Morre o jornalista Marcelo Rezende aos 65 anos após luta contra o câncer
Morreu neste sábado (16), aos 65 anos, o jornalista Marcelo Rezende, após lutar durante quatro meses contra um câncer no pâncreas e no fígado. A informação foi confirmada pela Record e noticiada no "Cidade Alerta", programa que ele apresentou durante seis anos.
Marcelo Rezende estava internado desde a última quarta-feira (13), com um quadro de pneumonia, no hospital Moriah em São Paulo, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. O jornalista deixa cinco filhos, de cinco relacionamentos diferentes, e duas netas, além da namorada, Luciana Lacerda.
"Com profundo pesar, comunicamos o falecimento do jornalista e apresentador Marcelo Rezende, 65 anos, às 17h45, no dia 16 de setembro de 2017, no Hospital Moriah, em São Paulo", informou o hospital, em nota à imprensa.
Nas redes sociais, companheiros de trabalho e amigos, entre eles, Ticiane Pinheiro, Amaury Jr. e a cantora Simony, lamentaram a morte.
O velório do jornalista será na Assembleia Legislativa, em São Paulo.
Luta contra o câncer
Rezende afastou-se da TV em maio e anunciou que estava com câncer em entrevista ao "Domingo Espetacular" exibida no dia 14 daquele mês. A gravação aconteceu no dia 8, horas antes de o jornalista ser internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, e submeter-se à primeira quimioterapia.
Eu não tenho medo da morte, porque o homem que tem fé não tem medo, ele sabe que irá vencer", disse Marcelo Rezende ao "Domingo Espetacular".
Durante o tratamento, o jornalista teve a companhia da namorada, da filha mais velha, Patrícia, e amigos como Geraldo Luís, apresentador do "Domingo Show", e Fabíola Gadelha, pupila de Rezende no "Cidade Alerta".
Marcelo Rezende causou polêmica ao abandonar a quimioterapia e aderir a métodos alternativos. O apresentador apareceu cada vez mais magro e abatido em vídeos publicados por ele no Instagram. Colegas de profissão como Milton Neves chegaram a fazer apelos públicos para o jornalista retomar o tratamento convencional no hospital.
Em sua última aparição pública, Marcelo Rezende publicou um vídeo no Instagram em 3 de setembro dizendo estar confiante para curar o câncer.
"Muita gente vive de boato, e no meu caso até entendo, porque não é toda hora que temos uma informação. O câncer que eu tenho tem altos e baixos, é como uma montanha-russa, mas o importante é que eu estou firme. E aí a cura vai chegar. eu tenho certeza dela, porque Deus está comigo, Deus está contigo", disse ele.
Trajetória começou no esporte
Nascido a 12 de novembro de 1951, no Rio de Janeiro, Marcelo Luiz Rezende Fernandes não queria saber de estudar na adolescência. Aos 17 anos e matriculado em um curso técnico de mecânica, conheceu o "Jornal dos Sports" por intermédio de seu primo, Merival Júlio Lopes, que trabalhava na publicação. O adolescente ajudou um jornalista a datilografar, sem saber que ele era o editor-chefe, e ganhou uma oferta de emprego como repórter.
Ainda na cobertura esportiva, Rezende migrou para a rádio Globo e depois para o jornal O Globo, onde trabalhou como redator ao lado dos novelistas Aguinaldo Silva e Gilberto Braga. Em 1979, foi contratado pela revista Placar. Como representante da publicação, participou da histórica entrevista de Ayrton Senna ao programa "Roda Viva", da Cultura.
Marcelo Rezende chegou à TV em 1987, como repórter e editor do "Globo Esporte". Na emissora, trabalhou em campeonatos regionais e nacionais, e também na Copa América de 1989, sediada no Brasil e vencida pela seleção liderada por Romário. No mesmo ano, foi transferido para a cobertura policial e estreou com o assassinato do empresário José Carlos Nogueira Diniz Filho.
Consagração no jornalismo policial
Nos anos 90, Rezende destacou-se como repórter investigativo e conquistou notoriedade com o caso da Favela Naval, exibido no "Jornal Nacional" de 31 de março de 1997, em que policiais foram registrados por um cinegrafista amador torturando e atirando em pessoas em Diadema, na Grande São Paulo.
Consagrado como repórter policial, Marcelo Rezende tornou-se apresentador em maio de 1999, no relançamento do programa "Linha Direta", que reconstituía crimes não solucionados com a narração impactante do jornalista.
Em 2002, deixou a Globo e foi contratado pela RedeTV!, onde apresentou o "Repórter Cidadão" e o "RedeTV! News". Também passou pela Band, com o programa "Tribunal na TV", em 2010.
"Corta pra mim!"
Na Record, comandou o "Cidade Alerta" em dois períodos: entre 2004 e 2005 e entre 2012 e 2017. No programa policial, Rezende consagrou o bordão "Corta pra mim!", que nasceu por acaso, inspirado em um diretor irritado de outra emissora. A frase virou título do livro do jornalista, lançado em 2013, com os bastidores de suas principais reportagens investigativas.
Nos últimos anos, Marcelo Rezende conseguiu levar humor ao "Cidade Alerta" por meio das brincadeiras com o comentarista policial Percival de Souza e os repórteres Luiz Bacci e Fabíola Gadelha, apelidada pelo apresentador de "Rabo de Arraia". Os dois foram promovidos e comandaram o programa nas férias de Rezende.
O jornalista também apresentou o "Repórter Record" e voltou a realizar grandes reportagens investigativas no "Domingo Espetacular".
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