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Interesse pelo futebol feminino produz recordes na TV aberta

Mauricio Stycer

23/06/2019 05h01

Nos dias de hoje, o espectador já tem ferramentas para assistir na hora em que bem entender a quase todo conteúdo produzido pela televisão. Com a ajuda dos dispositivos de gravação oferecidos pelas operadoras de TV paga, ou recorrendo aos serviços streaming e aos sites das emissoras, você pode ignorar a grade de programação e ver o capítulo da novela, o programa de auditório, o filme, a série e mesmo o telejornal quando quiser.

Essas possibilidades colocam em questão a chamada TV linear, tal como a conhecemos. Tanto as métricas de audiência quanto o alcance das publicidades são afetados no momento em que o espectador deixa para assistir depois ao que foi exibido em determinado horário.

Mas há algo que permanece com muita força na velha televisão. São as transmissões esportivas ao vivo. Primeiro, porque os esportes, e em especial o futebol, mobilizam as pessoas de forma extraordinária. E segundo, porque uma disputa esportiva só tem graça de ver na hora em que vai ao ar – apenas uma minoria gosta de assistir a jogos de futebol já sabendo do resultado.

Negócio para gente grande, pelos valores envolvidos (na casa dos bilhões de reais), a compra de direitos esportivos é dominada no Brasil pela Globo. Algumas concorrentes têm atuado nas franjas, adquirindo alguns pedaços, como ocorreu recentemente com as finais da NBA, exibidas pela Band, e com a RedeTV!, mostrando jogos de futebol da Copa Sul-americana e do Italiano.

Nestas últimas duas semanas, a importância do esporte para a TV aberta foi observada em uma fronteira pouco explorada: o futebol feminino. As partidas da seleção brasileira na Copa do Mundo, na França, têm produzido excelentes resultados para a Globo e a Band. A vitória da Austrália sobre o Brasil chegou a elevar a audiência da emissora carioca em 55% numa quinta-feira à tarde. A vitória do time de Marta sobre a Itália também teve resultado expressivo no Ibope.

Transmitindo futebol feminino pela primeira vez, fora dos Jogos Olímpicos, a Globo investiu na equipe, o que incluiu a escalação de uma comentarista, Ana Thais Matos, e repórteres do sexo feminino na cobertura. Só faltou, como fez a Fox na Copa da Rússia, apostar em narradoras.

Ainda que inferiores aos números de audiência da seleção masculina na Copa América, acredito que os resultados alcançados com o futebol feminino devem servir de estímulo para outros investimentos com esportes na TV aberta.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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