Jornalismo ao vivo ainda é a melhor arma da TV para se mostrar útil
Este texto, originalmente, foi acessado por quem está inscrito na newsletter UOL Vê TV, que é enviada às quintas-feiras por e-mail. Para receber, gratuitamente, é só se cadastrar aqui.
Walter Clark (1936-1997) dirigia a Rede Globo havia três meses, em fevereiro de 1966, quando uma enchente provocou danos terríveis ao Rio de Janeiro. O executivo, então, determinou que a emissora interrompesse a sua programação normal para se dedicar à cobertura dos danos causados pela chuva.
Este episódio integra os anais da Globo menos pelos resultados de audiência alcançados e mais pelo retorno de imagem que conseguiu junto ao público. Inaugurada em abril de 1965, a emissora era, então, a menos assistida na cidade, atrás das TVs Rio, Excelsior e Tupi. Os três dias de cobertura intensiva da enchente ajudaram a Globo a conquistar a simpatia dos espectadores.
Mais de 50 anos depois, a lição daquele episódio permanece válida. Não existe nada mais impactante para o espectador do que jornalismo feito ao vivo nos momentos em que as notícias explodem.
Dois episódios esta semana ofereceram a oportunidade para as emissoras mostrarem a razão real de estarem no ar. Entre a noite de domingo (10) e a manhã de segunda-feira (11), as chuvas que castigaram São Paulo causaram 12 mortes e estragos incalculáveis. Na manhã de quarta-feira (13), dois atiradores atacaram uma escola em Suzano (SP), matando oito pessoas antes de se suicidarem.
Globo e Record entenderam o momento e se destacaram na cobertura de ambas as tragédias. Na segunda-feira, a primeira derrubou todos os seus programas matinais e alguns vespertinos para permanecer no ar, de forma contínua, com o seu jornalismo. A segunda, que já faz isso com alguma frequência, também cobriu exaustivamente a enchente.
Como informou o site Notícias da TV, a Globo foi recompensada com índices de audiência recordes. O SBT só alterou a sua grade às 15h, depois que as duas concorrentes voltaram à programação normal. A emissora de Silvio Santos exibiu a cobertura das chuvas dentro do programa "Fofocalizando".
Na quarta-feira, novamente, a Globo alterou a sua programação em São Paulo e tirou do ar várias atrações vespertinas para ficar, ao vivo, com jornalismo. A Record, igualmente dedicada, festejou a melhor audiência da história do "Balanço Geral" e o sucesso do "Cidade Alerta", que ficou na liderança por 32 minutos. A Band cancelou seu programa esportivo para permanecer com o jornalismo. Hesitante, o SBT interrompeu a cobertura jornalística que fazia pela manhã para exibir o infantil "Bom Dia & Cia". À tarde, novamente, abriu uma janela em seu programa de fofocas para o repórter Roberto Cabrini entrar ao vivo de Suzano.
O ponto fora da curva nesta cobertura coube à Band. No início da tarde, o programa de Cátia Fonseca, "Melhor da Tarde", escalou um repórter para entrar ao vivo entrevistando Otavio Mesquita, com a missão de mostrar os dados causados pela chuva na mansão do apresentador. Um erro em matéria de prioridades.
Num momento em que o público é distraído por tantas outras opções de entretenimento, a TV aberta mostra a sua utilidade quando faz algo que diz respeito diretamente a quem está assistindo. Mais uma vez esta lição foi cristalina.
Veja também
Erros e excessos da cobertura da tragédia são minoria, mas imperdoáveis
Stycer recomenda
. Maisa diz que incluirá minorias em novo programa: "Padrão de família mudou"
. Atual governo fornece munição para muitos anos de "Isso a Globo Não Mostra"
. "Não saí da Record pra ir pra Globo", diz Fábio Porchat
. "The Voice Kids" é disputa desigual e injusta, mas o que vale é a "fofura"
O melhor da semana
Sob risco de ser engavetada, novela de Manuela Dias é confirmada na Globo
O pior da semana
TNT Brasil muda diálogos de "Brooklyn Nine-Nine" para citar Bolsonaro
Sobre o autor
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.