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Geisy diz que escreveu livro excitada e revela projeto "proibidão" de sexo

Geisy Arruda - Reprodução/Instagram
Geisy Arruda Imagem: Reprodução/Instagram

Felipe Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

30/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Geisy Arruda lança o seu primeiro livro de contos eróticos, O Prazer da Vingança, em dezembro
  • A obra traz a história de Gisele, uma jovem que resolveu se vingar do marido após uma traição
  • A autora mesclou experiências reais com outras fictícias nos 11 contos que completam o livro
  • Ela afirma ter se libertado sexualmente após a cirurgia íntima que realizou e conta como perdeu a virginidade
  • Além do livro, a influenciadora digital fala de seu novo projeto: o Proibidão da Geisy

Geisy Arruda se aventura no universo da literatura erótica e lança o seu primeiro livro de contos, O Prazer da Vingança, programado para sair on-line no dia 5 de dezembro. Dez anos após ser hostilizada por estudantes de uma universidade, no rumoroso episódio que a tornou conhecida, a influenciadora digital, que já foi repórter, humorista, participante de reality show e "ela mesma" nos diversos programas de TV de que participou, resolveu usar a sua força nas redes sociais para falar do assunto que gosta e que cada vez mais vem aprendendo a dominar: sexo.

Dona de um canal no YouTube sobre o assunto, lançado há pouco tempo e chamado Ponto G, Geisy fala para mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram sobre temas picantes e, muitas vezes, polêmicos, a exemplo da experiência com shibari, a técnica sadomasoquista em que um dos parceiros é imobilizado com cordas.

Em entrevista ao UOL, Geisy revela como foi o processo de criação do livro, conta detalhes de sua vida sexual —como quando perdeu a virgindade — e promete romper ainda outros tabus em um novo projeto batizado por ela como Proibidão da Geisy.

"Quando se fala de sexo no Brasil, as pessoas no geral são muito reprimidas e preconceituosas. Algumas mulheres pensam em sexo como reprodução. É como se o sexo fosse só papai e mamãe. As pessoas limitam o sexo de maneira tão cruel. Como se fosse algo banal. Sexo para mim é uma arte", afirma.

UOL - Você já fez de tudo um pouco na carreira. Por que falar de sexo?

Geisy Arruda - Porque eu gosto de sexo. E acho muito mais fácil trabalhar com o que se gosta. Sempre falei de sexo em rodas de amigos, com os crushs, e na internet já levantava questões sobre sexualidade. Comecei a escrever contos eróticos há oito meses, como uma brincadeira, nas horas vagas. Comecei a compartilhar com meus amigos e seguidores as minhas aventuras literárias. Eu contava, "hoje estou escrevendo um conto sobre dupla penetração", "estou escrevendo sobre sexo lésbico". Começaram a me perguntar: por que você não compartilha isso com as pessoas?

No começo, tinha muita vergonha expor a minha intimidade. Querendo ou não, eu coloco no papel as minhas sensações, os meus desejos. Tem muito de mim.

Um amigo sugeriu, então, que eu fizesse um livro e me deu um prazo de quatro meses para que eu escrevesse alguns contos eróticos. É quase uma novela do Walcyr Carrasco, que pode ter parte dois, sabe? Como o fim da Josiane [a vilã da novela A Dona do Pedaço]. Não tem fim, mas tem um desfecho. Pode virar até uma saga, uma série ou filme.

O nome da minha personagem é Gisele, e ela tem muito de mim. O livro conta a história de uma mulher, assim como muitas, que só teve um homem na vida e que se casou com esse cara. Ela é traída e descobre por uma mensagem de celular. Bem típico, né? Quem nunca recebeu um chifre e pegou pelo celular? E ela resolve se vingar desse marido safado. Ela não se separa. Ela se vinga, o que é muito mais divertido do que fazer um barraco e jogar as roupas dele na rua.

A Gisele é inspirada nas suas histórias e experiências sexuais?

Todas as fotos do livro são minhas, mas a maioria tomei cuidado para não aparecer o rosto. Nunca quis separar o que é Gisele e o que é Geisy. São 11 contos, sendo que a maioria é inspirado em fatos reais. As pessoas não vão saber o que eu fiz e o que foi só a minha personagem. Os contos verídicos são exatamente como aconteceram. Sexo na Web, por exemplo, é um conto verídico. Sexo Lésbico também é verídico, só muda o motivo do sexo.

Geisy Arruda - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram
Temos em comum a personalidade. A maioria das mulheres que descobrem uma traição faz um escândalo, separa. Ela não. Ela descobriu que foi traída e foi se masturbar no banheiro. Ela percebeu que aquele homem não valia nem a raiva dela. Essa personalidade dela tem muito de mim, de ser uma mulher ousada e forte. Eu sou vingativa nessa questão. Também tenho esse sangue frio, essa destreza e essa vontade louca de experimentar coisas novas. De não ter limites. Acho que sexo não precisa ter limites. Você se doa. A única regra é se colocar em primeiro lugar e se dar prazer. Isso é amor-próprio. Eu tenho que gozar. Primeiro eu, depois você. Parece egoísta, mas não é. A gente vive em uma sociedade que não se preocupa se as mulheres estão gozando.

