Topo

BBB 20 completa um mês sem mulheres eliminadas: ex-sisters opinam

BBB 20 completa um mês sem mulheres eliminadas - TV Globo/Reprodução
BBB 20 completa um mês sem mulheres eliminadas Imagem: TV Globo/Reprodução

Daniel Palomares

do UOL, em São Paulo

21/02/2020 04h00

O Big Brother Brasil 20 completou um mês de exibição nesta terça-feira (18) atingindo uma marca inédita na história do reality show: pela primeira vez, nenhuma mulher foi eliminada nas primeiras quatro semanas da atração. Com exceção de Bianca, indicada pelo líder Petrix na primeira semana, nenhuma outra mulher sequer chegou a ser emparedada na casa.

Do lado de fora, as torcidas delas só aumentam. Manu, Marcela, Rafa e Gizelly acumulam milhões de seguidores no Instagram enquanto lideram a revolução contra os 'chernoboys' da casa, eliminados um a um a cada semana. Chumbo, Petrix, Hadson e Lucas desagradaram as sisters e mais ainda as mulheres que acompanham o programa e fizeram questão de tirá-los da disputa.

Dos supostos vilões da edição, só restou Prior, agora ao lado de Babu, tentando abalar a hegemonia feminina da edição. Guilherme e Daniel se dedicam a conquistar o público pelos casais formados com Gabi e Marcela, respectivamente, enquanto Pyong, considerado pela maioria dos participantes como o grande estrategista do jogo, está alinhado, por enquanto, com a maior parte das meninas.

Será que tudo se encaminha para mais uma final 100% feminina como aconteceu em 2014 e 2017? Foi o que o UOL tentou descobrir com algumas das mulheres que tiveram uma trajetória invejável dentro da casa mais vigiada do Brasil.

Amanda Djehdian, vice-campeã do BBB 15 - Iwi Onodera/UOL - Iwi Onodera/UOL
Amanda Djehdian, vice-campeã do BBB 15
Imagem: Iwi Onodera/UOL

"Tomara que seja uma final feminina!", festeja Amanda Djehdian, segunda colocada do BBB 15. "Acho que elas estão em maioria e conseguem tranquilamente fazer isso", opina a ex-sister. Na sua edição, Amanda foi um dos maiores destaques após protagonizar um romance bate-e-volta com o participante Fernando. Na final, acabou perdendo para a faceta de bom moço de Cézar Lima.

"Acredito muito que ter dado minha cara a tapa em rede nacional, fazendo o que quisesse, a hora que quisesse me ajudou muito porque se identificaram comigo", sugere Amanda, sobre seu segredo para ter ido longe no programa. "Espero que as mulheres da casa continuem unidas, expondo esses caras, falando tudo que achem necessário", aconselha a ex-sister.

A primeira mulher a vencer o BBB, Cida da Silva, só conseguiu tal feito na quarta edição do programa, em 2004. Dois anos depois, no BBB 6, Mara Viana trouxe a segunda vitória para as mulheres, algo que só se repetiria cinco anos depois, em 2011, quando Maria Melilo saiu milionária da casa.

Maria Melilo - Divulgação - Divulgação
Maria Melilo, campeã do BBB 11
Imagem: Divulgação

"Meu segredo para vencer? Foi justamente não pensar nisso. Apenas vivi cada momento intensamente!", garante Maria. E ela realmente viveu: Maria dançou, chorou, bebeu, se apaixonou por um, depois por outro e acabou caindo no gosto do público. Foi a única mulher a chegar na final naquele ano depois de ver suas amigas Talula e Jaqueline deixarem o programa ainda na metade da atração. "As mulheres estão bem mais verdadeiras e legais nesta edição. Mas já aconteceu o contrário também. Não dá para definir um perfil de quem devemos torcer", opina.

Ao longo da última década, a quantidade de campeãs mulheres aumentou exponencialmente e elas passaram a dominar o rol de vencedores. Fernanda Keulla no BBB 13, Vanessa Mesquita no BBB 14, Munik Nunes no BBB 16, Emilly Araújo no BBB 17, Gleici Damasceno no BBB 18 e Paula von Sperling, campeã do ano passado. Com perfis muito diferentes entre si, elas souberam como liquidar a concorrência e triunfar com o público.

Fernanda Keulla - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Fernanda Keulla, campeã do BBB 13
Imagem: Reprodução/Instagram

"O BBB é um jogo que não tem regras, nem roteiro. O que predomina é sempre a vontade do público e cada edição tem suas particularidades. Eu penso que o segredo é exatamente não acreditar que existe um segredo para ganhar o BBB. Nada de fórmulas prontas. O negócio é se jogar!", opina Fernanda, campeã da 13ª edição e que hoje faz a cobertura dos bastidores do programa. "Se eu tivesse que dar uma dica para alguém na casa, em qualquer edição, eu não falaria nada porque o mais legal é assistir como eles se viram num confinamento", brinca.

