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Mauricio Stycer

Em busca da grade ideal, Record altera todo o seu horário nobre

Adriana Araújo e Celso Freitas, os apresentadores do Jornal da Record  - Reprodução/Record TV
Adriana Araújo e Celso Freitas, os apresentadores do Jornal da Record Imagem: Reprodução/Record TV

Colunista do UOL

17/11/2019 05h01

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A revolução digital permitiu ao espectador ver televisão em qualquer plataforma (smartphone, laptop, computador etc) na hora em que bem entender. Muita gente acreditou que estas facilidades (serviços de streaming, gravadores digitais) decretariam o fim da TV linear, ou seja, do hábito de assistirmos à programação na hora determinada pelas emissoras.

Por vários motivos, de ordem econômica, isso ainda não aconteceu plenamente no Brasil. Aqui, a TV aberta ainda dá as cartas, reinando em matéria de audiência e publicidade, e estabelecendo horários rígidos para o espectador - a chamada grade de programação.

O princípio por trás da grade era a criação do hábito. No caso da Globo, por exemplo, há cerca de 50 anos o seu horário nobre, entre 19h30 e 22h15, não muda, formado pela trinca novela-telejornal-novela.

A Record, a partir dos anos 1990, apostou numa grade com elementos semelhantes à da Globo, mas com horários alternativos aos da rival. A última alteração importante foi feita em março de 2015, com a estreia de "Os Dez Mandamentos". A nova faixa de novelas bíblicas empurrou o principal telejornal da emissora para as 21h30.

Deu certo por alguns anos, mas a baixa audiência das últimas tramas ("Jesus", "Jezabel" e a reprise de "O Rico e Lázaro") somada ao sucesso da mais recente novela das 21h da Globo ("A Dona do Pedaço") derrubou o Ibope do "Jornal da Record" a níveis constrangedores - abaixo dos 5 pontos, em São Paulo.

No próximo dia 2 de dezembro, a emissora promove uma mudança radical. O "JR" passa a ser exibido às 19h45, logo após o "Cidade Alerta". Continua valendo princípio de "contra-grade" (o telejornal vai se opor à novela das 19h30 da Globo), mas em uma competição supostamente menos complicada.

Com a mudança, "Topíssima" muda de horário justamente na sua última semana de exibição - sai de 19h50 (com média de 8,6 pontos, turbinada pela audiência do "Cidade Alerta") e vai para as 20h30. A emissora acredita que o espectador vai aceitar esta mudança e, de quebra, já conhecerá o horário de "Amor Sem Igual", a trama que a sucederá.

Por fim, a faixa das novelas bíblicas é empurrada para as 21h30, num sinal da sua perda de prestígio. É neste horário que passará a ir ao ar a reprise de "O Rico e Lázaro" e, a partir de abril de 2020, a nova "Gênesis".

A emissora ainda vai demorar para saber se esta "reengenharia" funcionará, ou não. Em todo caso, o episódio mostra como este conceito de grade ainda é determinante na indústria de TV brasileira.

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