Inacreditável? Laura Muller foi jornalista e tinha vergonha de falar pênis
Quem assiste à sexóloga Laura Muller esclarecendo dúvidas sobre sexo no Altas Horas (Globo) dificilmente pode imaginar a especialista no lugar de quem faz a pergunta. Mas, antes de ser psicóloga e educadora sexual, ela foi jornalista e começou a carreira no como repórter, com bloco e gravador nas mãos.
No começo dos anos 1990, Laura corria atrás de notícias para a editoria de ABCD da Folha de S.Paulo e, depois, para o caderno Cidades do jornal Folha da Tarde —que é atualmente o jornal Agora.
"O que mais me marcou quando eu era repórter, especialmente de cidades, é que, quando eu ia fazer a cobertura de algum crime, eu não me interessava tanto pelas informações que os jornalistas precisavam levantar. Queria saber as motivações que tinham levado aquela pessoa a cometer um crime. Depois que entrei na psicologia, entendi que, desde o início, sempre fui muito mais de olhar o lado psicológico do que o 'como?', 'o que?', 'por quê?' exigidos pelo jornalismo", lembrou Laura, de 49 anos, em entrevista ao UOL.
Em 1996, veio o desafio de falar sobre sexo. Ela foi chamada para editar a seção da revista Claudia dedicada ao assunto.
"Resolvi tentar outras áreas e pintou uma vaga na editoria de sexo da Claudia. Topei o desafio. Era um momento em que as revistas estavam reposicionando seu conteúdo para falar mais sobre sexualidade, porque ainda era um assunto tabu. Na época, não sabíamos ainda como fazer isso", contou a sexóloga, que, até se tornar especialista, também enfrentou dificuldades para abordar o tema.
"Quando comecei, achei muito difícil e foi justamente isso que me levou a fazer especialização em educação sexual. Mas acabei me apaixonando pela área", revela.
E foi diante dessa nova empreitada que Laura viu que ainda não era tão fácil assim discutir sexo. "De cara achei difícil. Nas minhas primeiras entrevistas, eu ficava envergonhada de falar o que hoje eu falo com a maior tranquilidade. Ficava com vergonha de falar pênis, vagina, de fazer perguntas. Eu via que os especialistas que eu entrevistava conversavam naturalmente sobre o tema e pensei: 'Preciso me especializar para rever meus conceitos, meus preconceitos e ficar um pouco mais embasada em um tema tão polêmico quanto o sexo'."
Com o tempo, já após a especialização, Laura viu que não só ela tinha travas ao falar do tema, mas outros jornalistas também. Passou, então, a fazer palestras sobre o assunto. "Falei muito a jornalistas sobre sexualidade e mídia por anos. Percebi que era um tema complexo e não bastava eu falar sob o ponto de vista do que eu conhecia, da minha vivência pessoal, da minha sexualidade. Precisava entender mais a fundo e estudar, até para formular perguntas mais adequadas para entrevistar, escrever e editar."
O primeiro livro —de um total de seis— veio quando quando ela ainda atuava como jornalista: 500 Perguntas Sobre Sexo, resultado das respostas que deu a 500 cartas recebidas na revista Claudia. O êxito dos livros e das palestras a levaram à psicologia.
Câmeras
O sucesso da sexóloga em seu quadro de perguntas e respostas no Altas Horas, que já tem 12 anos, é tão grande que em 2019 ela teve sua participação no programa ampliada. Ganhou o Carona com Laura Muller, no qual tira dúvidas de famosos sobre sexo durante um passeio de carro.
"A oportunidade de trabalhar na TV surgiu mais em decorrência do trabalho que eu já fazia de palestras pelo Brasil e do meu traquejo de falar em público. Não veio do jornalismo especificamente", analisa.
Laura foi também jogadora de vôlei por uma década, dos 9 anos aos 19 anos. Nascida em Juiz de Fora (MG), viajou a São Paulo para jogar no Esporte Clube Pinheiros aos 16 anos. "Entre os 18 e os 19 anos, fui para o jornalismo e comecei a mudar de área. Eu era baixa para a posição de atacante", lembra.
Diferentemente de outros atletas, que migram para o jornalismo esportivo, Laura não pensou nessa hipótese. "Na faculdade, as dificuldades eram tantas que, logo que me formei e tinha a vaga na Folha, entrei. Depois a gente começa a escolher, mas no começo vai aonde te chamam", diz, rindo.
Idealização
Laura conta que evita abrir as mensagens fechadas que recebe pelas redes sociais para não se deparar com recados desagradáveis.
"Chegam falas das mais variadas, mas no inbox acabo nem olhando. Não interajo com esse lado. As cantadas para a sexóloga têm a ver com a imagem que as pessoas têm da mídia, elas idealizam e projetam muito. Me veem bonitinha na TV, falando sorridente, mas estão vendo um recorte. Ali, estou fazendo meu trabalho de esclarecer dúvidas sobre sexualidade."
No dia a dia, Laura diz que leva, apesar da rotina atribulada, uma vida tranquila, com direito a acordar de cara amassada e a namorar bastante. Desde o ano passado, ela namora o advogado Ricardo Ferreira. "Tento levar uma vida normal. Tento ter tempo para amigos, novas ideias, projetos e namorar. Estou superapaixonada."
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