Susana Vieira volta à TV e afirma: "Não há cura para a leucemia que tenho"
Quem está amando ver Susana Viera brilhar na pele da sarcástica e cruel Branca Letícia de Barros Mota, na reprise de Por Amor (Globo), já pode ficar animado. Em breve, a atriz estará no ar com outra personagem ferina. Ela será a tia Emília da nova versão de Éramos Seis, que a Globo deve levar ao ar em setembro. A trama é o primeiro trabalho inédito da atriz depois de, no final do ano passado, ter revelado que está há anos em tratamento contra uma leucemia linfocítica crônica.
Em entrevista ao UOL, Susana comemora seu novo trabalho, fala sobre as reflexões que o ano passado lhe trouxe por conta da doença e se mostra pronta para continuar seguindo.
Lembrei que estava havia 50 anos sem parar de trabalhar. Depois de um ano, melhorei e vi tudo sob controle. Minha doença é controlada. Fiquei com vontade de trabalhar, liguei para o Silvio [de Abreu, diretor geral de dramaturgia da Globo] e falei que queria voltar. Ele procurou algo bom para mim e veio esse papel maravilhoso. Uma novela das seis, com o Carlos Araújo [diretor da trama]. Estou muito feliz! Agradeço muito por eu não ter desistido de viver, não ter desistido de nada.
Susana lembra que, no começo, quando recebeu o diagnóstico, teve um grande susto, pois nunca cogitou a possibilidade de ficar doente. Ela, inclusive, orgulha-se de nunca ter deixado de trabalhar por conta de algum problema de saúde.
"Chegar aos 70 anos sem doença nenhuma era algo de que me orgulhava. Não posso falar que seja arrogância, porque se tratava de uma vitória, uma bênção de Deus e sinal de que eu fiz escolhas certas na vida. Acredito que o fato de eu ser alguém alto-astral o tempo todo tenha ajudado muito para isso. Tenho 50 anos de TV e nunca faltei porque estava doente. Devo ter ficado, é claro, mas nunca precisei faltar por isso", lembra ela.
A atriz enfatiza que o trabalho, que já exerce há décadas, sempre foi sua principal preocupação após receber o diagnóstico, pois não queria parar de trabalhar por conta do câncer.
"Quando descobri que estava com leucemia, descobri também que não existe cura para o tipo de leucemia que eu tenho. Ela é crônica. Vou conviver com essa doença pelo resto da minha vida. Foi o que mais me assustou, porque eu me perguntei como trabalharia fraca daquela maneira. Além disso, naquele momento, descobri também uma anemia hemolítica autoimune e não podia fazer transfusão de sangue. Minha preocupação era o trabalho, pois é o que mais amo fazer."
Ela diz que o filho, Rodrigo Vieira, ficou apavorado com a possibilidade de ela morrer. Entretanto, uma luz apareceu: enquanto estava internada no CTI, ela recebeu a visita da mulher do filho, que lhe acompanhou e renovou suas forças, e, com o tempo, Susana foi melhorando.
"Meu corpo reagiu bem também porque eu tinha saúde. Mas o estado de espírito foi importante. Descobri que não tinha raiva de Deus, não pedi a ele para me curar. Não pedi nenhuma vez. Fiquei pensando no que as pessoas passam e não me permiti questionar "por que comigo?". Por que não? Sou igual a todo o mundo. Então eu aceitei. Voltando para casa, comecei a ficar alegre, a me sentir feliz mesmo sem trabalhar", lembra Susana.
Família é tudo
"Minha família sempre foi o mais importante para mim. Meu filho, sua primeira esposa, minha nora atual, meus netos, minhas irmãs, meus irmãos, são as pessoas mais importantes da minha vida", afirma a atriz.
Aliás, o novo trabalho de Susana na TV, Éramos Seis, é uma obra que fala essencialmente da família, contando a saga dos Lemos através de décadas.
A obra, escrita por Ângela Chaves, é um remake da exibida pelo SBT em 1994, protagonizada por Irene Ravache e Othon Bastos. Agora, a trama será protagonizada por Gloria Pires e Antônio Calloni.
"É importante dizer que toda novela tem uma família. O ser humano é feito dele e de sua árvore genealógica. 'Éramos Seis' trata disso, das relações entre as pessoas, entre os familiares, os amigos. Há sentimentos, há dor, e isso também faz parte da gente. A novela é sobre isso, sobre você enxergar o outro, ver o drama do outro. A arte faz com que você conheça o drama de todas as pessoas do mundo", opina Susana.
Nessa dinâmica de enxergar o outro, Susana relembra um momento tocante entre ela e o ator Pedro Sol, que interpreta Alfredo na primeira fase da trama.
"Em uma das preparações que fizemos juntos, estávamos dançando, eu e o Thiago Justino [que interpreta Higino, mordomo de Emília na novela]. Quando terminamos, Pedro me tirou para dançar e, com uma abordagem muito carinhosa, disse que gostaria que eu encenasse no teatro uma peça sobre a história da minha vida. Isso porque, dias antes, eu, Glorinha Pires e Camilla Amado comentávamos com o elenco mais jovem, incluindo as crianças, sobre a importância de uma novela de época para o ator. Ele disse, então, que poderia ficar um dia inteiro só ouvindo minhas histórias."
Tia má
Na novela, a personagem de Susana é uma mulher prepotente e preconceituosa, que não poupa palavras ásperas às pessoas. Apesar de tudo isso, a atriz não vê Emília como vilã.
"Ela é uma personagem antagônico à da protagonista, que é a Lola. Não poderia dizer que é uma vilã, porque ela não vai fazer coisas más. Mas ela tem uma atitude não muito simpática com a família central da novela. A Emília é uma mulher muito rica, esnobe, um pouco antipática e dura. Ela é tia de Lola e de suas irmãs, Clotilde [Simone Spoladore] e Olga [Maria Eduarda de Carvalho], mas tem com elas uma relação cheia de cerimônias, muito porque são de classes sociais diferentes", explica.
Na trama, Emília também é amargurada, pois sua filha, Justina (Julia Stockler), tem um distúrbio mental: "Ela gostaria de exibir as filhas para a sociedade, mas, devido ao distúrbio da filha mais velha, acha melhor mandar a mais nova, Adelaide [Joana de Verona] estudar na Europa. E, com isso, se sente muito solitária. Ela tem uma relação de afeto com a Justina, que mora com ela, mas não é visível esse afeto porque, como ela tem um distúrbio mental, não há cenas de carinho".
E Susana terá uma grande missão: viver uma personagem que já foi defendida por Nathalia Timberg, uma de suas ídolas.
"Eu me sinto profundamente orgulhosa por interpretar um papel que foi dado à Nathalia Timberg anteriormente. Nathália, Laura Cardoso e Marília Pêra são as grandes professoras que tive, embora Marília e eu tivéssemos a mesma idade. Aprendi muito com as três, e Nathália sempre foi uma referência para mim. Quando Silvio de Abreu me convidou para esse papel e disse que, além de contracenar com Glorinha Pires eu faria uma personagem vivida antes por Nathália, fiquei muito feliz. E tenho certeza de que farei com que todo o mundo veja essa Emília com os mesmos olhos de admiração e de encantamento de antes."
O frio na barriga vem mesmo por interpretar alguém que é tão diferente de quem eu sou. Uma pessoa discreta, que fala baixo, sem gesticular. Estou aprendendo a ser assim com a Emília. Até mesmo a questão de não demonstrar carinho pela filha para mim será difícil.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.