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Policial conta detalhes de interrogatório com Charles sobre morte de Diana

Princesa Diana e príncipe Charles no anúncio de seu noivado - Tim Graham/Getty Images e
Princesa Diana e príncipe Charles no anúncio de seu noivado Imagem: Tim Graham/Getty Images e

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

18/06/2021 22h05

Lord Stevens, ex-chefe de polícia, revelou os motivos e detalhes do interrogatório que fez com príncipe Charles sobre as alegações de que ele teria planejado matar a princesa Diana, segundo informações do Daily Mail.

A ocasião, mantida em sigilo até o momento, aconteceu em dezembro de 2005 no Palácio de St. James em Londres, durante uma investigação chamada "Operação Paget" sobre a morte de Diana, que durou três anos e foi liderada por Lord Stevens. A princesa faleceu após um acidente de carro em Paris em 1997.

Charles foi questionado sobre um bilhete que Diana escreveu em outubro de 1995, dois anos antes de sua morte, afirmando que ele estava planejando um acidente com o carro para que pudesse se casar com a ex-babá de seus filhos, Tiggy Legge-Bourke:

Estou sentada aqui em minha mesa hoje em outubro, desejando que alguém me abrace e me encoraje a me manter forte e manter minha cabeça erguida. Esta fase particular da minha vida é a mais perigosa — meu marido está planejando um acidente no meu carro. Falha no freio e sério ferimento na cabeça para deixar o caminho livre para ele se casar com Tiggy. Camilla nada mais é do que um engodo, por isso estamos sendo usados pelo homem em todos os sentidos da palavra. Princesa Diana

Na época, Stevens disse que ele e sua equipe de detetives não tinham ideia do que havia deixado a princesa Diana tão preocupada com sua segurança. Charles, que foi interrogado como testemunha e não como suspeito, não soube explicar por que sua ex-mulher escreveu o bilhete.

O interrogatório aconteceu apenas na presença de Lord Stevens e de seu detetive sênior. Para evitar vazamentos e especulações, apenas príncipe e seu secretário particular sabiam da reunião.

Em uma sala apenas com os quatro, Stevens leu o bilhete em voz alta e questionou o que teria levado Diana a escrever o bilhete. "Eu não sabia nada sobre [o bilhete] até que ele ser publicado na mídia", afirmou Charles na ocasião.

"Você não discutiu este bilhete com ela, senhor?", questionou Stevens. "Não, eu não sabia que existia", respondeu o príncipe, que afirmou que não sabia o que levou Diana a sentir o que expressou na nota.

Hoje, Lord Stevens sugere que o ex-jornalista da BBC Martin Bashir, para quem Diana concedeu uma entrevista em 1995, pode ter explorado sua vulnerabilidade e a deixado paranoica sobre sua segurança na época em que escreveu o bilhete.

Agora aposentado, o ex-chefe de polícia lamentou por ele e sua equipe não terem interrogado o jornalista durante a "Operação Paget". "Se houvesse uma alegação de que Bashir havia apresentado documentos supostamente falsos para a princesa Diana, o que é um crime, teríamos investigado. Meu Deus, teríamos feito. Mas isso só saiu recentemente, o que é lamentável", afirmou para o Daily Mail.

Não sabemos o que Bashir estava dizendo a Diana. Mas, se ele colocou em sua mente os temores que a levaram a escrever aquele bilhete, então foi isso que nos levou a entrevistar Charles. Quando assistimos à entrevista no início da investigação, não passou pela nossa cabeça que Bashir pudesse ter feito algo fraudulento. Afinal, era a BBC, era o seu programa principal e estava sendo transmitido para o mundo. Não houve nada dito na entrevista que não soubéssemos até então. O que não sabíamos, é claro, era como Bashir conseguira isso. Lord Stevens

Stevens explicou ainda o porquê de demorarem dois anos de investigação para interrogar Charles.

"Foi a sequência natural dos eventos. Sim, alegações foram feitas sobre o príncipe e outros membros da realeza, mas tivemos que encontrar ou examinar as evidências [existentes] antes de abordá-lo com perguntas formais. Não encontramos nenhuma outra evidência para apoiar o cenário sugerido na nota de Diana. Ficamos com o bilhete, o que por si só não era suficiente para tornar Charles um suspeito formal", disse.

A cópia original da nota se encontra hoje em um departamento de arquivos nacional da Inglaterra em Kew, cidade ao sudoeste de Londres, e estará disponível para exame público após 2038. A localização do bilhete original escrito por Diana não foi informada pela equipe da investigação.

A "Operação Paget" interrogou também Mohamed Al Fayed, pai de Dodi Al Fayed, namorado de princesa Diana, e tentou interrogar o príncipe Philip, que faleceu em abril aos 99 anos. Philip se recusou a comentar as acusações de Mohamed de que ele teria sido um dos nomes por trás do suposto assassinato de Diana.