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Caso Melhem: 'Homens devem fazer exame de consciência', defende ativista

Do UOL, em São Paulo

04/12/2020 15h15

O caso de assédio sexual envolvendo o ex-diretor da área de humor da Globo, Marcius Melhem, dominou as discussões das redes sociais após a publicação da matéria da revista Piauí hoje. Em entrevista ao vivo no UOL, Mayra Cotta, advogada das vítimas, e Manoela Miklos, cientista política e ativista, falaram sobre como os homens podem colaborar quando percebem situações de abuso com colegas mulheres.

"A primeira ação é o apoio e a escuta. É mais fácil ignorar, fingir que nada está acontecendo. Reconhecer que isso é um privilégio dos homens. Um ambiente de trabalho que tem casos de assédio sexual é uma forma de privilégio masculino. Se trata de abrir mão do privilégio", afirma Mayra.

"Não esperar que saia na 'Piauí' com detalhes gráficos. Quando lemos uma matéria com detalhes monstruosos, fica mais fácil mobilizar a indignação. Mas ela deve vir na primeira vez que um homem passa a mão na cintura de uma mulher", continua a advogada.

Manoela defende que os homens devem tentar perceber situações de abuso ao seu redor, especialmente em ambientes corporativos, onde eles ocupam, geralmente, as posições de liderança.

"A gente vive num mundo muito desigual. Num ambiente corporativo, temos muitos homens em posição de liderança. Você, homem, que goza destes privilégios, precisa fazer um exame de consciência e um exame do seu entorno. Tudo bem não ter respostas, não é para pensar isso sozinho. Nós estamos todos aqui. Se as conversas difíceis forem tidas de maneira produtiva, vão nos levar além. Pensem sobre si, sobre as mulheres vulneráveis em torno de você", reforça.

Durante a entrevista no UOL, Mayra e Manoela comentaram sobre a seriedade das denúncias das mulheres. "A meu ver, como advogada, o que está descrito na matéria vai além do assédio sexual. É uma tentativa de estupro", avalia Mayra.

Elas também esclareceram que não têm o objetivo de acabar com a reputação de Melhem: "Não queremos acabar com a vida de ninguém".