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Viúvo de Artur Xexéo lamenta morte: 'Anestesiado pela realidade'

Artur Xexéo e o marido, Paulo Severo - Reproduçao/Twitter
Artur Xexéo e o marido, Paulo Severo Imagem: Reproduçao/Twitter

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/06/2021 16h49

Paulo Severo, o viúvo de Artur Xexéo, que faleceu ontem aos 69 anos após cravar uma luta contra um câncer tipo linfoma não-Hodgkin de células T, desabafou hoje sobre a perda do marido.

Em suas redes sociais, Paulo fez um desabafo sobre a vida e disse ainda "não ter caído na real" para o acontecido:

"Estou anestesiado pela realidade. Eu perdi meu companheiro na acepção da palavra. E minha vida, como a conheço, agora se foi", iniciou ele.

"Vida que segue e se impõe de maneira impositiva. A vida é má, a gente que não se dá conta. O show tem que continuar", continuou.

"Obrigada a todos que estão solidários comigo. Isso não tem preço. Artur não tinha preço. A vida não tem preço", finalizou Paulo.

Anúncio da morte

A informação foi confirmada pela GloboNews, canal em que ele era comentarista de cultura e cotidiano. Xexéo deixa marido, de acordo com o canal.

O jornalista descobriu um câncer tipo linfoma não-Hodgkin de células T há duas semanas. Ele estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio. Colegas, artistas e políticos homenagearam Xexéo.

Maria Beltrão, apresentadora do "Estúdio I", que contava com os comentários de Xexéo, contou que o jornalista sofreu uma parada cardíaca na última sexta-feira (25).

Beltrão acompanhava a saúde de Xexéo de forma mais próxima. Em abril, na cerimônia do Oscar, ele já "estava mal e não sabia o que era", de acordo com a apresentadora.

"Ele ficou muito abalado e muito preocupado. Ele estava tão preocupado com essa pandemia e com tanta vontade de voltar a trabalhar", contou, emocionada.

Beltrão também compartilhou um momento da amizade dos dois nos últimos dias: "Ele não fala sempre comigo, mas eu mandava mensagem todo dia. E ele sabia que eu ia continuar mandando mesmo. De vez em quando, ele respondia", relembrou.

Ancelmo Gois, colunista do Jornal O Globo, exaltou as qualidades do amigo em meio a um momento em que "o país está vivendo sob o reinado da ignorância":

O Brasil perde uma pessoa que é exatamente o contrário. Uma pessoa da inteligência, da cultura, do saber, do conhecimento. E ele realmente olhava esse quadro nacional com o seu olhar muito especial e perspicaz."

Carreira na cultura e no jornalismo

Artur Xexéo era carioca e formado em jornalismo pela Facha. Seu primeiro estágio na área foi no Jornal do Brasil. Passou também pelas revistas Veja e IstoÉ. Foi editor do Segundo Caderno, do jornal O Globo, até tornar-se colunista.

Desde 2015, após a morte do ator José Wilker, Xexéo era comentarista da premiação do Oscar na TV Globo. É autor de "Janete Clair: a usineira de sonhos", biografia sobre a autora de novelas. Também escreveu o livro "O torcedor acidental", uma série de crônicas sobre suas coberturas das Copas do Mundo de futebol masculino.

Xexéo também era um profissional do teatro. Escreveu os musicais "A Garota do Biquíni Vermelho" (2010), "Nós Sempre Teremos Paris" (2012) e "Minha vida daria um bolero" (2018). Foi responsável pela dramaturgia do musical "Cartola - O mundo é um moinho". No Brasil, foi responsável pela adaptação da peça estadunidense "A cor púrpura". As informações são do acervo Memória Globo.