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Carla Vilhena: 'Quase nenhuma jornalista passa dos 50 anos no ar'

A jornalista Carla Vilhena - Arquivo pessoal
A jornalista Carla Vilhena Imagem: Arquivo pessoal

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/07/2020 04h00

"É só ligar a TV para ver a diferença de tratamento entre homens e mulheres." A fala é de Carla Vilhena, que foi apresentadora dos jornais "Hoje", "SPTV", "Bom Dia SP", repórter especial do "Fantástico", e deixou a Globo em dezembro de 2018. A jornalista é a convidada do podcast UOL VÊ TV #37, que discute denúncias recentes de assédio moral e sexual, feitas por apresentadoras de telejornais, além de casos de racismo, homofobia e gordofobia na TV (disponível no vídeo a partir de 8:35).

"Quantos homens têm mais de 70 anos e estão trabalhando? Uma vez eu estava numa conversa sobre outros motivos com um advogado e ele virou para mim e disse que eu podia ficar tranquila porque era uma profissional competente. Mas nenhuma passa dos 50 no ar. Ele falou: 'não é possível'. Ficou uns 15 minutos tentando se lembrar de alguém. Ana Maria Braga não é jornalismo."

Mariana Godoy já usou o termo "idade de corte" para se referir ao assunto, lembra Stycer. "É mais ou menos a mesma impressão", diz o colunista do UOL.

Para Carla, "as pessoas não compreendem muito que homens têm uma história e mulheres não têm uma história". "Televisão é familiaridade. A gente se sente confortável de ver aquela pessoa todos os dias. Você liga a TV e sabe o que vai acontecer, vendo um rosto conhecido. Por que isso não acontece com as mulheres de determinada idade?", questiona.

Débora cita Renata Lo Prete, 55 anos, como exemplo de jornalista respeitada (a partir de 29:57).

"O mundo está mudando", diz Carla. "A Renata Lo Prete vem de outro meio, do jornalismo impresso, e conseguiu entrar em um meio difícil que é a TV. Houve momentos incríveis em que ela colocou o posicionamentos de uma mulher que está lá pela inteligência e capacidade profissional. Nós temos sido privados disso ao longo dos anos."

Você pode ouvir o programa UOL Vê TV no Spotify, no Apple Podcasts ou em outros aplicativos de podcasts. No Youtube, a gravação do programa também é transmitida em vídeo.