Manager de globais poderosos aponta o que um influencer deve ter: 'Verdade'
Não é de hoje que ser influencer - termo em inglês para quem, através de suas redes sociais, desempenha um papel de relevância e influência sobre seus seguidores - se tornou uma das "profissões" ou "meio de trabalho" mais desejados por quem quer um lugarzinho ao sol nos mundos digital e real. Após o sucesso da personagem Vivi Guedes, interpretada por Paolla Oliveira, na novela "A Dona do Pedaço", então, nem se fala.
Mas, o que é preciso fazer para ser, de fato, um "influenciador"? Mais que isso: como se destacar nesse meio tão novo, competitivo e lucrativo? Para responder a essas perguntas, a Coluna Leo Dias conversou com Pedro Tourinho, responsável por cuidar da imagem e das estratégias publicitárias e de conteúdo de diversas personalidades da mídia, como Anitta, Bruno Gagliasso, Regina Casé, Kondzilla e Gabriela Pugliesi, entre outros. Nos últimos tempos, ele foi responsável por projetos como o desenho animado "Clube da Anittinha", o lançamento internacional do álbum visual "Kisses", de Anitta, a carreira internacional do ator Marco Pigossi e o retorno de Regina Casé. Além disso, Tourinho é autor do livro "Eu, eu mesmo e minha selfie: como cuidar da sua imagem no século XXI", lançado em agosto deste ano e já considerado uma obra de referência no assunto. Pessoa mais indicada para falar a respeito, impossível.
De cara, Tourinho já aponta qual é a principal característica que um influencer deve ter: a veracidade, isso porque a imagem apresentada nas redes sociais não pode ser distante de quem se é fora delas. "Tem de ser de verdade. Custe o que custar. Ser de verdade em todo canto, ter uma imagem bem sintonizada de quem você é dentre todas as plataformas é o único caminho firme em nosso mundo hoje. Ninguém vai te julgar injustamente se você for sempre de verdade. Pessoas entenderão seus erros, vibrarão com seus acertos, vão compreender sua dinâmica e engajar verdadeiramente nas suas redes", diz ele, que, seguindo o próprio conselho e falando a verdade não gosta do termo influencer porque não acredita na influência como profissão.
"Acredito que alguém se torna influente por fazer algo, por ter uma atividade, uma profissão, uma história ou características especificas, mas não o oposto. Influenciar não pode ser um objetivo, mas, sim, uma consequência de se ser interessante, de ter feito algo ou de entender muito sobre um assunto.", diz o consultor, que reconhece que qualquer pessoa é capaz de influenciar alguém, ter uma audiência na internet e ganhar dinheiro com isso, mas que esse não pode ser o principal propósito. "O dinheiro tem de ser consequência de quem se é, do que se faz, e não o principal motivador, senão a história não é sustentável. Quando você se torna influente, tem de prestar muita atenção na sua autenticidade, no que seus seguidores realmente querem ver, e não só no que o mercado te pede. O mercado muda o tempo inteiro de interesses e objetivos. O mercado é oportunista, e, se você se joga no oportunismo, não vai criar um alicerce forte para uma carreira mais longa.", conclui.
Além da autenticidade, ter um propósito bem definido é, segundo Tourinho, um ponto fundamental para se destacar no meio de tantos influenciadores nos dias de hoje. "É preciso buscar aquilo que te motiva e te faz único. Saber expor sua visão de mundo, o tipo de mensagem que quer passar, o público que quer atingir, o que te define e te diferencia, e, acima de tudo, ter claro qual seu propósito, o que te leva a ir tão longe produzindo conteúdo, a gastar tanto tempo nisso.", afirma ele.
E em um momento de crise, como um influencer deve agir? Para o consultor de imagem, às vezes, o melhor é não reagir e deixar a "poeira baixar". "Muitas vezes o melhor a fazer é segurar a onda e não reagir para a crise perder força, pois, às vezes, ela não é verdadeira ou passa em 15 minutos, e, na Internet, se você se engaja numa questão assim, fatalmente também alimenta ela.", diz Tourinho. Ele ressalta a importância de se avaliar bem a questão para, se for o caso, reconhecer o erro que gerou a crise e buscar repará-lo. "Alguns passos são importantes: entender o que há de verdade na questão, assumir o erro, pedir desculpas e se solidarizar com envolvidos.", conta Tourinho, que acredita que existe salvação para qualquer situação. "Pode demorar um tempo e, muitas vezes, exigir mudanças, mas sempre há salvação.", diz.
Tourinho aproveita para criticar a "cultura do cancelamento", que tem se tornado cada vez mais forte nas redes sociais, quando pessoas influentes têm um posicionamento considerado incorreto por um determinado grupo. "A cultura do cancelamento é um fato, mas acredito que seja mais um fenômeno das redes do que uma coisa que faça sentido em si. A vida, nossa história, é feita de erros e acertos e, se você não dá a chance de a pessoa mudar, cancela antes do aprendizado, a violência acaba sendo desproporcional às possibilidades.", diz. Entretanto, o consultor espera que esse seja um fenômeno pontual: "É uma questão de amadurecimento das redes também. Espero que mude."
Sobre marcar posicionamento em relação às mais diversas questões, fato corriqueiro na vida de um influencer, Tourinho ressalta que é preciso que se entenda que dar opinião sobre um determinado assunto não deva ser encarado como uma obrigação, nem pelo dono do perfil na rede social nem por seus seguidores. Segundo ele, é necessário que se haja liberdade, inclusive para não opinar. "As redes sociais são desenhadas para que a gente seja estimulado a se posicionar, a postar sobre tudo e todos o todo tempo. Não nos dão a possibilidade do silêncio e, muitas vezes, da reflexão. É preciso que se tenha o direito ao silêncio, a eventualmente não ter uma opinião ou querer dar opinião num tempo em que se entende como certo. Eu prefiro quem se posiciona. Acho importante se posicionar, mas também busco entender o tempo, o aprendizado e o silêncio de cada um.", finaliza.
* Com reportagem de Geizon Paulo
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