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"Hoje a piada passou a doer muito mais", diz ex-Casseta Claudio Manoel

O ator Claudio Manoel em entrevista ao "Conversa com Bial" - Reprodução/Globo
O ator Claudio Manoel em entrevista ao "Conversa com Bial" Imagem: Reprodução/Globo

Jonathan Pereira

Colaboração para o UOL

16/05/2019 11h06

Claudio Manoel relembrou os tempos de "Casseta & Planeta, Urgente!" e as mudanças no humor no "Conversa com Bial" de ontem (15). O programa tinha um viés de fazer piadas sobre a situação política do país, nas décadas de 1990 e 2000, coisa que, em tempos de polarização, ofende um dos lados.

"A gente se divertia batendo indiscriminadamente. Hoje é tudo muito maior. Se fizer uma piada boa sacaneando o Bolsonaro, a galera dele não acha graça, não tem jeito. E se faz do PT, quem é PT também não acha. A piada passou a doer muito mais. Não que a piada fosse neutra, isenta, mas parece que ela hoje machuca muito. Todo mundo já vem defendido", avalia.

O humorista afirma que sempre acreditou que esquerda e direita tinham algo em comum. "A gente sempre teve essa intuição, que os extremos se encontram. A devoção, a adoração pelo líder messiânico, pelo pai do povo é igual, os dois lados têm. No nosso canal no Youtube a gente sente isso mais evidente".

Ele rejeita o rótulo de politicamente incorreto. "Acho que todas essas discussões são válidas, desde que se deixe de lado a pretensão de uma época julgar a outra. Não me lembro de um dia a gente fazer uma reunião pensando 'está faltando uma piada politicamente incorreta' A gente fazia piada".

Claudio avalia um dos motivos de a atração não estar no ar há alguns anos. "A gente fazia a piada na véspera, hoje as pessoas fazem no minuto, está no celular. A TV entrou na linha de produção de temporada e perdeu a quentura, que está na internet. Não é uma crítica, é um caminho".