"Eu não usei de nenhuma estratégia. Hoje, até penso que poderia ter sido mais jogadora. Eu não fui inteligente para pensar em planos, ir melhor nas provas. Simplesmente fui quem eu era, tirei aquilo como férias. Mas que bom que deu certo!", comemora Vanessa, que no BBB 14, dividiu o pódio pela primeira vez com outras duas mulheres, Angela e Clara. Com o prêmio em mãos, ela conseguiu fundar sua ONG de apoio aos animais, a PetVan, e iniciar os estudos de medicina veterinária.

"O fato de nenhuma mulher ter sido eliminada até agora se dá ao fato de ser realmente uma geração que estamos olhando para causas importantes", sugere Vanessa. "O público tem facilidade de torcer por elas porque são coerentes, engajadas, justas. Ninguém está lá para crucificar os homens", pondera a ex-sister.

'Boys-lixo' sempre presentes

Com tanto destaque para as ações controversas do elenco masculino nesta 20ª edição do programa, fica quase difícil relembrar outras situações problemáticas das temporadas anteriores. Mas ninguém melhor do que quem passou por isso para dizer.

HADSON CONFRONTADO - TV Globo/Reprodução - TV Globo/Reprodução
Mulheres do BBB 20 se uniram para confrontar participantes machistas
Imagem: TV Globo/Reprodução

"Os caras da casa ficavam incomodados se eu ficasse andando de biquíni, achavam que eu estava fazendo aquilo para aparecer", relembra Vanessa. "Na minha edição, tive uma briga feia com o participante Luan. As pessoas acham que agressão é somente física e não é! Em um determinado momento, eu fiquei parada e ele indo em minha direção, tentando me acuar até encostar a boca dele em mim! Um ato nojento", conta. "Na época, virou meme, algo que não tinha graça. Hoje, fico feliz em ver que não estão deixando passar esses absurdos", festeja Amanda.

No BBB 12, o participante Daniel foi expulso do programa, acusado de abusar de Monique Amin, enquanto ela estava desacordada. Fora da casa, o processo foi arquivado. No BBB 17, uma discussão acalorada entre o casal Emilly e Marcos Harter também culminou na desclassificação do cirurgião do programa.

Nesta edição, Petrix teve que prestar depoimento sobre o suposto assédio que cometeu contra Bianca e Flayslane, atitude que acabou ceifando sua permanência na casa. Pyong também perdeu 600 estalecas após comportamentos abusivos com Marcela durante uma das festas.

Por quem elas torcem?

Talvez o grande segredo para a permanência de todas as mulheres no jogo até agora esteja em uma palavrinha, sucesso na boca de Manu Gavassi durante uma votação: sororidade, ou seja, a união entre mulheres. É disso que se sentia falta nas outras temporadas.

"Gostaria que tivéssemos sido mais unidas", lamenta Amanda. "Parece pouco tempo, só cinco anos, mas na época, eu nunca tinha ouvido falar em sororidade. Mal sabia o verdadeiro significado de empatia. Na minha cabeça, o feminismo era fazer o que quero, ser independente, pensar só em mim", explica.

"Não me lembro de um grande grupo de mulheres na minha edição", relembra Vanessa. "Não tínhamos essa questão de machismo e feminismo, essa defesa das mulheres. Mas eu sempre quis uma final feminina, sempre falei isso", reforça. "Essa edição atual está sendo especial nesse sentido. Essa consciência da importância da sororidade. É outra época", festeja Maria.

E para quem vai a torcida de cada uma? "Eu gosto muito da personalidade da Gizelly. Ela é explosiva, ela tem opinião, ao mesmo tempo tem um humor maravilhoso. Thelma é incrível, de uma sensatez e visão além do normal. Marcela e Mari amo também. Essas seriam minhas favoritas para vencer", declara Amanda.

Vanessa Mesquita - Keiny Andrade/UOL - Keiny Andrade/UOL
Vanessa Mesquita, campeã do BBB 14
Imagem: Keiny Andrade/UOL

"Desde o começo, eu gostava da Thelma e agora ela se destacou bastante. Torço para ela chegar ao final. Manu maravilhosa, sempre dando um show, muito engraçada. A Rafa eu não conhecia, nunca tinha me interessado por ela, mas lá dentro, ela mostrou ser uma menina muito legal. A Marcela era minha favorita, mas não gostei que ela ficou com o Daniel que é muito jogador e está a usando. Ela merece muito mais!", dispara Vanessa.

Maria prefere não declarar torcida, mas alerta as atuais sisters que só uma poderá se consagrar campeã. "Apoiem-se, mas lembrem que chegará uma hora de seguir sozinha. É um jogo, uma disputa", explica. "As torcidas são diversas e cada vez mais inflamadas, independente de ser por um homem ou uma mulher. Os participantes mais verdadeiros e autênticos traduzem a vulnerabilidade do ser humano e muitas vezes despertam a empatia de que assiste", defende Fernanda.

E será que tem chance de algum homem chegar longe? "O BBB tem um negócio chamado sorte. Às vezes, você vê uma pessoa chegar à final e se pergunta: de onde ela surgiu?", pondera Amanda. "Se algum dos homens conseguir se tornar finalista será por sorte. Por mérito ou torcida, até agora, acho difícil", conclui.