Lucélia Santos compara governo Bolsonaro a alienígenas do mal: "Desumanos"
Lucélia Santos está de volta às novelas, depois de quatorze anos. A atriz veterana, que atuou pela última vez em Cidadão Brasileiro (2006), na Record, deve estrear em breve em Vida Louca, trama que o autor Rui Vilhena escreve para a TVI, de Portugal. Mas, se por um lado a atriz comemora o novo papel e sua vida no país europeu, as notícias do Brasil desde que Jair Bolsonaro (PSL) assumiu a presidência têm lhe tirado o sono.
"Sinto tudo que acontece todos os dias, às vezes nem consigo dormir direito de tanta angústia quando vejo as cenas de corte das árvores ou os bichos morrendo nos incêndios e queimadas. Morro junto com eles. Sou muito conectada a essa floresta especificamente e a todos os seres viventes", afirma ela ao UOL.
Defensora de longa data de causas ambientais e com uma posição firme de esquerda, a atriz afirma que o que a deixa mais assustada atualmente é a situação da Amazônia. Recentemente, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgou uma série de dados que mostravam alta no desmatamento da floresta. As foram questionadas por Bolsonaro e o presidente do Inpe, Ricardo Galvão, foi exonerado .
"O que mais me assusta é a destruição da Amazônia acima de todas as outras ações do atual governo. Porque isso é irreversível, realmente assustador! Pra toda a humanidade, pra todos os seres vivos desse planeta", diz.
As críticas ao governo, que levou à TV portuguesa, fizeram a atriz ser alvo de ataques de apoiadores do governo nas redes, que a acusaram de tentar prejudicar a imagem do país no exterior. Líder do governo na Câmara dos Deputados, a deputada Joice Hasselmann compartilhou um vídeo de Lucélia criticando o governo em entrevista à TVI. "A histeria parece ter tomado conta destes militantes!", debochou.
Lucélia ressalta que suas críticas não são voltadas ao país, mas aos governantes.
"Não falo mal do Brasil, pois amo o Brasil, só o enalteço. Falo mal, sim, desse desgoverno e sua crueldade, sua malícia e sua milícia, sua selvageria e brutalidade. Eles não são humanos, acho que são uma espécie de alienígenas do mal que se estabeleceram em Brasília", dispara a atriz, que não mede críticas (e ironias) à atual gestão.
"Pra chegar lá devem ter colocado alguma droga nos computadores e nas redes sociais e na água que as pessoas bebem e ficaram todos dominados, erguendo uma espécie de livro sagrado e repetindo slogans desconectados da realidade, fazendo gestos obscenos com dois dedinhos, indicando violência e morte, e conseguiram vampirizar os incautos. E mais: só falam escatologia e amam pornografia. Estou chocada!".
Lucélia, no entanto, se mantém otimista em relação ao futuro e cita os atos pró-educação que vem ocorrendo em várias cidades como um movimento que a deixa esperançosa.
"Temos uma juventude arretada e rebelde! Vamos lutar pela Amazônia e pela soberania dos seus povos originais, pelos índios brasileiros e pelas mulheres, pelo povo negro e pela comunidade LGBT. Lutar pelo Brasil, seus rios, suas florestas que eu amo e continuarei defendendo de todo o mal até o dia da minha morte, amém", frisa.
Aproveita ainda para rebater algumas das mensagens de apoiadores do governo: "A terra não é plana, a ditadura militar existiu, perseguiu, matou, humilhou e torturou adultos e crianças. Ustra não é herói, é um assassino. E eu não sou comunista! Sou, sim, antifascista, ok?".
Homenagem a Pêra e Montenegro
Quando não está ligada na política brasileira, a atriz está focada nas gravações de Vida Louca, na qual viverá Marília Montenegro, uma milionária paulistana que chega a Portugal após uma tragédia "relacionada à filha e à futura neta", mas ela não revela mais detalhes.
"Óbvio que estava mais que na hora de voltar a fazer novelas. E aí surgiu esse convite maravilhoso: agarrei!", conta ela, que foi convidada pelo autor Rui Vilhena, autor de novelas portuguesas que atuou no Brasil em tramas como Fina Estampa (2011) e Boogie Oogie (2014).
O nome da vilã, inclusive, é uma referência a duas estrelas das novelas brasileiras: Marília Pêra (1943 - 2015) e Fernanda Montenegro, homenagem que deixou a atriz orgulhosa. "Uma alegria incorporar esse nome cheio de vida, talento e significado. Queira eu ter mérito pra cumprir à altura essa missão!".
Conhecida em Portugal e em vários países desde Escrava Isaura (1976), maior sucesso de sua carreira, Lucélia também voltará a contracenar com o ator brasileiro Edwin Luisi, seu par romântico na trama de Gilberto Braga.
"Edwin Luisi é um excelente ator, além de amigo há tantos anos. É muito gostosa essa parceria, não nos tínhamos encontrado ainda desde A Escrava Isaura. Muito feliz por isso", comemora a atriz que, como outros colegas brasileiros, disse ter se adaptado bem à vida portuguesa.
"A adaptação é tranquila: boa gente, boa comida, bons colegas, bom vinho, trabalho e ainda de brinde minha família mais próxima está aqui: filho, nora e neta. Sinto falta da minha floresta da Gávea e dos meus bichos: quatro gatos, um cachorro e minhas árvores".
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