Astrid Fontenelle responde Luisa Mell e a acusa de intolerância religiosa
Em março desse ano, a apresentadora Luisa Mell criticou uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou constitucional o sacrifício de animais durante cultos religiosos. E na madrugada desta sexta-feira (25), a ativista entrou em uma nova polêmica ao publicar em suas redes sociais a foto de um cachorro com feridas nas patas e nas orelhas. Segundo Luisa, o animal teria tido "as duas patinhas de trás e as orelhas cortadas lentamente". Além disso, ela diz que salvou o filhote "antes de seu sacrifício final". A publicação foi duramente criticada nas redes sociais, já que não houve apresentação de provas, e uma veterinária se manifestou dizendo que o cachorro, na verdade, foi atropelado.
A também apresentadora Astrid Fontenelle usou o Twitter para se manifestar sobre o caso e acusou Luisa Mell de intolerância religiosa. "Chega de intolerância. Luisa Mell, mais uma vez, em nome da causa que abraçou se mostra racista, intolerância com as religiões de matizes africanas e como é adulta, inteligente, já poderia ter estudado mais", afirmou a jornalista.
Cineasta vê racismo religioso em acusação
Procurado pela Coluna do Leo Dias, Gabriel Sorrentino, estudioso e cineasta sobre religiões de matriz africanas, disse que se sentiu ofendido com as acusações de Luisa Mell e explicou como o abate religioso realmente acontece e frisou que são consumidos apenas animais que culturalmente são utilizados na alimentação humana, como galinhas, por exemplo.
"Me senti extremamente ofendido, assim como acredito que qualquer umbandista e candomblecista tenham sentido. O abate religioso - que não deve ser chamado de "sacrifício animal" - é uma questão cultural do candomblé, tradição que acontece há milhares de anos pelos povos que cultuam orixás. As pessoas precisam entender que isso é uma herança religiosa e que principalmente tem fundamento! O abate não acontece pelo "ato de matar". O abate acontece para dar força ao orixá e, ao mesmo tempo, essa força retorna para nós em forma de alimento. Todo animal que é ofertado ao orixá volta para nossa mesa. Nada é desperdiçado. Pelo contrário: aproveitamos o sangue, chamado de "ejé" em iorubá, para o orixá - afinal, o que possui mais energia do que o líquido que garante a vida? Aproveitamos a carne, onde servimos o alimento para os membros do terreiro, mas também àqueles da comunidade em torno do terreiro. Muitas casas, inclusive, prestam a famosa caridade divina da umbanda ao oferecer a carne do abate religioso às pessoas que passam fome e sequer tem dinheiro para comprar uma carne para juntar ao arroz e feijão", explica Gabriel Sorrentino, jornalista autor do documentário 'Cárcere dos deuses - magia ou memória em tempos de opressão', que trata sobre intolerância religiosa, e youtuber do canal Kobá, onde esclarece pautas sobre a religiosidade de matrizes-africanas.
Além disso, Sorrentino acrescenta o risco de uma pessoa pública como Luísa, que tem mais de três milhões de seguidores só no Instagram, publicar informações que fazem acusações graves às religiões:
"Isso nada mais é do que um racismo religioso. Focada justamente no mundo dela, com a formação cristã, onde qualquer traço de cultura da comunidade negra e de matriz africana é demonizada. Em um ano onde centenas de casas de umbanda e candomblé são invadidas, destruídas, depredadas e ameaçadas, uma "digital influencer", com tantos seguidores, formadora de opinião, divulgar uma acusação dessa é gravíssimo. Numa sociedade onde o ódio já está estruturado, ela oferece às pessoas que a seguem uma incitação ao ódio e à aversão às religiões de matrizes-africanas".
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