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Thelma Assis, do 'BBB 20' vê semelhanças entre ser médica e influenciadora

Do UOL, em São Paulo

08/06/2020 04h00

Usando como pano de fundo o pelicano que ganhou da produção do "BBB 20", a ganhadora da última edição, Thelma Assis, foi a personalidade da vez do UOL Entrevista, que você assiste na íntegra acima. Elegantérrima, diretamente do estúdio que montou em sua casa para atender a alta demanda por entrevistas e trabalhos pós-"BBB", disse que resolveu os impasses com Marcela Mc Gowan, mas deixa claro que próxima, mesmo, é apenas de Babu Santana, Rafa Kalimann e Manu Gavassi. No bate-papo, a sister, médica anestesista, bailarina e passista de escola de samba falou sobre como concilia todos esses lados e como eles convergiram para dar a ela o prêmio de R$ 1,5 milhão.

'BBB 20'

Eu sempre fui espectadora assídua de "BBB". Eu sempre tive um lado mais exibido, sou bailarina formada, dancei por 15 anos, passei 15 anos em contato com o palco, com as artes, com o carnaval. Eu uni essa minha vontade de aparecer ao meu lado profissional.

Eu estava com uma escala de 60 horas semanais, e eu estava vivendo para trabalhar, vivendo um círculo vicioso. Quando me deparei com essa possibilidade de participar de um reality show pensei "por que não?". Fiz um investimento de risco, dei uma pausa na minha vida profissional. Pensei: "sempre fui muito realizada profissionalmente, a Medicina foi uma grande realização, mas isso não impede que eu pause por três meses para mostrar minha história".

Desde sempre [durante a seleção para o programa], eu falei que minha qualidade a garra em todos os momentos da minha vida e me disseram que só a história de vida não seria suficiente para ganhar. Então entrou a Thelma com uma história de superação, mas também a Thelma que é médica e levou a inteligência emocional, que eu acho que é uma das peças fundamentais para sobreviver a um confinamento com pessoas tão diferentes... entrou ainda a Thelma passista de escola de samba, que é super divertida e gosta de curtir as festas e de socializar com as pessoas. Não sabia que chegaria à final, mas tinha todo esse combo para conquistar as pessoas de fora.

Competição com famosos

Se esse formato foi escolhido, é porque as 18 pessoas que estavam ali tinham a condição de competir de igual para igual, independentemente de número de seguidores. Em nenhum momento isso me amedrontou.

Para mim, o 'BBB' é uma competição em que as atitudes dentro da casa pesam mais para o público aqui fora. Eu sempre acreditei muito nisso, o fato de ter pessoas convidadas não influenciou minhas atitudes dentro da casa.

Foi um jogo onde todo mundo errou e acertou. Eu também senti que poderia ter feito algumas coisas de forma diferente, mas eu alcancei o melhor resultado possível, que era vencer o programa. Tudo aconteceu da forma que tinha que acontecer, o Monstro que eu ganhei, o que veio antes e depois desse monstro...

Na hora do jogo

O que sempre me preocupava era sair, olhar para o jogo e me arrepender de ter passado por cima de algum princípio meu, do que eu acreditava, por conta do jogo. E eu não fiz isso. Mesmo que tenha sido chamada de planta, tenha sido criticada, eu saí com a consciência limpa. Eu fui o que eu sou aqui fora. Dentro de um reality show, manter uma essência e ter o reconhecimento do público é o melhor resultado, mais do que a fama.

Momento mais difícil

Foi ter que decidir o voto entre dois amigos lá dentro, a Rafa Kalimann e o Babu. O Monstro foi um momento difícil, mas foi mais de frustração, eu estava acreditando em uma coisa e precisei passar a enxergar de outra forma.

Os dez últimos dias foram muito intensos. Muita ansiedade, um misto de felicidade com nostalgia de estar acabando, para saber o desfecho do jogo, uma ansiedade sobre o que ia acontecer, de saber em como estávamos sendo avaliados aqui fora, em ver as pessoas que a gente ama.

Como ficaram as amizades com os ex-brothers e sisters?

