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Zezé Motta: 'Chegar em certa idade é vitorioso, mas é também ficar órfão'

Zezé Motta - Mariama Prieto/Divulgação
Zezé Motta Imagem: Mariama Prieto/Divulgação

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/08/2021 17h24

Aos 77 anos, Zezé Motta refletiu sobre o processo do envelhecimento em entrevista para a Vogue. A atriz se mostra grata e feliz por poder comemorar tantos anos vividos. Mas revelou a dor que chegar a essa idade trouxe consigo: ver tantas pessoas e lugares que ela ama desaparecerem.

"É simples, se não envelhecer vai morrer cedo! Precisa desenhar? Quem em sã consciência gostaria de partir dessa para uma outra de forma tão prematura? Eu adoro viver e viver é envelhecer", começa Zezé, deixando já claro que não renega a idade. Mas continua: "Descobri que, além de todas as fases da vida que passamos, quando você ultrapassa a casa dos 70, começa a ficar órfão. Eu e meus 77 anos colecionamos casos assim".

"Chegar em uma certa idade é algo vitorioso, mas é também ficar órfão. Órfão de amigos da infância, de colegas do ginásio colegial, do curso de teatro, do inglês, órfão de lugares que você frequentou, órfão de um mundo e de uma geração inteira que você viu e que não existe mais. Eu sou uma mulher órfã de quase tudo isso e ainda da minha saudosa mãezinha e do meu amado pai. Essa é a lei da vida e ninguém disse que o paraíso era aqui", reflete a atriz. Ela perdeu a mãe e o irmão para a covid-19.

"Não estou falando de saudosismo e nem deixando de encarar o novo - sou uma mulher moderna, tá? -, as evoluções, o século XXI", reforça. "Saúdo a praticidade, a tecnologia e tudo de novo e melhor que a vida nos apresenta. Estou apenas me referindo ao que a vida já me entregou um dia, e que simplesmente, do nada, em um piscar de olhos e um passar do tempo, essas coisas físicas desapareceram para sempre".