Como a personagem, você também já se vingou de um parceiro ou parceira?

Gosto de deixar as coisas subentendidas. Não gosto de explicar tudo. Perde a graça. Gosto de trabalhar com o imaginário. Quando eu digo vingança que eu já fiz, é de descobrir uma traição e de trair o namorado. Trair ele com um amigo ou com um cara de quem ele tinha ciúme. Ou simplesmente pegar outro cara.

Você sempre gostou de sexo, assim, tão intensamente? Até quando perdeu a virgindade?

Eu perdi com um rapaz que eu namorava e de quem gostava muito. Ele era mais velho do que eu, que tinha 13 anos. Na hora eu não sabia muito bem o que fazer. Ele foi muito carinhoso, querido, e até me deu umas dicas do que fazer. Foi muito engraçado. Ele falou: "Quando você for chupar, pensa que é um sorvete de que você gosta". Antes eu tinha muita vergonha de sexo. Depois da minha ninfoplastia, a cirurgia íntima, a minha vida mudou. De todas as cirurgias que eu fiz foi a que me tornou mais feliz.

Comecei a explorar mais o meu corpo e a minha sexualidade. Posso dizer que eu me libertei. Foi quando comecei a gostar e a ter muito orgulho da minha 'Larissinha', que eu prefiro chamar de Geisynha. Foi aí que tive o start de falar: "Que coisa mais linda, isso não pode ficar guardado".

Geisy Arruda realizou um ensaio fotográfico para seu livro erótico - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Geisy Arruda realizou um ensaio fotográfico para seu livro erótico
Imagem: Reprodução/Instagram

Recentemente você contou que perdeu 7.000 seguidores por uma foto amarrada. Por que isso chocou as pessoas?

O meu décimo conto é sobre shibari. Eu vi as fotografias e me apaixonei pela arte. Achei tão poético e lindo que comecei a estudar o assunto, BDSM [Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo] e a conversar com praticantes desse estilo de vida, que tem a dor como principal fonte de prazer. Comecei a entender o mundo delas e consegui terminar o meu conto. Foi o conto mais difícil que eu já fiz na vida. Demorei um mês. Inclusive eu mesma precisei ser amarrada. Perdi 10 mil seguidores ao total, mas já recuperei. Foram dois dias de queda brutal. A galera foi embora.

Acredito que vendemos o Brasil como sendo extremamente liberal e a mulher brasileira como um símbolo de sensualidade, mas, quando se fala de sexo no Brasil as pessoas no geral são muito reprimidas e preconceituosas. Algumas mulheres pensam em sexo como reprodução. É como se o sexo fosse só papai e mamãe. As pessoas limitam o sexo de maneira tão cruel. Como se fosse algo banal. Sexo para mim é uma arte.

Vou criar uma página, em outra rede social, chamada Proibidão da Geisy, para colocar esses conteúdos polêmicos, que chocam a sociedade. Não sei por que as pessoas não conseguem sair do quadrado onde elas se colocaram. Vai ser no Sparkle, uma plataforma da Hotmart.

Nesse processo de criação dos contos você se excitava? Sentia prazer?

Capa do livro da Geisy - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Capa do livro erótico de Geisy Arruda, O Prazer da Vingança
Imagem: Reprodução/Instagram
Sim, claro. O meu termômetro para saber se estava bom era esse. Testei todos os contos comigo e todos foram aprovados. Assistia a muitos vídeos eróticos enquanto escrevia. Lia comentários dos vídeos e me alimentava muito disso. Eu via as pessoas transando enquanto escrevia. Adoro vídeo pornô.

Um dos meus fetiches é fazer vídeos. Só faço com namorados, porque é muita exposição, a gente tem medo de perder o celular e vazar. Mas sempre tomo o cuidado de gravar alguma coisa ou outra. É algo que me excita muito.

Qual foi a sua maior ousadia no sexo e o que mais te deu prazer?

Essa história está em um dos meus contos, mas não gosto de expor minha vida dessa maneira. Depois isso repercute. As pessoas tratam de forma muito racional. Uma vez eu disse para o Danilo Gentili, numa brincadeira, que eu estava ficando com um taxista. Eu disse: "Mas foi bandeira dois". Saiu em todo lugar "Geisy Arruda paga corrida com sexo". Sendo que eu estava tendo um caso com o cara. Quando se fala de sexo, as pessoas têm uma leitura diferente. Quanto menos se expor é melhor. Escrevi o livro porque consigo contar de uma forma que não serei julgada, apedrejada e apontada na rua.

Então você se incomoda com esse linchamento moral?

Sim, me incomodo. É uma forma de me proteger. Uma vez conversei com uma moça adepta do BDSM e ela me falou isso: algumas pessoas não merecem saber. Às vezes é um desgaste que é como jogar pérola aos porcos. É abrir a sua vida para pessoas que têm muito preconceito. O livro é uma licença poética e uma forma de desabafo também.