E eu dividi isso com o Babu, a Manu e a Rafa. A gente criou uma relação de cumplicidade muito bonita e que, graças a Deus, a gente tem mantido aqui fora. E também falo bastante com a Gabi Martins, que foram as pessoas de quem fiquei mais próxima do meio para o fim do jogo.

Eu conversei com a Marcela, tive uma conversa bem sincera, de mulher para mulher, de um lugar de admiração, para que a gente pudesse desfazer qualquer mal-entendido, e a gente segue se admirando aqui fora. A gente ainda não teve oportunidade de se falar com mais frequência, também pela correria do dia a dia, mas eu torço muito por ela.

Pandemia da covid-19

Eu pensava: "se Deus quiser, isso vai ser resolvido a curto prazo". Na minha cabeça, ao sair, já teria uma data para o fim, uma vacina praticamente engatilhada?

E quando eu saio do confinamento e me deparo com a realidade aqui e percebo o quão adaptadas as pessoas já estavam a essa nova realidade, com os cuidados com a higiene, com isso de usar máscara, de manter a distância... Mas foi um impacto muito grande, tanto lá dentro da casa quanto aqui fora. Penso que é um momento muito sensível, bem delicado, em que a gente tem que se apegar às pequenas coisas, a gente tem que buscar outras atividades que possam resgatar nossa saúde mental enquanto isso não se soluciona.

Sinônimo de representatividade

Já chegamos ao limite de qualquer tipo de discriminação. Não só contra a mulher, mas também contra os negros, por orientação sexual? acho que estamos num momento em que precisamos ter empatia. Acho que a palavra é essa.

Quando me dão essa bandeira da representatividade, eu carrego com muita honra. Enquanto houver atitudes machistas, atitudes racistas, eu quero continuar me posicionando, usando esse meu lugar de fala para defender as pessoas que se identificam comigo.

Quero servir de exemplo para meninas, tenho nos meus projetos dar palestras, incentivar, motivar. Não é fácil ser mulher, preta, pobre no nosso país, e acho que essas meninas precisam de representação. Vale se inspirar em pessoas que alcançaram seus objetivos e acreditar que elas também podem.

Vida de influenciadora x vida de médica

É uma responsabilidade muito grande, mas acho que meu lugar de fala também tem a ver com a Medicina. Numa pandemia como a que estamos vivendo, em que as pessoas precisam de orientação, de uma motivação... tenho usado meu espaço como influenciadora para orientar as pessoas e passar uma mensagem positiva.

As duas coisas casam totalmente, e dá para conciliar, sim. Eu já conciliei outras situações na minha vida. Acho que quando a gente se propõe a fazer, a gente tem que fazer bem feito. Eu amo a Medicina, quero voltar a anestesiar e quero ser a melhor anestesista que puder ser no meu dia a dia. E como influenciadora quero sempre valorizar esse papel e nunca perder a noção da responsabilidade.

Quais são as responsabilidades de uma influenciadora?

A gente tem que ter responsabilidade com o que a gente fala. Saber que uma fala vai estar sendo ouvida ou mesmo ter um posicionamento adotado por várias pessoas que se identificam comigo. Mas a gente é humano. Errar é humano. Quando você comete um erro nesse meio de influenciadores é importante reconhecer e se retratar. Isso já aconteceu em várias situações, e é uma atitude super-válida.

Faz parte errar para mostrar que somos humanos, a internet nos coloca de uma forma como se a gente vivesse fora da realidade. Quero me mostrar como uma pessoa comum, com uma pessoa que tem seus problemas. Acho que as pessoas vão se identificar muito mais.

Projetos futuros

Tenho o sonho de ter um apartamento próprio, mas nesse momento a atitude mais inteligente é investir esse dinheiro e fazer com que ele renda, para depois realizar esse sonho. Então estou dando um passo de cada vez. Estou absorvendo todas as oportunidades positivas que as pessoas têm me dado, quero continuar assim. Aos poucos quero retomar meu trabalho como anestesista, mas não com a mesma intensidade, não com a mesma carga horária, para poder conciliar com esse papel de influenciadora e formadora de opinião.

Tenho muita vontade de entrar na fila de adoção, que é um processo um pouquinho mais demorado, então já quero dar um 'start', nisso, mas biologicamente eu vou esperar pelo menos mais um ano.