Mulheres formam a maioria do público de programa policial da Record
Mauricio Stycer
28/07/2019 05h01
Dados do Ibope ajudam a entender melhor o sucesso e o fascínio que o programa policial "Cidade Alerta" exerce. Vice-líder de audiência em São Paulo, a atração comandada por Luiz Bacci na Record durante o final da tarde foi vista em junho por um público predominantemente feminino (64%), com mais de 35 anos (73%) e majoritariamente da classe C (55%).
Este perfil é muito semelhante ao do universo de espectadores que estão sintonizados na Globo, na mesma faixa horária (16h45-19h50), exibindo basicamente novelas: 65% de mulheres, com mais de 35 anos (70%) e da classe C (54%)
Esta comparação ajuda a entender melhor a pauta e o estilo de apresentação do programa comandado por Bacci desde que substituiu Marcelo Rezende (1951-2017). O policial tem dado largo espaço para casos que envolvem violência contra mulheres e crianças, desaparecimentos e dramas familiares. E tem dado tratamento quase "dramatúrgico" a certas coberturas, esticando-as como se fossem novelas.
O apresentador, de sua parte, busca mostrar envolvimento com os casos e com as vítimas. Não sem exagero, como escrevi, por exemplo, à época do assassinato do ator Rafael Miguel, quando Bacci se colocou tão perto da namorada dele que deu a impressão de ser parente da moça.
Com contrato até 2022, Bacci tem se apresentado como uma espécie de missionário a serviço do seu público. Esta semana, por exemplo, aproveitando férias em Mykonos, na Grécia, ele encontrou tempo para escrever uma mensagem aos fãs, em sua rede social:
Disse ele: "Fazer o 'Cidade Alerta' pra mim é missão deixada por Marcelo Rezende. Faço pra ajudar de verdade. E vocês são testemunhas. É possível ver como meus olhos brilham por poder estender a mão a quem precisa de ajuda. ❤️"
Em junho, o "Cidade Alerta" registrou média de 10,5 pontos em São Paulo, ficando atrás da Globo (19,7 pontos) e à frente do SBT (6,5), Band (4,8) e RedeTV! (0,6). Os canais pagos, somados, registraram média de 8,6 pontos.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.