Constantino diz que foi demitido da Record por pressão de anunciantes
Após ser desligado do quadro de colaboradores da Record — conforme adiantou a coluna de Maurício Stycer —, o jornalista Rodrigo Constantino afirmou que a decisão da emissora foi causada por pressão dos anunciantes. Ele já havia sido demitido pela Jovem Pan ontem.
Em publicação feita em seu Twitter, Constantino criticou a pressão — a que chamou de "tática fascista" — e afirmou que o departamento comercial da Record "pediu arrego".
"A Record foi mais um veículo que não aguentou a pressão. O departamento comercial pede 'arrego', pois recebe pressão de fora, dos chacais e hienas organizados, dos 'gigantes adormecidos'. Sim, perdi mais um espaço, mas sigo com minha total independência e com minha integridade", escreveu.
O motivo das demissões
As demissões foram motivadas por um comentário que o jornalista fez sobre o caso de Mariana Ferrer — que foi vítima de estupro enquanto estava bêbada e viu o acusado do crime ser inocentado.
Ele disse que, se isso acontecesse com a filha dele, ela seria castigada — e ele não denunciaria o agressor para a polícia.
"Se minha filha chegar em casa, e eu dou uma boa educação para que isso não aconteça, mas a gente nunca controla tudo, se ela chegar em casa um dia dizendo 'pai, fui numa festinha e fui estuprada', eu vou pedir as circunstâncias", começa Constantino no discurso.
"'Fui para uma festinha, eu e três amigas, tinha dezoito homens, nós bebemos muito e eu estava ficando com dois caras e acabei dormindo lá e fui abusada', ela vai ficar de castigo feio. Eu não vou denunciar um cara desses para a polícia, eu vou dar um esporro na minha filha. Porque alguma coisa ali ela errou feio, e eu devo ter errado para ela agir assim", continuou o comentarista.
Na sequência de tweets, Constantino relatou que ganhou 25 mil inscrições em seu canal do YouTube e 5 mil seguidores no Twitter desde ontem, apesar das demissões.
Nota da Record
A demissão de Rodrigo Constantino foi confirmada pela Record. Em nota, a emissora atribuiu o desligamento às "posições que o profissional assumiu publicamente sobre violência contra a mulher".
O jornalismo dos veículos do Grupo Record tem acompanhado com muita atenção o caso de Mariana Ferrer e o Grupo não poderia, neste momento, deixar qualquer dúvida de que justiça não se faz responsabilizando ou acusando aqueles que foram vítimas de um crime.
"Apesar de ter garantias de liberdade editorial e de opinião, julgamos que o posicionamento adotado por Constantino não compactuou com o nosso princípio de não aceitar nenhum tipo de agressão, violência, abuso, discriminação por questões de gênero, raça, religião ou condição econômica", continua a nota. "Este é o compromisso do jornalismo do Grupo Record."
O caso Mariana Ferrer
O processo criminal envolvendo o empresário André Camargo de Aranha e a promoter Mariana Ferrer, no qual ele foi acusado de estuprá-la, causou indignação nas redes sociais. Segundo Ferrer, o estupro ocorreu em dezembro de 2018 durante uma festa em um clube de luxo em Florianópolis. Ela diz que havia bebido e que, posteriormente, foi dopada e estuprada por Aranha. Ele nega o crime. O empresário foi inocentado pela Justiça, a pedido do Ministério Público, órgão responsável pela acusação.
No julgamento, em que Ferrer acusa o empresário André Aranha de estupro, a vítima foi humilhada pelo advogado de defesa diante do juiz. Em certo momento, Ferrer pede respeito e aponta que estava sendo tratada como acusada, não como vítima. Aranha foi inocentado e prevaleceu a tese de "estupro sem intenção", em que o empresário não teria como saber da falta de consentimento da vitima.
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