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Caridade na África custa caro para Rafa Kalimann, mas e os benefícios?

Rafaella Kalimann na África - Reprodução/Instagram
Rafaella Kalimann na África Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

28/03/2020 09h00

Há alguns dias, quando toda a pandemia do coronavírus começou a se desenrolar, um dos momentos que mais chamaram a atenção do público aconteceu dentro da casa do Big Brother Brasil. Os participantes foram comunicados por Tiago Leifert do que rolava no mundo exterior e, de todos eles, quem mais se afetou foi a mineira Rafaella Kalimann: a influenciadora começou a chorar copiosamente ao perguntar os impactos da doença pela África.

Mas porque a preocupação com a África? Se você não é um leitor assíduo da Coluna do Leo Dias, nos permita resumir: em janeiro, pouco depois da confirmação de Rafa Kalimann no BBB, publicamos um artigo revelando todo o processo de transformação dela de blogueira fútil para uma espécie de missionária e até mesmo uma coach foi contratada para colaborar com essa mudança.

Ser uma missionária e ajudar as crianças africanas, porém, passa longe de ser algo barato. A Coluna do Leo Dias conversou com diversas ONGs e com fontes do mercado publicitário para revelar, em primeira mão, qual é o custo do "altruísmo" das celebridades.

Rafa Kalimann, por exemplo, é embaixadora de uma ONG que cuida de cerca de 680 crianças africanas, com idades que variam entre 4 e 6 anos. Sua primeira viagem, há seis anos, foi bancada por um bazar beneficente em que ela vendeu todo o seu guarda-roupa.

Não basta, porém, ter boa vontade. É preciso ter paciência: as organizações que intermedeiam viagens de caridade para a África costumam ter até fila de espera! Além de pagar integralmente os custos da viagem, que variam entre R$ 6 mil e R$ 10 mil, a celebridade interessada precisa obrigatoriamente apadrinhar uma criança, passando a doar mensalmente uma quantia para o seu conforto e segurança.

Depois de ter vendido todo o seu guarda-roupa, Rafa partiu para um projeto maior: tentar comover o país com uma grande campanha de angariação de fundos, batizada de Missão África. A "vaquinha", que ainda está aberta, já arrecadou mais surreais R$ 679 mil, contando com doações de 11616 pessoas.

O resultado dessa campanha, vale dizer, começou a crescer exponencialmente com a aparição diária da influenciadora na Globo. Prova disso é o desempenho de outra campanha feita por ela, o Natal Espalhe a Luz, no final de 2019, que ficou R$ 5 mil abaixo de sua meta.

No Big Brother, a ex-blogueira fútil virou uma das queridinhas do telespectador. Se você é jovem e usa o WhatsApp, certamente já recebeu algum sticker de Rafa Kalimann com frases religiosas, mesmo que em tom de deboche. E, até a publicação deste texto, ela mais que dobrou seus seguidores no Instagram: ao entrar no confinamento, tinha 3 milhões. Agora, suas publicações são acompanhadas por 8 milhões de pessoas.

Para entender melhor esse fenômeno, a Coluna do Leo Dias conversou com Josuá Barroso, especialista em gerenciamento de crise. Para ele, Rafa Kalimann é um "case bem-sucedido", já que agiu de maneira preventiva e passou a se envolver com ações comunitárias antes de ter seu nome relacionado em polêmicas dentro do confinamento do BBB20.

"Ela estimulou as pessoas a terem um sentimento forte por tudo que ela faz e conseguiu associar a própria imagem a isso. Se você escuta o nome dela e tem ciência das ações que ela protagoniza, vai ter compaixão. E assim vai acabar relevando eventuais deslizes", opinou Barroso.

Por sinal, a soma de altruísmo com exposição diária na maior rede de televisão da América Latina está engordando bastante a conta bancária da influenciadora. Há um ano, ela cobrava a bagatela de R$ 3 mil por uma publicação em seu feed no Instagram. Agora, se você quiser ter a sua marca atrelada a imagem dela, o valor mínimo é de R$ 14 mil — variando conforme a empresa envolvida na ação.

A Coluna do Leo Dias também ouviu Silvia Colmenero, da Textos + Ideias. A jornalista, que atua na assessoria de imprensa de duplas como Henrique & Juliano e Maiara & Maraísa, avalia que a participação de celebridades em campanhas humanitárias é uma tendência praticamente irreversível.

"Vejo como uma valorização do ser humano e não propriamente do artista. Toda pessoa tem de adotar práticas saudáveis e de bom senso, como não ostentar por aí. Isso é num geral... têm muitas pessoas que estão em pânico com o dia seguinte. A pessoa pública tem de usar seu prestígio para orientar quando são recomendações fundamentadas, como lavar as mãos e usar álcool gel. Assuntos mais profundos têm de ser tratados por especialistas no assunto", sentencia ela.

*Com colaboração de Michaele Gasparini

Blog do Leo Dias