreou aos domingos, apesar de ter "sábado" no nome. Rafinha Bastos, promovido a produtor-executivo, não deu conta da tarefa e deixou a atração após alguns meses. O "SNL" brasileiro será lembrado, infelizmente, pela pífia audiência da estreia, de 0,8% no Ibope.

As Brasileiras: Muito diferente de "As Cariocas", que a inspirou, a série criada por Daniel Filho brindou o público com um desfile de mulheres lindas, de fato, mas vivendo personagens bobas, em textos primários, salpicados de apelação barata. Um dos raros bons momentos ocorreu no último episódio, quando Fernanda Montenegro riu da abertura da série

Máscaras: Maior aposta da dramaturgia da Record no ano, a novela de Lauro Cesar Muniz não emplacou. Pior, derrubou a audiência e foi encurtada sem dó. "Acho que me empolguei demais em criar uma trama policial cheia de mistérios e cometi o grave erro de abrir esses mistérios sem fechá-los em pouco tempo. Isso deu a sensação de trama sem clareza. No ar, a maioria das respostas está sendo dada, mas talvez seja tarde", reconheceu o autor, com notável franqueza.

Em tempo: Antes de dizer que esqueci de algum programa nesta lista, consulte outras três que fiz: uma com os 15 momentos mais inesperados, ousados e bizarros da televisão no ano; outra com as 10 personalidades que, por seus méritos ou escorregadas, brilharam em 2012; e a terceira com os 10 melhores programas do ano.

Enquete: Qual desses programas, na sua opinião, foi o pior? Vote aqui.

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.