Namorada de Rafael Miguel diz ser cobrada sobre assassino: "Não acho justo"

As mortes de Rafael Miguel e seus pais completam hoje dois meses. Namorada do ator e filha do único suspeito do crime, Paulo Cupertino Matias -- que continua foragido --, Isabela Tibcherani enviou uma carta ao UOL em que fala sobre a dificuldade de retomar sua vida após a tragédia e pede justiça.

Em seu depoimento, a jovem de 18 anos comenta o sofrimento: "Falo por mim, os dias têm sido incertos, ora penso estar bem, lidando com tudo da melhor forma, ora me vejo sem chão, ao pensar que tudo é real e não pode ser revertido".

"Pensar que as pessoas que amamos não voltarão mais, que não estão apenas em uma viagem, é uma dor inexplicável".

E ela também diz que espera pelo dia em que o assassino do namorado e dos pais dele seja preso: "Não podemos parar de viver. Por mais difícil que seja, temos responsabilidades e obrigações e é preciso segui-las mas, o desejo latente, de todo momento, é que chegue o dia em que veremos a notícia que tanto esperamos", afirmou.

Isabela também critica as cobranças feitas a ela e aos familiares de Rafael sobre as informações de Paulo Cupertino.

"Vale ressaltar, também, que não acho correto e justo tamanha cobrança da parte de pessoas de fora, tanto para comigo quanto para com a família do Rafael sobre o paradeiro do indivíduo. Nós não temos as respostas. Se tivéssemos, claramente, teríamos feito algo a respeito", declara.

O caso, registrado como homicídio consumado, é investigado pelo 98º Distrito Policial (Jardim Miriam) e as equipes tentam prender o suspeito pelo crime, que fugiu do local logo depois de disparar contra o ator e os pais dele. Segundo o boletim de ocorrência, ao qual a reportagem do UOL teve acesso, Paulo Cupertino era contra o namoro da filha, Isabela Tibcherani, com o ator.

Rafael Miguel trabalhou em novelas como Pé na Jaca e Cama de Gato, na Globo, e Cristal e Chiquititas, no SBT. Ele também ficou famoso por um comercial de TV, gravado na infância, em que pedia para a mãe comprar brócolis.

A seguir, leia a carta na íntegra de Isabela Tibcherani:

"Completam-se 2 meses do pior dia das nossas vidas e, como esperado, permanecemos sem respostas. Foge do nosso entendimento o porquê de não ser dada a devida importância para um caso de tamanha comoção, que envolve tantas famílias e que gerou tanto sofrimento.

Falo por mim, os dias têm sido incertos, ora penso estar bem, lidando com tudo da melhor forma, ora me vejo sem chão, ao pensar que tudo é real e não pode ser revertido. Pensar que as pessoas que amamos não voltarão mais, que não estão apenas em uma viagem, é uma dor inexplicável.

Penso que, o mínimo que podemos fazer, é depositar nossas esperanças e nossa fé em Deus, como temos feito (o que não torna nada mais fácil) mas, apenas confiar.

Esperamos, sim, uma ação mais eficaz da justiça para nos trazer respostas e resolução. É o mínimo, já que não podem nos trazer de volta tudo que nos foi tirado.

Não podemos parar de viver. Por mais difícil que seja, temos responsabilidades e obrigações e é preciso segui-las mas, o desejo latente, de todo momento, é que chegue o dia em que veremos a notícia que tanto esperamos.

Vale ressaltar, também, que não acho correto e justo tamanha cobrança da parte de pessoas de fora, tanto para comigo quanto para com a família do Rafael sobre o paradeiro do indivíduo.
Nós não temos as respostas. Se tivéssemos, claramente, teríamos feito algo a respeito".