Especial lembra que o humor infantil dos Trapalhões não é para adultos
Mauricio Stycer
17/07/2017 21h31
Como ocorreu com a nova "Escolinha do Professor Raimundo", o novo "Os Trapalhões" chegou à TV com duas missões – agradar aos fãs mais velhos, saudosos de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, e conquistar o coração das crianças, que não conheceram a turma no seu auge.
A estreia nesta segunda-feira (17), no Viva, no horário das 20h30, focou principalmente o público que guarda Os Trapalhões na memória. Já a exibição dos nove episódios na Globo, a partir de setembro, na faixa das 13h, deverá buscar o novo público.
O desafio não é pequeno, como foi possível ver nesta estreia. Os Trapalhões sempre fizeram um humor para crianças. Politicamente incorreto, no passado, ou correto, hoje, o quarteto sempre fez rir com o exagero, a piada infame, a graça física, eventualmente brutal. Sem o que é potencialmente ofensivo, ficou ainda mais infantil.
Diferentemente da "Escolinha", não é um programa divertido para adultos. É curioso, apenas. Pensando em "homenagem", pode agradar por alguns minutos, mas é difícil o velho espectador achar muita graça neste tipo de humor.
As caracterizações de Mumuzinho (como Mussum) e Gui Santana (Zacarias) me pareceram muito boas. Bruno Gissoni não funcionou muito bem como o personagem de Dedé Santana, talvez o mais difícil de imitar pelo fato de ser o menos caricatural. Já Lucas Veloso mostrou talento ao reproduzir os trejeitos e a voz do eterno Didi de Renato Aragão, mas a presença do próprio humorista em cena, inclusive dividindo alguns esquetes, teve um efeito inibidor.
Acho que o teste do especial junto a um público mais jovem, na Globo, aos domingos, será decisivo para verificar se faz sentido esta ideia de reviver Os Trapalhões.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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